Diretores da ADUFC-Sindicato participaram, em Brasília, do Encontro das Universidades, Institutos Federais e Cefets em luta contra as intervenções do governo Bolsonaro nas instituições de ensino superior, promovido pelo ANDES-Sindicato Nacional. O seminário ocorreu nos dias 11 e 12 de maio e reuniu 30 seções sindicais para debater a interferência do governo federal nas instituições de ensino superior. No encontro, os representantes das entidades sindicais, incluindo a ADUFC-Sindicato, e reitores eleitos e não empossados compartilharam relatos sobre a situação das instituições sob intervenção.
Um dos objetivos do encontro é chamar a atenção da sociedade para o ataque à autonomia das instituições e nacionalizar a luta contra as intervenções nas IFEs, reforçando a resistência que docentes, técnicos, técnicas e estudantes têm empenhado nas instituições. O evento resulta de uma decisão congressual, reforçada pela última reunião dos Setores das Ifes, Iees/Imes do ANDES-SN. Durante o 40º Congresso do ANDES-SN, foi reafirmada a luta histórica da entidade pelo fim da lista tríplice.
O presidente da ADUFC, Prof. Bruno Rocha, foi um dos integrantes da mesa “As intervenções e suas consequências para o ensino, a pesquisa e a extensão: autonomia universitária e a gestão democrática sob ameaça”, na manhã de quinta-feira (12). O docente compartilhou a experiência da Universidade Federal do Ceará (UFC), que está sob intervenção há quase três anos. Ele fez um relato das principais ações organizadas pela comunidade universitária, desde a posse do reitor ilegítimo, para denunciar essa situação atípica na universidade.
“A intervenção é mais do que a nomeação de um interventor. É, como a gente já discutiu aqui, um projeto construído de modelo de universidade totalmente divergente daquele que pretendemos construir enquanto professores universitários, entidade sindical e enquanto ANDES-SN, que tem uma ideia muito clara de qual universidade a gente quer oferecer à sociedade brasileira”, ressaltou.
A UFC foi uma das primeiras universidades a ser alvo de intervenção do governo federal, e esse ato autoritário foi recebido com incredulidade e revolta pela comunidade acadêmica, lembrou Bruno Rocha. “Tentamos sacudir a sociedade sobre esse tema, porque é algo que precisava ficar muito claro que não era normal”, reforçou. Foi nesse contexto que foi criado o Comitê em Defesa da Autonomia Universitária, com participação de docentes, estudantes e servidores técnico-administrativos. Também foi realizada uma série de protestos, como cadeiraços em frente à Reitoria, para denunciar a intervenção à sociedade.
Além do do presidente da ADUFC, compuseram a mesa-redonda sobre intervenções a Profª. Aline Faé, outra docente de instituição sob intervenção e presidente da Associação dos Docentes da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM); a Profª. Ethel Maciel, reitora eleita e não empossada na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES); e o Prof. Cléber Santos Vieira, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A vice-presidente da ADUFC, Profª. Irenísia Oliveira, também participou do encontro.
Luta contra intervenções é nacional
Ao fim do primeiro dia (11/5), foram lançados os dossiês “Militarização do governo Bolsonaro e intervenção nas Instituições Federais de Ensino” e “A invenção da bálburdia”, que abordam as intervenções nas IFEs. O encontro também debateu o projeto histórico do ANDES-SN de universidade pública.
“A contribuição do ANDES-SN nas pautas de economia, democracia e liberdade vem no sentido de lutar por uma sociedade mais justa e igualitária. E essa história começa na resistência pela democratização e contra a ditadura empresarial-militar e se consolida como um sindicato definindo um projeto de educação brasileira e se colocando na luta da classe trabalhadora”, afirmou a Profª. Regina Ávila, secretária-geral do ANDES-SN, que debateu com as professoras Elisabete Búrigo, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS), e Eblin Farage, da Universidade Federal Fluminense (UFF).
Além das seções sindicais do ANDES-SN, participaram do encontro outras entidades do setor da Educação, como Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra), União Nacional dos Estudantes (UNE) e Federação Nacional dos Estudantes do Ensino Técnico (Fenet), Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e Fórum de Reitores e Reitoras eleitos/as e não empossados/as por Bolsonaro.