Mais uma parceria da ADUFC-Sindicato com a Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) resultará em nova ação dentro da programação da nona edição do evento. Na próxima terça-feira (31/5), será realizada a I Feira da Reforma Agrária na Universidade Federal do Cariri (UFCA), que também entra como parceira da JURA. Todas as atividades, incluindo apresentação musical, debate, sarau poético e exibição de filmes, ocorrerão dentro do campus Juazeiro do Norte. A JURA, que envolve dezenas de universidades em todo o Brasil e segue com atividades até julho no Ceará, nasceu visando aproximar a universidade do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) e, este ano, tem como lema “Reforma Agrária Popular e Projeto de País”.
As atividades do evento também estão sendo construídas com o apoio de docentes da UFCA, diretores da ADUFC e membros do Levante Popular da Juventude e do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFCA, além do próprio MST. A programação será aberta à comunidade acadêmica, mas também para toda a população da região do Cariri. “A ideia é que as pessoas possam prestigiar e conhecer os produtos orgânicos e toda a diversidade dos assentamentos e acampamentos de reforma agrária no estado”, convida Paulo Henrique Campos, um dos coordenadores do MST no Cariri e membro da coordenação geral da Feira.
Na terça-feira, a mística que abrirá a feira tem início às 9h, seguida de apresentação musical, às 11h, dos estudantes do curso de música, com Aquarela da Mãe Sombria. Na programação que segue pela tarde, a partir das 15h, haverá um debate sobre Reforma Agrária e direitos LGBTs, sarau poético (17h) e exibição do filme “A Febre” (18h). A produção cinematográfica é um drama que narra a história de um indígena chamado Justino, cuja filha vai ter uma árdua luta para tentar cursar Medicina. A obra, entre outros temas, retrata os dilemas de mudanças da zona rural para a cidade grande e a questão da precarização do trabalho.
O Prof. Tiago Coutinho, membro da coordenação geral da Feira e diretor de Atividades Científicas e Culturais da ADUFC, destaca a importância dessa primeira edição também pelo amplo espectro da mobilização. “Temos envolvido estudantes, DCE, ADUFC e também vários cursos da UFCA, como Design, Medicina, Filosofia, Música e Jornalismo. E nossa ideia é realizar outras feiras no próximo semestre”, explica o docente.
Sujeito LGBT em pauta
Tiago Coutinho acrescenta que a ideia da Feira é anterior à pandemia de Covid-19. As primeiras já seriam realizadas em 2020, mas a estreia foi interrompida por questões de segurança sanitária. “A Feira da Reforma Agrária já acontece em todo o Brasil e tínhamos esse desejo de realizá-la no Cariri. É uma outra forma de aproximar a universidade do movimento social, pautando também o acesso a um produto de excelente qualidade, sem agrotóxico, e de uma alimentação saudável”, enfatiza Tiago Coutinho, que também mediará o debate sobre reforma agrária e direitos LGBTs.
A conversa também envolverá o lançamento do livro do coletivo LGBT Sem-Terra. Participarão do debate: Irineuda Lopes (Neidinha), integrante do coletivo; e Auris Flor, membro do DCE/UFCA e do Levante Popular da Juventude. Esse é um espaço que está sendo construído junto às universidades, à JURA e aos demais espaços do movimento. O livro trata um pouco da trajetória do coletivo LGBT, que tem seis anos de fundação dentro do MST.
“Vamos tratar de como esse sujeito tem construído, dentro do movimento, o debate da reforma agrária popular e da diversidade sexual de gênero, que estão nos territórios, nos assentamentos e nos acampamentos”, explica Neidinha. Segundo ela, o debate sobre o sujeito LGBT no campo ainda é novo, dentro da estrutura organizativa do MST. “E o livro vai ser lançado trazendo um pouco da história, da trajetória do coletivo desse sujeito dentro do movimento”, acrescenta a debatedora.