A professora Cynara Monteiro Mariano, da Faculdade de Direito, enviou carta à ADUFC-Sindicato, manifestando posicionamento sobre a nota lançada no dia 9 de novembro pela Diretoria da entidade.
Como forma de assegurar a democracia e o respeito para com seus associados, a ADUFC-Sindicato está tornando pública a resposta de sua docente.
Carta da Profa. Cynara Monteiro Mariano
Prezado Leonardo,
Venho, por meio desta, manifestar o meu repúdio a essa nota que acabo de receber. Não é papel da diretoria de um sindicato posicionar-se a favor ou contra grupos de associados. Se a necessidade de homologação do plebiscito em assembleia consta de lei, é, portanto, legítima a posição daqueles que votaram em contrariedade à homologação, até mesmo porque houve, entre o plebiscito e a assembleia de homologação, um fato novo e de importância ímpar, como a greve dos estudantes.
Por outro lado, a decisão desse grupo também levou em consideração o fato de que essa diretoria não honrou com os compromissos firmados com os associados no sentido de promover amplos debates em torno da greve dos docentes e, inclusive, do novo sistema de votação. Essa diretoria também não apurou, como deveria, as denúncias de falta de listas de assinaturas em muitas das urnas e locais de votação.
Da mesma forma, considero de grande leviandade e irresponsabilidade a menção a uma “minoria de professores” que tentou desrespeitar o resultado da consulta plebiscitária. Não foi uma minoria, foram quase 90 votos. A nota dessa diretoria também não foi fidedigna à verdade dos fatos, pois deixou de traduzir os motivos da dissidência, bem como a tentativa de agressão física a uma colega docente por outro colega partidário da homologação do plebiscito, apresentando o grupo contrário inadequadamente como antidemocrático.
Agora, o que estranha é a participação desse corpo majoritário, que votou pela homologação do plebiscito, ter sido convenientemente conduzida para o auditório apenas para votar e depois dar as costas para a assembleia. Estranha também foi a escolha do auditório para a realização da assembleia, no Centro de Tecnologia, quando, em assembleias anteriores, já tinha sido decidido que as assembleias se concentrariam na reitoria, no auditório ou nos seus jardins, por ser um local mais central e de mais fácil acesso para a comunidade docente. Desse modo, ao que parece, houve uma manobra por parte dessa diretoria para alcançar um desejado resultado da votação.
E essa nota, tristemente lançada agora por essa diretoria contra o grupo de docentes que votou pela não homologação plebiscitária, representa uma prática antissindical, contra a qual faço questão de aqui manifestar o registro do meu repúdio. Aproveito para registrar aqui também a minha indignação quanto ao descumprimento reiterado de decisões assembleares por parte dessa diretoria, a exemplo também das faixas e material de campanha contra o atual Pró-reitor de Gestão de Pessoas, Serafim Firmo de Souza Ferraz, que continuam a ornamentar os campi da universidade, em contrariedade à decisão do Conselho de representantes. Decidiu o Conselho por uma moção de repúdio à gestão do Pró-reitor, e não contra a sua pessoa, e por não produzir tais materiais, uma vez que foram considerados vulgares e atentatórios aos direitos constitucionais de intimidade, honra e privacidade.
Pessoalmente, eu até fiquei um pouco consternada em vários momentos, em me colocando no lugar dos diretores desta ADUFC, com o alto índice de rejeição que essa atual diretoria possui entre os associados, traduzido nas manifestações das assembleias. Como me associei recentemente e apenas recentemente participo do movimento docente da universidade, procurei não participar ou compartilhar de tais ânimos para conhecer (e tirar minhas próprias conclusões) sobre o trabalho de vocês.
A partir de agora, no entanto, acosto-me à rejeição.
Profa. Cynara Monteiro Mariano
Faculdade de Direito