No último fim de semana, a ADUFC promoveu uma série de atividades culturais unindo arte e luta nesta reta final do ano. No sábado (11/12), ao lado da SINDUECE e da Regional NE 1 do ANDES-SN, exibiu o filme Marighella no Cine Benfica. Docentes ganharam cortesia com direito a pipoca e um kit com brindes (álcool gel, máscara pff2 e snacks). Após a exibição, houve um debate com participação de Sílvio Mota, juiz aposentado que participou da Ação Libertadora Nacional (ALN), e da Profª. Daniela Dumaresq, do curso de Cinema e Audiovisual da UFC. No domingo (12), foram realizados lançamento de livro e debate.
Após assistirem a Marighella, os participantes participaram com perguntas aos debatedores e compartilharam impressões sobre a obra cinematográfica dirigida por Wagner Moura, que sofreu boicote da Agência Nacional de Cinema (Ancine), atualmente passando por desmonte no atual governo federal.
Sílvio Mota reforçou que o filme se enquadra como um “ato de resistência” a um contexto atual que ameaça as liberdades individuais e os direitos sociais e civis conquistados nas últimas décadas. Ele também falou sobre a convivência com Carlos Marighella, liderança da ALN que lutou contra a ditadura civil-militar iniciada no Brasil em 1964. Um dos pontos abordados no filme é o nacionalismo do personagem central, o que foi confirmado por Sílvio Mota na ocasião. “A única luta que se perde é a que se abandona”, destacou o juiz aposentado, repetindo uma fala de Marighella.
A Profª. Daniela Dumaresq disse que o filme traz uma atualização das discussões, como o protagonismo que dá às pautas raciais, e lembra que a produção lança mão de uma estratégia bastante usada na linguagem audiovisual: a de condensar vários personagens da vida real em um só para representar as ideias daquele período. “O filme também proporciona esses momentos de encontros e debates, que são espaços de formação”, acrescenta.
Já a secretária-geral da ADUFC, Profª. Helena Martins, ressaltou a inspiração das pessoas que combateram o golpe militar de 1964 para as gerações mais jovens de lutadores e lutadoras. “Me chama muita atenção esse altruísmo (retratado em Marighella) em um contexto que vivemos hoje de tanta individualidade”, disse. Integrantes da Ocupação Carlos Marighella – do bairro Mondubim, em Fortaleza – estavam entre os espectadores do filme, no último sábado (11).
Também estiveram presentes no momento contemporâneos de Sílvio Mota que enfrentaram o período de ditadura militar no país, como a Profª. Helena Serra Azul, aposentada da Faculdade de Medicina da UFC, que integrou a Ação Popular (AP). A docente falou da importância da “manutenção da resistência” e citou os desafios atuais no contexto da educação pública, como a censura e os cortes na área de ciência e tecnologia.
Foram veiculados antes do início do filme vídeos da campanha “Defender a Educação Pública, essa é a nossa escolha para o Brasil” lançada pelo ANDES-Sindicato Nacional, em setembro último, para lutar pela recomposição orçamentária. A entidade tem produzido diversos conteúdos, como vídeos, postagens em redes sociais e outros materiais, para dialogar com a população sobre a importância da educação pública de qualidade para a transformação social.
No domingo (12/12) de manhã, a ADUFC promoveu, ainda, atividades na programação do Corredor Cultural do Benfica. A primeira delas foi o lançamento presencial do livro “Nova Gazeta Renana”, no Anfiteatro da Arquitetura (UFC). No lançamento, professores/as receberam gratuitamente o livro e comentaram os artigos. A obra é uma edição inédita no Brasil e compreende todos os artigos de Karl Marx e Friedrich Engels. Em março foi lançado pela Editora Expressão Popular, mas de forma virtual em razão da pandemia. A iniciativa é uma parceria da Escola Nacional Florestan Fernandes e da Fundação Rosa Luxemburgo com a ADUFC-Sindicato, ADUFF, ADUFPEL, ADUFOP e ADUNIRIO.
Logo em seguida, no mesmo local, ocorreu o debate “Educação, cultura e arte: superando desafios em tempos de pandemia”. Participaram da mesa o Prof. Roberto da Justa, diretor da ADUFC e docente da FAMED/UFC; Profª Heulália Rafante, diretora da FACED/UFC; Paola Torres, professora da FAMED/UFC; Maria Amélia Mamede, produtora cultural e jornalista; e Dalwton Moura, compositor, produtor cultural e jornalista.
Saiba mais sobre o livro: