Primeira presidente mulher da Academia Brasileira de Ciências (ABC), a biomédica Helena Nader vem a Fortaleza, na próxima segunda-feira (12/9), para ministrar a conferência “Educação e Ciência: pilares para soberania e independência de uma nação“. A atividade terá início às 14h, no auditório do Centro de Ciências da Universidade Federal do Ceará (UFC), no campus do Pici, e é uma iniciativa do Grupo de Trabalho (GT) Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente da ADUFC-Sindicato. O evento também terá transmissão em tempo real, com interpretação em Libras, pelo canal da entidade no YouTube.
Professora titular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Helena Nader assumiu, em maio, a presidência da ABC para o triênio 2022-2025. Desde o início da carreira, a pesquisadora destacou-se pelo posicionamento ativo em defesa da ciência, tecnologia, inovação e educação brasileiras. A igualdade de gênero, a pluralidade na ciência e a educação de qualidade também são pautas prioritárias para Helena Nader, que é membro da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp), da Academia Mundial de Ciências (TWAS, na sigla em inglês) e da Academia Latinoamericana de Ciências (ACAL).
“Vai ser extremamente interessante trazer a Profª Helena Nader para discutir conosco essa pauta”, afirmou o presidente da ADUFC, Prof. Bruno Rocha, durante debate promovido pela entidade no último dia 24 de agosto, em uma das atividades da “Semana da Educação pela Democracia: em defesa da universidade e da carreira docente”. Na ocasião, três pesquisadores/gestores convidados discutiram os impactos dos cortes na ciência e na tecnologia no Brasil. O assunto também deve ser tratado na conferência do próximo dia 12.
Ao longo de sua carreira, Helena aliou as atividades de pesquisa ao exercício de cargos administrativos em destacadas instituições científicas. Foi presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC, 2011-2017), onde atualmente é presidente de honra; presidente da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (SBBq, 2009-2010); e é co-presidente da Rede Interamericana de Academias de Ciências (IANAS). Também foi vice-presidente da ABC de 2019 a 2022.
MP 1.136: “na contramão do desenvolvimento”
Entre os temas da conferência, estarão os impactos da Medida Provisória (MP) 1.136 no financiamento da ciência, já classificados pela cientista como “obstáculos” interpostos pelo governo. “A medida provisória volta a atacar, por um novo caminho, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Esperamos que nossos representantes no Congresso devolvam ao Executivo essa MP, que vai na contramão do desenvolvimento”, disse ela em artigo de opinião publicado na última terça-feira (6/9) no jornal O GLOBO e reproduzido no site da ABC. Para Helena, a MP 1.136 visa “obstruir uma das principais artérias que irrigam a combalida, mas ainda pulsante, ciência brasileira” (LEIA AQUI a íntegra do artigo).
“Na universidade, no próprio GT de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente da ADUFC, temos discutido bastante os efeitos dos cortes na ciência e tecnologia e os impactos que isso tem no desenvolvimento da pesquisa brasileira e do próprio desenvolvimento do país”, pontua o Prof. Bruno Rocha. O presidente da ADUFC diz considerar “fundamental” ouvir a presidente da ABC, que deve trazer uma discussão sobre a realidade do cenário nacional e dos embates que ocorrem na defesa da ciência e da tecnologia no Congresso. “Além de, principalmente, as ações que nós podemos realizar conjuntamente na defesa de um orçamento justo e de financiamento decente para a ciência e a tecnologia no país”, destaca o professor, que também foi membro afiliado da ABC.
Mais sobre Helena Nader
Nascida em 1947 na cidade de São Paulo, Helena é bacharel em ciências biomédicas pela Unifesp e licenciada em biologia pela Universidade de São Paulo (USP). Fez doutorado em biologia molecular pela Unifesp, concluído em 1974 e pós-doutorado na mesma área pela Universidade do Sul da Califórnia (Estados Unidos), em 1977, como fellow da Fogarty International Foundation (NIH).
Sua área de atuação é a glicobiologia, e sua pesquisa tem como foco a heparina, composto conhecido por sua ação anticoagulante. Em 1974, desenvolveu um método inédito na área, que diminui o peso molecular da heparina, transformando-a em um composto cujo efeito antitrombótico tem maior duração. Hoje, o composto desenvolvido pela pesquisadora e por colegas da Unifesp é amplamente usado pela medicina na prevenção e tratamento da trombose.
Mais recentemente, durante a pandemia da Covid-19, liderou um estudo que revelou que o heparam sulfato, composto químico similar à heparina, pode reduzir em 70% a entrada do coronavírus nas células.
Sua atuação como cientista foi reconhecida por importantes distinções acadêmicas, como o Prêmio Almirante Álvaro Alberto de Ciência e Tecnologia 2020, concedido pelo CNPq, Fundação Conrado Wessel (FCW) e Marinha do Brasil; o Prêmio Carolina Bori Ciência & Mulher (2020); o Prêmio Scopus 2007, concedido pela Elsevier e pela Capes; o título de professora Honoris Causa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), em 2005; o título de Doutora Honoris Causa da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 2022; e a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, em 2008, outorgada pelo governo do Brasil.
SERVIÇO:
Conferência “Educação e Ciência: pilares para soberania e independência de uma nação”
Com quem: Helena Nader, presidente da Academia Brasileira de Ciências e professora titular da Unifesp
Quando: 12 de setembro de 2022 (segunda-feira), às 14h
Onde: Auditório do Centro de Ciências da UFC (Campus do Pici – Fortaleza)
Promoção: GT Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente da ADUFC-Sindicato