EDUCAÇÃO
O ataque ao movimento grevista que paralisa há vários meses um número considerável de universidades federais é feito de modo a descaracterizar a importância de suas bandeiras de luta, justificadas por uma realidade cotidiana de dificuldades, que pressionam professores, corpo funcional e estudantil a gritar por melhorias efetivas.
É lamentável o coro de alguns setores e agências de informação com o intuito de tirar a legitimidade do nosso movimento grevista, justamente quando são anunciados cortes milionários de recursos para o setor público no Brasil, os quais atingem em cheio as nossas universidades, prova de que não há propósito do governo atual em investir neste setor ou responder às nossas demandas.
Referimo-nos a um tipo de ação que intenta desinformar e induzir ideias e conceitos nocivos ao setor público nacional, recomendando a sua substituição pelo setor privado, como se educação fosse assunto do mercado e devesse ser regulada por forças e interesses de investimento privado.
A imagem forjada se faz no sentido de uma demonização do nosso movimento, certamente, com o intuito de colocar a sociedade contra as nossas reivindicações e bandeiras de luta. Sobre essa ação danosa ao nosso futuro, como instituição responsável pela construção da ciência e educação nacional, devemos nos colocar,
claramente, esclarecendo melhor acerca daquilo que nos move e anima nesta luta.
A demanda por ensino superior tem crescido nas últimas décadas, em face do alargamento quantitativo do acesso ao ensino fundamental e médio. A oferta de unidades, vagas e de cursos, no âmbito da rede de universidades públicas tem sido maior, o que requer, por exemplo, a abertura de novas vagas para docentes, em face do número cada vez maior de alunos e de uma demanda em alta por ensino superior de qualidade no País.
Este fenômeno tem criado a necessidade de um maior investimento federal no setor educacional público e explica a eclosão de greves nas universidades federais brasileiras, que agora estão sendo alvo de ataques por parte de um segmento da imprensa, articulada com interesses internacionais, que defende, claramente, a privatização do nosso ensino superior. O modelo a ser copiado está sendo importado da Inglaterra e dos Estados Unidos da América, onde há um predomínio de universidades privadas. Será isto o que quer a sociedade brasileira, a elitização do acesso ao ensino superior?
Juraci Maia