O ano de 2021 marcou a continuidade de uma pandemia que devastou o país e teve seus efeitos alargados por um governo federal sem compromisso com a vida e os direitos sociais. Foi nesse cenário que a atual Diretoria da ADUFC-Sindicato iniciou sua nova gestão, com a tarefa de dar continuidade a uma série de lutas do cotidiano docente e se somar a um movimento nacional de resistência. Estão entre as lutas e ações deste ano o combate à reforma administrativa, a consolidação de uma agenda cultural no âmbito do sindicato, a promoção de debates relevantes para a categoria, a adesão a atos nacionais e locais por vacina e democracia, o fortalecimento dos grupos de trabalho, dentre tantas outras.
Compondo o Fórum Permanente em Defesa do Serviço Público – Ceará, a ADUFC atuou fortemente neste ano no enfrentamento à PEC 32, inicialmente com atos realizados no estado e depois aderindo à jornada de lutas contra a reforma administrativa em Brasília – a agenda completou 14 semanas ininterruptas de atividades na capital federal (ver matéria completa sobre o tema).
O sindicato participou de diversas semanas da mobilização nacional em Brasília, formando comitivas com diretores e docentes da base. Todo esse processo foi debatido e aprovado pelo Conselho de Representantes (CR) da entidade, que levou para as mobilizações professores da base das três universidades que a ADUFC representa.
A democracia participativa tem sido uma prática recorrente desta Diretoria, submetendo os temas de interesse da categoria aos instrumentos de deliberação, como reuniões do CR e Assembleia Geral (AG). Além do apoio à campanha permanente contra a PEC 32, esses espaços elegeram o Conselho Fiscal da entidade e debateram temáticas como as condições para um retorno presencial seguro; e a participação do sindicato em atos que reivindicavam vacina para todos, comida no prato e recursos para a ciência e tecnologia. Na mais recente AG, em 8/12, docentes aprovaram, por unanimidade, que a volta às salas de aula só ocorra com a exigência e fiscalização do passaporte vacinal e outras garantias sanitárias.
Neste contexto de ataques à democracia e de um projeto de desmonte do Estado em andamento, a ADUFC compôs a organização de diversos atos em Fortaleza e no interior do estado que se somaram à programação nacional da campanha Fora Bolsonaro. Manifestantes protestaram em defesa da democracia e pelo combate à fome, às privatizações e ao aumento da conta de luz, do gás e da gasolina, como na última Marcha dos Excluídos, no dia 7 de setembro.
O sindicato também se mobilizou em campanhas de solidariedade, distribuindo cestas básicas para atender comunidades vulneráveis neste cenário de aumento da carestia, a exemplo das ações do Dia Nacional de Luta – A educação precisa resistir, em 19 de maio, quando foram doadas quatro toneladas de alimentos.
ADUFC pautou debates centrais para dialogar com a comunidade universitária
A ADUFC também debateu com a categoria e a comunidade universitária os desgastes e cansaço acumulados com o ensino remoto. A entidade reconheceu as dificuldades e limitações impostas pelo método, além da falta de condições e infraestrutura para docentes e estudantes. No entanto, sempre em diálogo com sua base, o sindicato acompanhou de perto e resistiu às tentativas desastradas do governo federal, com apoio da Reitoria da UFC (sob intervenção do governo federal há mais de dois anos), de retomar as aulas presenciais quando ainda havia uma alta circulação do coronavírus e faltava vacina para a maioria da população.
O enfrentamento à intervenção na UFC também marcou a agenda da ADUFC em 2021, que manteve a resistência a um reitor ilegítimo iniciada logo após sua posse, ainda em 2019. Em julho deste ano, o sindicato denunciou novos casos de perseguição do interventor da UFC a docentes, desta vez contra diretores de unidades acadêmicas, que tiveram suas notas rebaixadas nas avaliações de desempenho por serem críticos à Reitoria nos conselhos superiores. A ADUFC acompanhou os casos e ofereceu integral suporte jurídico aos professores, que entraram com recursos administrativos pedindo revisão das avaliações.
Não faltaram debates promovido pela entidade sobre a intervenção na universidade, a exemplo de live realizada no dia 21 de julho com participação do Prof. José Geraldo de Sousa Júnior, ex-reitor da Universidade de Brasília (UnB), e a Profª Cynara Mariano, do Programa de Pós-Graduação em Direito da UFC. A atividade ocorreu na série #EmPauta, uma iniciativa da ADUFC para trazer temas relevantes à comunidade universitária.
Sindicato aposta em fortalecimentos dos GTs temáticos e programação cultural diversa
Diante da inviabilidade de realizar eventos presenciais, a ADUFC adequou-se ao formato remoto e conseguiu realizar, além de debates individuais e séries de lives, a Semana do Professor e da Professora da ADUFC, que neste ano homenageou Paulo Freire. A programação trouxe os ensinamentos do educador, ampliando os horizontes possíveis a partir do seu legado para os tempos atuais. O evento contou com mesas de debates, shows, peças de teatro e lançamentos de livros.
A potência da cultura sertaneja, a luta pela reforma agrária e a força das tradições e culturas nordestinas também foram exaltadas na Festa de São João 2021 da ADUFC, apresentada no dia 24 de junho de forma virtual. O evento contou com o espetáculo musical “Remoenda”, com o multiartista João do Crato e integrantes do grupo Na Base da Chinela.
Em reunião no último dia 30 de novembro, o Grupo de Trabalho (GT) Comunicação e Cultura da ADUFC debateu estratégias para fortalecer a atuação cultural do sindicato, incentivar a participação docente nesses espaços e desenvolver uma política cultural que valorize a diversidade de linguagens artísticas. Foram encaminhadas a garantia de uma programação que trabalhe arte e acessibilidade, uma formação permanente de percussão e a retomada do Espaço Cultural da ADUFC com debates e apresentações artísticas. No dia 2/7, em uma articulação do GT, a ADUFC e o grupo teatral Pavilhão da Magnólia apresentaram a peça Os Grandes Vulcões no canal do sindicato no YouTube.
Já o Grupo de Trabalho Políticas de Classe e Étnico-Raciais realizou uma série de debates ao longo do ano, através do programa Quilombo da Ciência, apresentado pela Profª Maria Inês Escobar, coordenadora do GT. A iniciativa visa melhorar coletivamente a compreensão sobre a produção dos pesquisadores negros e negras das nossas universidades, seus objetos de pesquisa, suas pautas, desafios e avanços.
Práticas anticientíficas e antiéticas envolvendo pacientes com Covid-19 atendidos em hospitais privados também foram debatidas no âmbito da ADUFC. O GT Saúde integrou a organização da mesa redonda “Escândalo dos planos de saúde e privatização do SUS”, no dia 19 de outubro. A iniciativa foi puxada pelo Observatório de Políticas Públicas (OPP/UFC) e também contou com a parceria do Coletivo Rebento de Médicos em Defesa da Vida e do SUS.
A defesa da água e da saúde foi pauta, no último dia 10/12, do GT Política Agrária, Urbana e Ambiental, que debateu os impactos socioambientais do projeto de extração de urânio em Santa Quitéria e encaminhou a realização de seminário sobre o tema. Os grupos de trabalho se manifestaram diversas vezes, ao lado da Diretoria da ADUFC, sobre os desmandos do governo federal contra as universidades públicas, como quando o GT de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente assinou nota de repúdio, no último dia 9/11, contra os cortes nos orçamentos das instituições federais de ensino superior.
No dia 26 de junho deste ano, uma das deliberações do Planejamento Participativo para o biênio 2021-2023 da Diretoria da ADUFC-Sindicato foi a intensificação das atividades dos grupos de trabalho. O evento foi aberto a todos/as os/as sindicalizados/as e colocou em pauta os desafios e estratégias para defender a universidade e a democracia no contexto atual do país. Na ocasião, ocorreram reuniões dos GTs do sindicato, que encaminharam propostas de atuação para os meses seguintes.
O ano de 2021 foi duro para o nosso país, que enfrenta a continuidade de uma pandemia que levou a vida de mais de 600 mil brasileiros e de um governo que não apenas se desresponsabiliza da defesa pela vida como amplia os ataques aos direitos civis e sociais. Mas também temos a certeza de que somente a união das forças e dos esforços é capaz de mudar a realidade que nos cerca, de garantir a sobrevivência da universidade pública, de assegurar que toda a sociedade possa ser atendida por um serviço público digno e eficiente. Convidamos todos os professores e professoras do nosso sindicato a se somarem a essa luta coletiva em defesa da educação e dos serviços públicos e, sobretudo, da vida.