Com o tema “Educação à deriva”, foi ao ar nesta terça-feira (7/7) mais uma edição do Programa Mundo do Trabalho, da Rádio Universitária FM (107.9). Desta vez, com a participação de uma das diretoras da ADUFC-Sindicato, Ana Paula Rabelo, professora do curso de Letras da UNILAB. O intenso troca-troca no comando do Ministério da Educação (MEC) e a falta de políticas nacionais efetivas da pasta também permearam o debate, que foi, originalmente, transmitido via live na página do programa no Facebook, no dia 2 de julho. Na ocasião, o MEC estava sem ministro e, até esta quinta-feira (9/7), permanece sem comando.
O debate teve a participação também do professor David Moreno, coordenador do Sindicato dos Servidores do Instituto Federal do Ceará (SINDSIFCE); e de José Maria Castro, coordenador da Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (FASUBRA).
O programa também pautou a situação da educação nesse período de pandemia de Covid-19. O professor do IFCE, David Moreno, enfatizou a “perspectiva ultraliberal autoritária” do governo Bolsonaro, baseada no subfinanciamento à educação, o que explicaria o descaso atual com a forma que o governo lida com o ensino em meio à pandemia.
Os servidores e técnicos-administrativos têm enfrentado uma situação ainda mais delicada, segundo José Maria Castro, coordenador do FASUBRA. Ele lembrou que os servidores estão sendo obrigados a trabalhar nesse período de pandemia sem as condições necessárias. “Esse governo só tem compromisso com interesses pessoais”, afirmou.
A instabilidade no comando do MEC pautou boa parte do debate, relembrando que, dias antes, a pasta perdia seu terceiro ministro no governo Bolsonaro. Carlos Alberto Decotelli foi ministro da Educação por apenas cinco dias. Ele entregou carta de demissão justamente no dia em que seria empossado (30/6). Ninguém ficou tão pouco tempo à frente do Ministério da Educação. De acordo com a professora Ana Paula Rabelo, o presidente Jair Bolsonaro não possui uma gestão eficiente que consiga gerir a complexa rede de ensino nacional. Segundo afirma, os planos atuais não respeitam a autonomia das universidades; e as instituições estão sem um projeto estruturado de garantia de funcionamento e recebimento de verbas. “O governo já entrou com o processo de desconstruir o projeto educacional do país”, afirmou.
Projeto bolsonarista: negação dos direitos educacionais
A repercussão e os impactos de mais uma mudança no comando do MEC também havia sido analisada pela ADUFC a convite da Rádio O POVO/CBN (95.5 FM) no dia 1º/7. Na ocasião, a Profª. Irenísia Oliveira, vice-presidente do sindicato, foi enfática ao apontar a negação dos direitos educacionais no projeto bolsonarista de governo. “Quando se colocou o Decotelli, não havia uma mudança de projeto, nem mesmo a inflexão. Era também um economista como Abraham Weintraub, alguém do mundo dos negócios e também alguém que tinha uma função ideológica ali. Quem for nomeado agora não me parece que vai destoar desse projeto econômico, que visa tirar dinheiro da educação; e ideológico, para justificar por que se está tirando dinheiro da educação. Então, é atacar qualquer ideia de concessão de direitos universais, de igualdade e cidadania para todos. (…) E a educação é central na ideia de igualdade social”, afirmou.
(*) O programa Mundo do Trabalho tem apresentação do jornalista Márcio Rodrigues e é transmitido toda terça-feira, das 14h às 15 horas, na Rádio Universitária FM. Para assistir à live transmitida originalmente no dia 2 de julho, CLIQUE AQUI.