A Jornada de Lutas contra a PEC 32 já resiste em Brasília há cinco semanas em uma grande mobilização nacional que reúne servidores públicos de todo o país. A Diretoria da ADUFC-Sindicato esteve presente por três semanas consecutivas na capital federal, reforçando a agenda de lutas contra a reforma administrativa, e retornará a Brasília no próximo dia 19 de outubro. A pressão de servidoras e servidores públicos tem sido o motivo central do atraso na tramitação da matéria, pois, se dependesse da presidência da Câmara dos Deputados e do governo federal, a proposta já havia sido votada em plenário.
“A gente tem mantido a nossa mobilização contra a PEC 32 porque tem percebido que ela tem surtido efeito (…). Graças à pressão dos servidores públicos de todo o país, a gente tem conseguido adiar (a votação). Mas o que queremos é que essa pauta seja vencida, derrotada de vez”, destaca o Prof. Tiago Coutinho, diretor de Atividades Científicas e Culturais da ADUFC, que esteve em Brasília na jornada de lutas. Ele acredita ser essencial essa vigilância de servidores/as públicos/as neste momento para evitar que o presidente da Câmara Federal, o deputado bolsonarista Arthur Lira, manobre a votação da PEC na Casa.
“Por isso que a gente intensifica a nossa participação em Brasília, para garantir que o governo não faça uma votação na calada da noite, escondida. Porque sabemos que o Paulo Guedes (ministro da Economia), junto com o Executivo e a presidência da Câmara Federal, negociam a compra de votos para aprovar a PEC”, aponta Tiago Coutinho. “Mas a gente sabe também que, com a manutenção da nossa mobilização em Brasília, vai ser difícil (a proposta) passar, mesmo com a compra de votos, porque a gente tem feito uma grande pressão, com a exposição dos parlamentares que se colocam a favor da reforma”, acrescenta o docente.
Nesta última semana, novos atos foram realizados no Congresso Nacional. A frente de mobilização tem concentrado essas atividades nos aeroportos – para receber os deputados federais – e nas visitas a gabinetes parlamentares. Na última quarta-feira (13/10), docentes de vários estados do país realizaram mais uma intervenção no saguão de desembarque do Aeroporto Internacional de Brasília contra a PEC 32. Com faixas e cartazes com dizeres “Se votar, não volta”, manifestantes recepcionaram parlamentares, cobrando para que votem contra a proposta. Durante a tarde do mesmo dia, concentraram-se, junto com outras categorias de servidores públicos, em frente ao Anexo 2 da Câmara dos Deputados.
Diálogo com parlamentares e pressão nas redes sociais reforçam mobilização
No Ceará, o Fórum Permanente em Defesa do Serviço Público tem tido papel importante no diálogo com a bancada federal cearense, resultando em cerca de 80% dos deputados federais do estado contrários à PEC 32. Os integrantes do Fórum, que a ADUFC compõe, já se reuniram com vários parlamentares e também estiveram em Brasília compondo a Jornada de Lutas contra a PEC 32.
Somado a esse corpo a corpo, outro campo de batalha são as redes sociais. É lá que coletivos como a Frente Parlamentar do Serviço Público, com o apoio de entidades associadas, promovem campanhas de comunicação diariamente para cobrar os/as parlamentares sobre a posição a respeito da PEC 32. Tuitaços, pressão nos perfis dos deputados federais nas redes sociais e exposição na internet de parlamentares que podem votar contra o serviço público são algumas das ações diárias de mobilização online.
No início desta semana (11/12), o ANDES-SN conclamou, em circular, sua base sindical nos estados a manter a pressão sobre os/as parlamentares nas próximas semanas em Brasília, e também nas redes sociais, para derrotar de vez a PEC que destrói os serviços públicos. O Sindicato Nacional também orienta que apenas se desloquem a Brasília representantes sindicais com o ciclo vacinal completo na imunização contra a Covid-19 (duas doses da vacina), e que realizem teste de RT-PCR de 48h a 72h antes do embarque (e no retorno à cidade de origem). A PEC 32/2020 poderá ser discutida e votada a qualquer momento no plenário da Câmara dos Deputados.