Professores e professoras da ADUFC-Sindicato se somaram aos milhares de manifestantes que ocuparam a Praça da Bandeira, em Fortaleza, na manhã desta quinta-feira (11), para defender a democracia, o sistema eleitoral brasileiro e eleições livres. Em frente à Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC), o juiz aposentado Inocêncio Uchôa, da Associação Brasileira de Juristas Pela Democracia (ABJD), leu a Carta da Coalizão em Defesa do Sistema Eleitoral, repetindo o ritual que ocorreu em diferentes capitais do Brasil, como São Paulo, Rio de Janeiro, Recife, Brasília, Florianópolis, Porto Alegre e Teresina.
“Ataques infundados e desacompanhados de provas questionam a lisura do processo eleitoral e o estado democrático de direito tão duramente conquistado pela sociedade brasileira. São intoleráveis as ameaças aos demais poderes e setores da sociedade civil e a incitação à violência e à ruptura da ordem constitucional”, diz trecho da carta assinada por mais de 100 entidades, entre associações empresariais, universidades, ONGs e centrais sindicais.
O ato em Fortaleza reuniu integrantes de diversos movimentos sociais, sindicais e estudantis, e da sociedade civil. A passeata saiu da Praça da Bandeira e percorreu a Rua Senador Pompeu e a Avenida Treze de Maio até a Reitoria da UFC. Com bandeiras e faixas, manifestantes protestaram contra os sucessivos ataques desferidos por Jair Bolsonaro às urnas eletrônicas e às instituições democráticas. O presidente da República já sinalizou mais de uma vez que não aceitará o resultado das eleições e que pode repetir o atentado realizado por Donald Trump ao ser derrotado no último pleito presidencial dos Estados Unidos.
“O dia de hoje é um dia de defesa da democracia, um dia para demonstrar nossa indignação contra os ataques ao sistema eleitoral e para garantir que o resultado das eleições seja respeitado”, reforçou o presidente da ADUFC, Prof. Bruno Rocha. Em Fortaleza, a mobilização ainda celebrou o dia dos estudantes, com ato na Praça da Gentilândia durante a tarde. “Também é um dia para lembrar a luta histórica do movimento estudantil em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade”, acrescentou o docente.
Além da ADUFC, compuseram a organização dos atos na capital cearense Frente Brasil Popular Ceará, Frente Povo Sem Medo, Central Única dos Trabalhadores no Ceará (CUT-CE), União Nacional dos Estudantes (UNE), União Estadual dos Estudantes (UEE), União Estudantil de Fortaleza (Unefort), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e Intersindical – Central da Classe Trabalhadora.
Na manhã desta quinta-feira (11), milhares de pessoas protestaram por eleições livres em frente à sede da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP). Duas cartas a favor da democracia foram lidas nos salões internos da instituição, com telões transmitindo a cerimônia do lado de fora, onde uma multidão acompanhou a leitura e gritou Fora Bolsonaro.
Universidades federais cearenses em defesa da educação e da democracia
As comunidades acadêmicas das três universidades federais cearenses (UFC, UFCA e UNILAB) divulgaram um manifesto, no último dia 27 de julho, convocando a sociedade cearense a lutar pela democracia. “Não é o momento de dúvidas, de ambiguidade, de divisão dos trabalhadores, pois o que está em jogo é nossa sobrevivência, inclusive física. Nunca assistimos, desde o restabelecimento da democracia no Brasil, a uma situação tão preocupante”, destaca o texto.
A ADUFC também está construindo, juntamente com outras entidades do setor da educação, a “Semana da Educação pela Democracia: em defesa da universidade pública e da carreira docente”, de 22 a 26 de agosto. A agenda será uma semana de paralisação nas três universidades federais do estado. No centro das reivindicações, estão os cortes do governo Bolsonaro na educação, que impactam profundamente as universidades federais; a privatização das universidades públicas; a luta por recomposição salarial dos professores; as denúncias de corrupção no Ministério da Educação (MEC), dentre outras.
Uma das atividades da semana de paralisação será o ato Educação em Defesa da Democracia, que ocorre no dia 25/8, às 9h, na Praça do Ferreira, em Fortaleza. A proposta é abrir diálogo com a sociedade cearense sobre as condições enfrentadas hoje nas universidades públicas. Será um dia de ocupação da praça, com stands para divulgar iniciativas e projetos desenvolvidos das universidades cearenses.