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22 A 26/8 – Docentes aprovam, em Assembleia Geral da ADUFC, semana de paralisação em defesa da universidade pública

Fotos: Nah Jereissati/ADUFC-Sindicato

Professoras e professores deliberaram, em Assembleia Geral da ADUFC na última quarta-feira (29), a realização de uma semana de paralisação, de 22 a 26 de agosto, em defesa da universidade pública. O encontro ocorreu no Bosque de Letras da Universidade Federal do Ceará (UFC) e debateu a extensa pauta de reivindicações, entre as quais a luta contra os cortes na educação e a privatização das universidades públicas, bem como a reposição salarial dos servidores públicos federais. Durante a semana, o indicativo de greve da categoria será votado em assembleia. Também foi aprovada na AG moção de repúdio à corrupção no Ministério da Educação (MEC). 

Docentes compartilharam na Assembleia Geral impressões sobre o momento atual da luta docente. O presidente da ADUFC, Prof. Bruno Rocha, fez uma avaliação do cenário e partilhou as deliberações do movimento nacional, com relatos de reuniões e mobilizações que tem acompanhado em Brasília. “Estamos passando por cortes na educação, desmantelo da ciência e tecnologia, falta de reajuste para os servidores. Esse cenário é terrível para a universidade e não melhora”, destacou o docente.

Muitos dos relatos convergiram para um ponto de vista: é urgente a finalização do processo de filiação da ADUFC ao ANDES-SN. “Nossa categoria é nacional e é urgente que a ADUFC se filie ao ANDES-SN. Não temos condições nem de votar”, disse o Prof. Gerardo Vasconcelos, do Departamento de Fundamentos da Educação (Faced/UFC). “Os motivos para uma greve são inúmeros: corte de verbas, falta de democracia. Então a gente só faz greve nos governos de esquerda? Agora estamos em um governo fascista, negacionista e ninguém faz nada?”, questionou.

Para o Prof. Bruno Rocha, a situação da UFC é ainda mais grave por contar com uma administração superior que não apenas é alinhada ao governo federal como camufla os impactos dos ataques de Bolsonaro à instituição. “O interventor nem sequer reconhece os cortes na universidade. Já mostramos cortes de terceirizados na Faced, no Centro de Ciências, no ICA, a tragédia que é a manutenção no Instituto de Educação Física e Esportes, mas, para a intervenção, está tudo bem”, ressaltou o presidente da ADUFC, referindo-se à série de reportagens da entidade denunciando o sucateamento na UFC

A Profª. Lena Espíndola, diretora de Assuntos de Aposentados da ADUFC, lembrou do papel histórico das greves e mobilizações na conquista de direitos da classe trabalhadora. “Foi graças às nossas greves que hoje temos uma geração presente na luta e dando continuidade à defesa de uma universidade pública, gratuita e de qualidade. Temos a missão de mostrar isso às gerações mais recentes”’, defendeu. “O que está sendo interpretado como desmobilização é, na verdade, a construção de uma mobilização”, apontou.

A semana de paralisação deve ser construída juntamente com os demais setores representativos da universidade – servidores técnico-administrativos e estudantes -, contando com a realização de atividades como aulas públicas e visitas às salas de aula, por exemplo. Representantes do movimento estudantil participaram da assembleia da ADUFC como convidados e garantiram apoio ao sindicato.  A semana de paralisação aprovada para agosto também foi fomentada pela pauta unificada da educação federal, cujas reivindicações foram protocolizadas no MEC no último dia 14 de junho.

“O arrocho salarial é grande, mas temos outras pautas que podem agregar os setores da sociedade à mobilização. A UFCA perdeu R$ 2 milhões em cortes e tem mais de R$ 1 milhão bloqueado. O que não falta são motivos para a gente se mobilizar. Estudantes vão apoiar se conseguirmos fazer paralisações e dias de luta”, garantiu Levi Rabelo, do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Cariri (UFCA), que participou por videoconferência. O estudante Rodrigo Nogueira, do curso de Psicologia da UFC e integrante do Movimento Correnteza, também ofereceu apoio à mobilização.

Docentes repudiam corrupção no MEC e cobram investigação rigorosa 

A Assembleia Geral da ADUFC também aprovou moção de repúdio contra os escândalos de corrupção no MEC e o envio do texto para o presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, reforçando a cobrança pela abertura da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os crimes denunciados pela Polícia Federal. O episódio culminou na ordem de prisão preventiva do ex-ministro Milton Ribeiro, no último dia 22 de junho. 

“Considerando o impacto desses fatos sobre a campanha à reeleição e o desespero de Bolsonaro para se manter no poder, é de se esperar que aja de todas as formas para ocultar os crimes cometidos na gestão da pasta. Reforçamos, também por isso, a necessidade de que o presidente do Senado instale imediatamente a CPI cujo pedido foi protocolado, com assinaturas de 31 senadores, garantindo, assim, apoio e suporte político aos trabalhos investigativos da Polícia Federal”, diz a nota. 

Além da moção do MEC, foi aprovada nota de repúdio contra o recém-exonerado presidente da Caixa Econômica Federal, Pedro Guimarães, acusado de assédio por diversas mulheres da instituição. Além de pressionar subordinados com demissão, ele usava a proximidade com Jair Bolsonaro para garantir o silêncio dentro do banco, segundo os relatos.

No início da assembleia, integrantes da Diretoria da ADUFC deram informes aos docentes. A Profª. Gisele Lopes falou sobre o projeto de instalação de energia solar no sindicato, aprovado na mais recente reunião do Conselho de Representantes, no dia 21 de junho. A medida deve ser adotada com foco na economia de recursos e visando à sustentabilidade ambiental. Já o Prof. Bruno Rocha relatou o Ocupa Brasília, no dia 14 de junho, do qual a ADUFC participou com comitiva de professores, numa articulação com o ANDES-SN.

A vice-presidente da ADUFC, Profª. Irenísia Oliveira, informou sobre o novo capítulo da intervenção da reitoria da UFC na Rádio Universitária FM. Após a demissão do Prof. Nonato Lima da direção da rádio por censura, em maio último, a UFC tenta implementar parceria com a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC) para substituir quatro horas da grade diária da rádio pela programação da emissora nacional – que hoje passa por intervenção do governo Bolsonaro. A medida foi recebida com resistência pelo corpo de funcionários da RUFM, que assinou uma carta repudiando a ação. Em nota, a reitoria da UFC respondeu que a assinatura do convênio não ocorreria nesta quinta-feira (30), como estava previsto, mas não detalhou a “visita de cortesia” de integrantes da EBC realizada hoje.

Seção sindical dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará

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