Após um processo aligeirado e restritivo que dificultou uma apresentação mais ampla de candidaturas, será definida amanhã (15/7) a ocupação de novas cadeiras com representantes docentes nos conselhos superiores da Universidade Federal do Ceará (UFC). Na ocasião, serão realizadas as eleições para duas vagas no CEPE e outras duas no CONSUNI, que devem ser ocupadas por coordenadores/as de Graduação e representantes de ações de Extensão. Os editais, no entanto, foram abertos no dia 9 de julho, com prazo disponível para inscrições dos/as candidatos/as apenas até o dia seguinte. Já os/as dois representantes da Pós-Graduação serão definidos/as no próximo dia 22.
Feito às pressas, o processo de escolha para os referidos conselhos cerceia, restringe e dificulta a participação democrática, visto que a comunidade docente teve menos de dois dias para tomar conhecimento do edital e apresentar-se. A homologação das candidaturas da Graduação e da Extensão foi realizada ontem (13/7) e as eleições ocorrerão apenas dois dias depois. Na Pós-Graduação, os prazos foram menos curtos, mas também insuficientes. O edital foi lançado no dia 13 de julho convocando para o período de inscrições dos candidatos entre os dias 15 e 17 seguintes, divulgação das candidaturas homologadas no dia 20 e realização do processo seletivo já no dia 22 de julho. Não concordamos com essa velocidade do processo eleitoral, que não amplia o debate para que escolhas com esse grau de importância sejam feitas.
Tanto o CONSUNI quanto o CEPE devem cumprir o dever de defender a democracia interna da universidade e preservar a instituição. Para isso, precisamos proteger inicialmente os próprios conselhos e resistir às sucessivas tentativas de enfraquecer a universidade pública. Precisamos estar conscientes e convictos da necessidade de manter a prática da democracia na UFC, porque é ela que nos permite a construção de relações sociais e políticas que visem ao interesse geral, com respeito à diversidade e às minorias.
É a democracia que abre espaços públicos de discussão e explicitação de reflexões, problemas e conflitos, em que podemos todos e todas ser ouvidos e buscar caminhos comuns. Também é ela que nos proporciona aprendizados coletivos, quando acertamos e quando erramos, e assim nos possibilita superarmos a menoridade e a dependência em relação a figuras narcisistas, paternalistas, autoritárias e obscurantistas.
Precisamos escolher representantes que tenham postura crítica ao autoritarismo da reitoria que se instaurou junto com o processo de intervenção na UFC. Desde agosto de 2019, lutamos contra sucessivas tentativas de fechamento de espaços democráticos e de desagregação institucional na universidade, para a articulação desses atos com a agenda autoritária e antissocial do governo Bolsonaro. Por isso, recomendamos fortemente às professoras e aos professores aptos/as a votar que escolham nossos/as representantes no CEPE e no CONSUNI lembrando sempre que estes são espaços de discussão e deliberação coletiva na UFC.
Fortaleza, 14 de julho de 2020
Diretoria da ADUFC-Sindicato
(Gestão Resistir é Preciso – Biênio 2019-2021)