(Fotos: Nah Jereissati/ADUFC-Sindicato)
Com o tema central “Vida em primeiro lugar”, o Grito dos Excluídos e das Excluídas de 2022 chegou à sua 28ª edição e, como em anos anteriores, com a participação da ADUFC-Sindicato – entidade solidária às lutas dos movimentos envolvidos na organização do evento. Em Fortaleza, a concentração teve início às 9h em frente ao Terminal da Lagoa, seguida de caminhada até a paróquia Bom Jesus dos Aflitos, na Parangaba. O Grito é realizado anualmente, no dia 7 de setembro. A ação coletiva também denunciou negligências do governo de Jair Bolsonaro e as injustiças na construção da soberania nacional.
O lema do Grito este ano foi “Brasil: 200 anos de (in)dependência, para quem?”, mantendo o tradicional diálogo com a Campanha da Fraternidade, a conjuntura política, social e econômica do país e com a luta dos movimentos sociais. A ADUFC-Sindicato disponibilizou um ônibus aos/às associados/as, saindo da sede da entidade no bairro Benfica. O grupo integrou o bloco da educação, na tradicional caminhada, e denunciou a “situação precária de investimentos” em educação, ciência e tecnologia no Brasil. Conforme destacou o presidente da entidade, Prof. Bruno Rocha. Além da capital cearense, também foram registrados atos nas cidades de Juazeiro do Norte, Crato, Morada Nova e Tianguá.
Além de educação, outros temas pautados na caminhada este ano foram saúde, insegurança alimentar, igualdade racial, juventude e mulheres. Ainda na concentração, o tema “terra teto e trabalho” puxou as primeiras falas, como as do coordenador estadual da Central de Movimentos Populares (CMP), Thiago Celestino da Silva: “Não dá para comemorar ‘independência’ enquanto 33 milhões de pessoas estão passando fome. Nós que moramos nas periferias, nas comunidades, comemos pela manhã sem saber se vamos almoçar. Companheiros nossos estão passando fome. Um país em que crianças estão passando fome não pode ser um país soberano”.
Independência brasileira: contradições
Neste ano, em que se comemora o bicentenário da independência do Brasil, o evento propõe uma reflexão sobre as contradições da independência brasileira, em um país com inúmeras desigualdades. Segundo a organização, a ideia é refletir sobre os desafios sociais enfrentados na atual conjuntura do Brasil, abrindo espaço para participação popular que grita por seus direitos frente à atual conjuntura brasileira que ameaça a democracia. O Grito é uma atividade da Igreja Católica, promovida pelas Pastorais Sociais e Comunidades Eclesiais de Base, e construída coletivamente em parceria com coletivos, entidades, igrejas e movimentos sociais comprometidos com as causas dos excluídos e excluídas. São 28 anos de luta por justiça social.
Nacionalmente, o Grito dos Excluídos e das Excluídas surgiu em 1995, a partir da 2ª Semana Social Brasileira da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Ainda que sua origem seja católica, o ato simbólico foi se expandindo para outros âmbitos, envolvendo movimentos populares, religiosos e sindicais, entre outras organizações comprometidas com as causas das populações mais vulneráveis. Este ano, a CNBB divulgou carta no dia 31 de agosto, e que foi relembrada durante os atos pelo Brasil. O documento alerta para o ‘risco’ à democracia, critica armas e suposta manipulação religiosa. O texto intitulado “Mensagem da CNBB ao povo brasileiro sobre o momento atual” também fala em “tentativa de ruptura” e respeito às instituições.