Movimentos sociais, instituições de ensino e pesquisa, associações e entidades do campo popular realizam, a partir do dia 9/2, o evento “Diálogos da Mineração de Urânio e Fosfato”. Esta será a primeira de sete rodas de conversas sobre o tema, sempre às quartas-feiras, às 19h30, durante os meses de fevereiro e março. A programação pode ser assistida no canal do YouTube e no perfil do Facebook da ADUFC-Sindicato e será retransmitida nas redes sociais das demais entidades organizadoras.
O Diálogos abrange uma série de debates repercutindo os diversos impactos causados a partir da ameaça de exploração de urânio e fosfato, que é temida não apenas no Ceará e já ocorre nos estados da Bahia e Minas Gerais e em outras regiões do país atingidas pelo ciclo da energia nuclear.
O debate que inaugura o evento traz a temática “Povos e Comunidades Tradicionais afetados e a Consulta Livre, Prévia e Informada (Convenção 169 OIT)”, que vai refletir sobre o direito dos povos indígenas, quilombolas, camponeses e tantos outros de serem consultados, de forma livre e informada, antes de serem tomadas decisões que possam afetar seus territórios, direitos e modos de vida.
“Esse é um direito que foi previsto pela primeira vez, em âmbito internacional, em 1989, quando a Organização Internacional do Trabalho (OIT) adotou sua Convenção de número 169. Acreditamos, enquanto movimento social, que esta é uma importante ferramenta política no que diz respeito à defesa dos direitos desses povos, mais especificamente aqui na América Latina”, argumenta Erivan Silva, da coordenação estadual do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) no Ceará.
Estão na organização do evento a Articulação Antinuclear do Ceará (AACE); a ADUFC-Sindicato, através do GT de Política Agrária, Urbana e Ambiental – PAUA; o Núcleo de Trabalho, Meio Ambiente e Saúde da Universidade Federal do Ceará (Tramas/UFC); a Assessoria Jurídica Popular Frei Tito de Alencar (EFTA); a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); o Movimento pela Soberania Popular da Mineração (MAM); o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST); e a Cáritas Brasileira – Regional Ceará.
A iniciativa também conta com o apoio da Justiça nos Trilhos, do Comitê em Defesa dos Territórios frente à Mineração, do Greenpeace, da Rede Brasileira de Justiça Ambiental e da Articulação Antinuclear Brasileira.
Participam da roda de conversa do dia 9/2 a Profª. Talita Furtado, advogada, docente da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA) e integrante do Núcleo Tramas/UFC; o Prof. Estevão Palitot, antropólogo e docente da Universidade Federal da Paraíba (UFPB); Teka Potyguara, agricultora, ambientalista e liderança indígena; e Aurila Maria Sales, do quilombo Nazaré/Itapipoca-CE. A mediação é de Julianne Mello, advogada popular e integrante da Articulação Antinuclear do Ceará. A mesa ainda contará com depoimentos de Elvis Aroerê Tabajara, liderança indígena da Serra das Matas; e Gleidison Karão Jaguaribaras, agricultor, ambientalista e liderança indígena.
Crise hídrica e danos à saúde ameaçam as comunidades
Quilombolas, indígenas, camponeses e comunidades costeiras do Ceará enfrentam uma série de riscos caso avance a exploração de urânio e fosfato através do Consórcio Santa Quitéria. Entre eles estão o desabastecimento hídrico, danos irreparáveis à saúde e impactos ambientais e econômicos. “Nosso objetivo é criar espaços de diálogo entre pesquisadores/as, movimentos e sujeitos dos territórios ameaçados, visando à construção compartilhada de conhecimentos sobre as consequências do projeto e desse modelo de exploração”, afirma a Profª. Raquel Rigotto, pesquisadora e docente da UFC.
Ainda no mês de fevereiro serão debatidos temas relacionados à radioatividade e os riscos à saúde e ao meio ambiente. Já em março, os encontros abordarão a questão das águas; a vida no semiárido e a contaminação radioativa dos territórios; a economia popular; a exploração de fosfato e a problemática do agronegócio, dentre outros.
Serviço:
Diálogos da Mineração de Urânio e Fosfato
1° encontro: quarta-feira (9/2), às 19h30
Links para assistir a programação:
YouTube: https://www.youtube.com/adufc-sindicato
Facebook: https://www.facebook.com/ADUFC
Confira a programação completa: