O debate ocorreu na ADUFC, com participação de pesquisadores, movimentos sociais e lideranças religiosas do campo progressista (Fotos: Nah Jereissati/ADUFC)
A ADUFC recebeu, na última quinta-feira (1º), uma roda de conversa com participação de Frei Betto sobre “Qual o papel do cristão diante da conjuntura social, política e eclesial?”. Na ocasião, o intelectual defendeu ser preciso retomar o trabalho de formação política, enfrentar a extrema direita com ensinamentos de Paulo Freire e resgatar um projeto comprometido de transformação social. “Precisamos encantar a juventude”, reforçou, citando a necessidade de atualizar o rol de lideranças do campo progressista e disputar novos espaços de formação de consciência, como o universo das redes sociais, onde parte considerável do debate político está concentrado atualmente.
Frei Betto defendeu a retomada do trabalho “da igreja dos pobres” e fez referência a movimentos da Igreja que no passado dialogavam com os setores democráticos, a exemplo das comunidades eclesiais de base, historicamente próximas a movimentos sociais e sindicais. Também lembrou que o bolsonarismo segue como ameaça concreta, apesar da derrota nas urnas nas eleições presidenciais de 2022, através do trabalho de base junto a igrejas neopentecostais e extremistas de direita.
O debate realizado na ADUFC foi uma iniciativa do Movimento Igreja em Saída – articulação em defesa de uma “igreja decididamente missionária, capaz de sair da autorreferencialidade para chegar a todos indistintamente”. Também participaram da mesa a presidenta da ADUFC, Profª. Irenísia Oliveira; o presidente da Comissão de Direitos Humanos da UFC, Prof. Rafael Silva; o Prof. Manfredo Oliveira, professor aposentado da UFC, filósofo e sacerdote; Irmã Siebra Oliveira; e Padre Ermanno Allegri.
Autor de 74 livros, entre eles “Batismo de Sangue”, vencedor do prêmio Jabuti, Frei Betto tem reconhecida atuação na defesa dos direitos humanos, da cultura, da arte e da democracia. Foi coordenador da Articulação Nacional de Movimentos Populares e Sindicais, participou da fundação da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e da Central de Movimentos Populares (CMP). Também prestou assessoria à Pastoral Operária do ABC (São Paulo), ao Instituto Cidadania (São Paulo) e às Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), além de ter sido consultor do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em 2003 e 2004, no primeiro governo Lula, atuou como Assessor Especial do Presidente da República e coordenador de Mobilização Social do Programa Fome Zero.