O Conselho de Representantes da ADUFC aprovou, na última quarta-feira (25), a adesão do sindicato ao calendário nacional de lutas pela recomposição salarial, nos dias 7 e 8 de novembro, que contará com atividades em todo o país promovidas pelas entidades do setor da Educação federal. A mobilização do funcionalismo público segue intensa diante da falta de uma resposta concreta do governo federal sobre o reajuste salarial das categorias. O colegiado da ADUFC entende que é necessário dar um passo a mais e se somar à paralisação puxada por ANDES-SN, Fasubra Sindical e Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica). Visando ampliar a pressão sobre o Congresso Nacional e o Executivo federal, o CR encaminhou a promoção de uma campanha de comunicação para atrair docentes para a luta, bem como a articulação de agendas políticas para dar visibilidade ao tema, como audiências com deputados federais.
A partir de sugestões de conselheiros e conselheiras da ADUFC, foi deliberada a produção de panfletos explicativos das motivações da campanha salarial; cartazes e faixas para os campi universitários; spots radiofônicos; programa especial no Rádio Debate, da Rádio Universitária FM, abordando a temática; impulsionamento de campanha nas redes sociais e boletim informativo especial sobre a campanha salarial. Também foi aprovada a articulação com servidores técnico-administrativos e estudantes para a construção de uma agenda conjunta nos dias 7 e 8 de novembro.
A presidenta da ADUFC, Profª. Irenísia Oliveira, fez uma contextualização sobre a Campanha Salarial 2024 e lembrou que não há uma proposta do Palácio do Planalto com um índice de reajuste para os servidores federais. “O Lula, nas falas dele, já reconheceu que nossos salários estiveram congelados, por isso o reajuste de 9% (concedido em maio deste ano), que é considerado emergencial. Ele equivale à inflação do ano passado. Se você nem recompõe a inflação do ano anterior, não é possível reestruturar a carreira nem recompor perdas antigas”, destacou. Após a recomendação do Conselho de Representantes, a adesão à paralisação, entendida como necessária neste contexto de indefinições, deve ser submetida à Assembleia Geral da ADUFC.
Foi ressaltado na reunião por diferentes docentes que a ideia não é se posicionar como oposição ao governo Lula, mas enfrentar o fisiologismo de um Congresso Nacional dominado pelo centrão e lutar contra a lógica do capital financeiro, que busca desidratar cada vez mais os recursos voltados para as políticas sociais. O arcabouço fiscal aprovado neste ano, uma espécie de novo teto de gastos, é apontado como outro entrave por trazer gatilhos contra servidores, que podem ser acionados em caso de não cumprimento das metas fiscais do governo. O cenário atual de disputa pelo Orçamento federal exige, portanto, a intensificação da pressão sobre o governo por uma proposta assertiva de reajuste salarial, apontaram docentes durante a reunião do CR.
O Prof. Júlio Barros, do Deptº. de Matemática e Estatística da UFC, citou o risco de o governo adiar até o próximo ano uma deliberação mais concreta sobre o reajuste, a exemplo do que ocorreu em 2023. O Prof. Paulo César Carvalho, do Departamento de Engenharia Elétrica da UFC, defendeu uma campanha de comunicação centrada nos esclarecimentos sobre os porquês da mobilização. Isso porque, segundo lembrou, ainda há certa resistência no campo da esquerda a endossar essa luta durante o governo Lula por receio de que a postura seja encarada como uma oposição que pode fortalecer setores da direita. Para a Profª. Tânia Batista, da Faculdade de Educação da UFC, é fundamental que haja um fortalecimento na mobilização para demonstrar força e unidade na luta.