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GREVE DA EDUCAÇÃO – Docentes federais rejeitam 0% para 2024, repudiam discurso falacioso do governo e mantêm greve no Ceará

A assembleia ocorreu na tenda da reitoria da UFC, com transmissão para os campi do interior

Docentes da UFC, UFCA e UNILAB rejeitaram ontem (16), em Assembleia Geral da ADUFC, a proposta apresentada no dia anterior (15) pelo governo federal na mesa de negociações com entidades sindicais. A decisão será encaminhada ao ANDES-SN e confirma a continuidade da greve docente nas três universidades federais cearenses. Professores/as também repudiaram a forma desonesta como o governo divulgou a proposta, induzindo a população a acreditar que foi oferecido um índice elevado de reajuste. Ao contrário disso, o governo manteve 0% de reajuste salarial para 2024 e propôs tímidas mudanças na evolução dos “steps” que pouco impactam a reestruturação do Magistério Federal. A assembleia ocorreu na tenda da reitoria da UFC, com transmissão para os campi do interior.

Docentes destacaram que a proposta recente não contempla nenhum dos pontos reivindicados na greve: reajuste salarial digno, recomposição do orçamento das universidades, reestruturação da carreira docente, revogação de medidas que atacam servidores e equiparação financeira para servidores aposentados, excluídos da concessão de benefícios. A proposta do governo, amplamente disseminada pelo ministro da Educação, Camilo Santana, oferta zero por cento em 2024 e mente ao sustentar que há reajuste superior a 30% para algumas faixas. Isso porque a prospecção feita pelo governo considera os anos futuros, período em que também será atravessado por acúmulo de inflação, podendo atingir índices até maiores que os atuais. 

Estão entre os encaminhamentos: intensificação da mobilização; continuidade da greve; campanha de comunicação, nota pública e coletiva de imprensa contra a desinformação do governo federal; fortalecimento do ato nacional da Educação em Brasília, no dia 22 de maio – o ANDES-SN disponibilizou dois ônibus e a ADUFC financiará a ajuda de custo para professores e estudantes; ato do Comando Unificado de Greve em solidariedade à Palestina, na próxima terça-feira (22), com marcha até a Faculdade de Direito; intensificação de faixaços e panfletagens; insistência na defesa da data-base anual para negociações visando reduzir o acúmulo de perdas salariais; e promoção de mais debates pautando o neoliberalismo e prejuízos decorrentes dele, como o arcabouço fiscal.

No início da Assembleia Geral, a presidenta da ADUFC, Profª. Irenísia Oliveira, contextualizou a situação atual das negociações com o governo e chamou a estratégia do governo de “truque”. “Ele contemplou classes com menos docentes e não considera a inflação dos próximos anos, que pode ser ainda maior. Temos mais de 30% de defasagem no primeiro nível de carreira”, citou. “Enquanto esses reajustes vão sendo concedidos, outras perdas vão se acumulando. Consideramos a propaganda bastante desonesta, leva a sociedade a acreditar que estamos tendo um reajuste elevado, o que não é verdade”, acrescentou a docente. 

A secretária-geral da ADUFC, Profª. Maria Inês Escobar, e o vice-presidente da entidade, Prof. Roberto da Justa, leram na íntegra a análise do Comando Nacional de Greve do ANDES-SN, que foi debatida por docentes na ocasião. De acordo com a projeção do Sindicato Nacional, cerca de 80% da categoria docente teria recomposição entre 12,81% a 16,11% de 2024 a 2026, conforme a nova proposta. 

Também gerou revolta na categoria a forma como o secretário de Relações de Trabalho, José Lopes Feijóo, tem conduzido as negociações. “Ele anunciou de forma desrespeitosa que esta seria a última proposta a ser apresentada à bancada sindical, tendo alcançado todos os limites possíveis no espaço orçamentário, em uma nítida postura de ameaça para negociação com a categoria docente, servindo de referência para assinatura de eventual acordo. Essa limitação da negociação não apresenta a base orçamentária utilizada para embasar esse ultimato”, disse o comunicado do ANDES-SN.

“Precisamos desmentir o governo”

A Profª. Kelly Menezes (FACED/UFC) esteve entre as que lamentaram a postura do governo, que não chega nem perto de contemplar as demandas apresentadas pela categoria docente. “A gente percebe que essa proposta não tem adesão porque não cumpre nenhum dos grandes eixos das reivindicações. O revogaço não é sequer apontado nem a situação dos aposentados”, disse. “A gente precisa desmentir o que o governo falou. A gente precisa trazer a sociedade para perto de nós”, destacou.

O Prof. Idevaldo Bodião (FACED/UFC) trouxe reflexões sobre a adesão à greve e defendeu intensificar a mobilização nas próximas semanas. “Com que armas políticas nós vamos manter e ampliar essa greve? Qual é a nossa incidência na Câmara e no Senado? Com quais parlamentares nós conversamos e aceitariam nos defender?”, questionou o docente, convidando os colegas a se engajarem e fortalecerem as atividades grevistas. 

Para o Prof. Roberto Kennedy, da UNILAB, é “absurda” a maneira como a proposta foi imposta pelo governo aos docentes. “Nenhum ganho efetivo nos é dado em relação à carreira docente e ao Orçamento. Reajuste zero em 2024 significa congelar o nosso salário em 2024”, ressaltou. “Isso nos é anunciado em forma autoritária e em tom de ameaça. Não podemos recuar neste momento”, defendeu. Já o Prof. Uribam Xavier (Ciências Sociais/UFC) defendeu a luta pelo estabelecimento de uma data-base anual para negociação das recomposições financeiras, evitando o acúmulo das perdas salariais.

Integrante do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFC, Nathan de Deus endossou a importância de lutar pela recomposição do orçamento da universidade para garantir condições dignas de acesso e permanência para os alunos. “Para nós, estudantes, é fundamental que a gente saia dessa greve com uma recomposição real do orçamento das universidades”, reforçou.

A ADUFC seguirá firme na Greve da Educação, atuando em conjunto com técnico-administrativos/as e estudantes para garantir a qualidade da educação superior pública e a valorização dos trabalhadores/as da Educação. No dia 22 de maio, a seção sindical estará representada em Brasília fortalecendo a mobilização nacional articulada pelo ANDES-SN e demais entidades nacionais do setor.

Leia a análise na íntegra do Comando Nacional de Greve do ANDES-SN

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