Após intensa pressão, em nível nacional, de reitores, professores e estudantes, o ministro da Educação, Victor Godoy, anunciou o recuo da decisão de bloquear a verba de R$ 2,4 bilhões da pasta. O anúncio foi feito através de um vídeo publicado em seu perfil no Instagram, na tarde desta sexta-feira (7/10). No mesmo dia, em coletiva à imprensa realizada antes do anúncio de Godoy, o presidente Jair Bolsonaro havia criticado o que ele classificou como “militância” nos espaços de estudo e afirmou ser “mentira” que estaria faltando algo nas universidades. “Qualquer negocinho é um carnaval lá contra a minha pessoa”, disse, ainda, o presidente que tenta se reeleger atacando a educação.
O novo contingenciamento que havia sido anunciado, poucos dias antes, no orçamento do Ministério da Educação (MEC) comprometia de forma grave a qualidade do ensino e da pesquisa. O anúncio mobilizou comunidades acadêmicas em todo o país, além de entidades representativas de professores, estudantes e reitores. Em nível local, a ADUFC-Sindicato também havia repudiado a medida e alertado para a gravidade desse novo ataque.
O recente bloqueio nas verbas da educação ocorreu dois dias antes do primeiro turno das Eleições 2022. O bloqueio, assinado pelo Ministério da Economia e pelo presidente da República, mobilizou reitores e pró-reitores (das IFES que não estão sob intervenção bolsonarista), que afirmaram temer não honrar os compromissos. Reitores bolsonaristas, pelo contrário, tentaram minimizar os efeitos e impactos dos cortes.
O contingenciamento anunciado comprometia diretamente o orçamento discricionário das universidades federais, que engloba verbas para funcionamento (água e luz, inclusive para hospitais universitários), obras, contratação de serviços de terceirização de mão de obra (como limpeza, vigilância e segurança) e despesas com assistência estudantil. A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), também denunciou os ataques (LEIA NOTA).
Estudantes da UFC, UFCA e UNILAB se organizam em plenárias
Em todo o país, estudantes das universidades e institutos federais e Cefets já anunciavam mobilizações nacionais contra cortes na educação que podem inviabilizar o funcionamento dessas instituições, caso ocorram. No Ceará não está sendo diferente. Nesta sexta-feira (7/10), duas plenárias já estão sendo realizadas pelo movimento estudantil: na Universidade Federal do Ceará (UFC), eles se reuniram no Bosque das Letras (Benfica), durante a tarde, com presença também da presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Bruna Brelaz. A plenária se estendeu para um ato até a Reitoria e, na sequência, ao Restaurante Universitário (RU).
Na Universidade Federal do Cariri (UFCA), uma Assembleia Geral está marcada para as 19h30, em frente ao bloco G do campus em Juazeiro do Norte. Já a plenária dos estudantes da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) será em Redenção (Campus da Liberdade), na terça-feira (11/10), às 14h.
Associações estudantis têm convocado atos unificados para os dias 10 e 18 de outubro, em todo o Brasil, contra os cortes anunciados pelo governo Bolsonaro na educação. Participam da iniciativa a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG).