No caminho inverso à insistência da administração superior da UFC, o Conselho de Representantes da ADUFC segue na defesa irrestrita da suspensão do calendário acadêmico por tempo indeterminado – com a manutenção de um calendário único garantindo a recuperação de 100% das aulas para os estudantes que não têm acesso à internet. Os/as conselheiros/as também se manifestam contra a substituição de aulas presenciais por atividades remotas e discordam do formato que está proposto para os Encontros Universitários 2019, com previsão de início para esta quarta-feira (20). A orientação é para que professores e estudantes não participem do evento. As deliberações foram aprovadas em reunião realizada por videoconferência, no último dia 12.
Não se trata de rejeição simples a aulas ou atividades virtuais, mas da viabilidade de garantir isonomia e acesso dos estudantes às disciplinas. As deliberações do Conselho são respaldadas na impossibilidade de garantia da qualidade do ensino e mesmo o acesso da totalidade dos alunos às atividades remotas. Também não existe estrutura na universidade para o preparo de material a ser utilizado nesse tipo de aula, nem instrumentos necessários pra ampliar as formas de contato com os estudantes nesse período.
Os problemas em relação a atividades remotas e/ou de EaD vêm sendo apontados
desde o início da pandemia, por diretores de unidades, entidades
representativas, chefes de departamento. Entre as inúmeras razões relatadas,
estão: desigualdade no acesso à internet, condições de saúde mental neste
momento de pressão, impossibilidade de realização de aulas práticas e estágios
supervisionados e necessidade de unificação de um calendário comum depois da
crise. Durante a reunião, os/as professores também argumentaram a necessidade
de garantia de condições materiais para qualquer tipo de atividade virtual que
possa ser implementada na universidade. E a defesa da volta às aulas
presenciais apenas quando houver as condições sanitárias adequadas para
garantir a preservação da saúde de estudantes e servidores docentes e
técnico-administrativos.
EU 2019: orientação é não participar
Após pressão das Unidades Acadêmicas e da ADUFC, a Administração Superior da UFC anunciou, no dia 30 de abril, durante videoconferência, que a participação nos Encontros Universitários seria facultativa e sem uso de laboratórios de informática. A decisão foi anunciada após diversos questionamentos feitos pela categoria docente, que sugeria a suspensão do evento. Além da ADUFC, diretorias de Unidades Acadêmicas, colegiados e conselhos de faculdades, manifestaram-se através de comunicados oficiais e cartas abertas.
O Conselho de Representantes da ADUFC segue a mesma orientação: recomenda fortemente aos colegas que não participem dessa edição online dos Encontros Universitários 2019. A decisão foi tomada de forma coletiva e representativa, durante videoconferência com 55 participantes. O Conselho defende ainda que os relatórios previamente apresentados já sirvam como efeito para expedição dos certificados que precisam ser enviados aos estudantes.
Ações de solidariedade serão ampliadas
Para além da defesa da universidade pública, há o entendimento do papel social do sindicato na luta por uma sociedade mais justa. Diante do cenário que se apresenta no Ceará, com 26.107 casos confirmados e 1.692 mortes por Covid-19(*), o Conselho de Representantes da ADUFC aprovou a ampliação do orçamento para ações da Rede de Solidariedade da qual o sindicato participa, em apoio a populações mais vulneráveis em isolamento social. Essas ações vão envolver recursos da ordem de R$ 10 mil mensais – podendo alcançar o teto de R$ 20 mil quando for utilizado também o orçamento dos Grupos de Trabalho (GTs).
Cândido é denunciado no MPF
Na mesma reunião, os/ conselheiros/as aprovaram uma nota de repúdio e autorizaram uma representação junto ao Ministério Público Federal (MPF) contra o interventor Cândido Albuquerque, que vem dando recorrentes exemplos de autoritarismo e personalismo, atacando o princípio de gestão democrática na UFC. As denúncias foram encaminhadas ao MPF no último dia 14, via assessoria jurídica da ADUFC, que assina a representação juntamente com SINTUFCE, DCE/UFC e APG-UFC. A peça jurídica solicita, entre outros pontos, a instauração de inquérito civil para apuração de eventual improbidade administrativa cometida pelo interventor.
(*) Números atualizados às 14h08 de hoje (18/5), pela plataforma IntegraSUS, da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa). Foram 1.852 casos e 51 óbitos a mais que o registrado no dia anterior. A maioria dos casos se concentra em Fortaleza, com 16.106 casos e 1.209 mortes.
(**) Para acessar a nota de repúdio do Conselho de Representantes da ADUFC, CLIQUE AQUI.