Assembleia estudantil deliberou, na última segunda-feira (21/11), pela ocupação do prédio do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal do Ceará (DCE/UFC), em Fortaleza, para barrar as investidas da reitoria de desapropriar o espaço e despejar uma funcionária histórica da entidade. Essa ação orquestrada pela intervenção na UFC dá continuidade a uma série de ataques que começaram ainda em 2019, com a invalidação das eleições do DCE, e visam deslegitimar o movimento estudantil na universidade. Entre as atividades previstas na ocupação do Diretório estão programações artístico-culturais e mutirões de limpeza.
O presidente da ADUFC-Sindicato, Prof. Bruno Rocha, participou da assembleia do dia 21/11 e prestou apoio aos estudantes. Ele defendeu que a comunidade universitária continue fazendo resistência à intervenção na UFC. “O interventor está tentando finalizar o trabalho que tem feito desde sempre de deslegitimar o movimento estudantil. Primeiro impediu as eleições, depois tirou estudantes dos conselhos superiores da universidade e agora tenta acabar com o DCE. A gente precisa continuar lutando contra isso”, reforçou.
Em reunião do Conselho de Entidades de Base (CEB) da Universidade Federal do Ceará (UFC), estudantes já haviam eleito, no último 16/11, uma comissão gestora temporária para conduzir o processo de defesa institucional do prédio do DCE. O encontro reuniu mais de 30 centros e diretórios acadêmicos. Notificação extrajudicial assinada pelo pró-reitor de Planejamento e Administração, Almir Bittencourt, em 26 de setembro deste ano, solicitou “desocupação do imóvel localizado na rua Clarindo de Queiroz”, em Fortaleza, onde historicamente funciona a sede do DCE. Estudantes relatam que a requisição ocorreu de maneira autoritária e sem qualquer diálogo com a classe estudantil.
O documento foi endereçado a Ana Maria Vasconcelos, uma funcionária histórica do DCE. Ela trabalha no local desde 1996 e mora no Diretório desde 2015, a convite de estudantes, quando começou a cuidar de outra funcionária mais antiga, Marta Pereira, a “tia Marta”, que estava doente e faleceu em maio deste ano, aos 89 anos. Estudantes relataram que Ana está sendo intimidada por seguranças da UFC e que a notificação endereçada a seu nome foi pregada do lado de fora do prédio na intenção de constrangê-la.
Estudantes criticaram a postura do interventor e a compararam ao modus operandi bolsonarista de usar a violência jurídica e os meios políticos para acabar com a oposição e silenciar aqueles e aquelas que lutam por uma universidade democrática. “Ele já barrou o processo de representantes discentes nos conselhos universitários para acabar com a oposição interna. Já barrou a eleição do DCE e expôs alunos publicamente”, diz um dos estudantes, cuja identidade será preservada por questões de segurança. “Ele quer desapropriar essa sede, que é histórica do movimento estudantil e chegou a abrigar estudantes na época da ditadura…”, lamenta.