A mobilização contra as intervenções do governo Bolsonaro nas universidades, institutos federais e CEFET, um dos principais pilares da agenda docente, foi evidenciada na plenária geral que discutiu e aprovou as principais lutas que o ANDES-SN e as seções sindicais devem empreender no próximo período. No quarto dia (30/3) do 40º Congresso do Sindicato Nacional, a categoria aprovou a realização de um encontro nacional das seções sindicais nas instituições que estejam sob intervenção e a criação de um espaço nacional permanente de mobilização, articulação e compartilhamento de experiências de luta contra as intervenções.
No encerramento (31/3), a plenária geral também aprovou moção de repúdio às práticas antissindicais da reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC), que está sob intervenção há quase três anos. Recentemente, no processo de retorno às atividades presenciais, a comunidade universitária deparou-se, mais uma vez, com os ataques: em menos de um mês, foram duas notas emitidas pela intervenção atacando abertamente a ADUFC, com mentiras e acusações graves.
No texto, apresentado pela diretoria da ADUFC-Sindicato, e assinado pelos delegados e delegadas participantes do Congresso, é destacado também que tais práticas antidemocráticas se revelam em perseguição à ADUFC e ao movimento estudantil, desde o início da intervenção, em 2019.
Durante o Congresso, outras ações deliberadas sobre as intervenções foram a revogação imediata de todas as nomeações de reitores não eleitos e a imediata posse dos reitores eleitos pelas comunidades universitárias dos institutos federais, CEFET e universidades públicas do Brasil. Ainda, nas instituições em que não tenham ocorrido processos de consulta democrática, os/as docentes indicaram que sejam feitos processos amplos e democráticos de consulta para eleição de direções, de forma que tais processos se encerrem dentro das instituições, não necessitando da chancela do Executivo.
“Pela ADUFC, defendemos a necessidade de modificarmos a legislação que regulamenta a escolha de reitores e sua transformação em eleição e pelo fim da lista tríplice”, disse o Prof. Bruno Rocha, presidente do Sindicato. Para fortalecer a luta contra o intervencionismo, o Sindicato Nacional e as seções sindicais devem intensificar a articulação com outros segmentos das comunidades universitárias, movimentos sociais, sindicatos e entidades democráticas.
Em sua fala durante a abertura do Congresso, a presidenta da Seção Sindical do ANDES-SN na UFRGS, Magali Menezes, enfatizou a relevância de o evento ser realizado na UFRGS, que se soma às outras 21 universidades em intervenção nesse país. “Aqui em Porto Alegre, está representado o que tem de pior do neofascismo brasileiro que afeta as liberdades democráticas e a autonomia da universidade. Nos colocamos à disposição para lutar em defesa dessa universidade e para derrotar as intervenções nas universidades em todo o Brasil”, apontou a docente.