Como parte das ações de diálogo com a comunidade e entendendo o papel social essencial da classe docente, a ADUFC realizou, no último sábado (28/3), a terceira edição de sua live stream #EMPAUTA. A transmissão ao vivo nas redes sociais do sindicato trouxe o tema “Preservação da vida ou do mercado?”, em duas horas de conversa – aberta ao público com cinco professores/pesquisadores da Universidade Federal do Ceará (UFC). A próxima live ocorrerá nesta sexta-feira (3/4), às 16 horas, com o tema “Fake News e vigilância tecnológica em meio à pandemia: Desafios para a Democracia”.
Diante de um contexto inédito no Brasil e no mundo, os especialistas foram provocados a discutir, na live do sábado, sobre o que está sendo feito para enfrentar a crise econômica e os impactos da proliferação da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. “Também vamos avaliar as atitudes do governo em relação a como enfrentar esse momento”, iniciou André Ferreira, professor do Departamento de Teoria Econômica da UFC e tesoureiro-geral da ADUFC, e que conduziu o debate.
Participaram da transmissão e responderam perguntas dos internautas os(as) professores(as) da UFC: Alba Pinho, do Departamento de Ciências Sociais e coordenadora da Rede Universitária de Professores sobre América Latina (Rupal); Fábio Sobral, dos cursos de Economia Ecológica e Economia; Fernando Pires, do Departamento de Teoria Econômica e coordenador do Observatório de Políticas Públicas; e ainda Marcelo Lettieri, colaborador do CAEN-UFC e também diretor técnico do Sindifisco DS/Ceará.
Para o professor Fernando Pires, a discussão sobre a temática é oportuna, na medida em que toda a população sofre, em particular a brasileira. Ele considerou estarmos vivendo “um momento muito singular da história em que, pela primeira vez, o mundo está se colocando numa situação de reclusão” e “um dilema civilizatório impressionante”. Pires observou que, numa escala planetária, esse fato nunca havia ocorrido – todos terem de se isolar fisicamente, mesmo que não socialmente (porque mídias permitem esses contatos sociais, aponta).
“Salvar a vida coletiva no Brasil”
Retomar a construção do bem estar social que foi interrompida desde que começou – com a Constituição de 1988, e que foi atacada o tempo inteiro. É uma das necessidades urgentes apontadas pelo professor Marcelo Lettieri para enfrentar a crise. Em sua avaliação, “está muito clara a necessidade e sistema de saúde público e universal, do fortalecimento do SUS, da Assistência Social, da Previdência Social e da reconstrução de tudo o que foi e vem sendo desmontado recentemente”. Lettieri também criticou a “guerra interna” que vem ocorrendo no Governo Federal, fazendo com que percamos tempo no enfrentamento à crise.
“O grande paradigma que a gente vai quebrar agora é o da austeridade fiscal. E precisou acontecer uma tragédia pra isso. Precisamos quebrar o mito de que o estado não tem dinheiro. Isso é hipocrisia. O mundo inteiro está jogando dinheiro pra salvar o mercado e as pessoas. Nós temos dinheiro. Precisamos discutir é como operacionalizar isso”, alertou o economista.
A professora Alba Pinho classificou a atual pandemia como um “marco histórico desse século 21” que não deve ser pensando como um desastre meramente natural ou uma “peste apocalíptica”. Na avaliação da socióloga, a tragédia que o mundo enfrenta hoje tem inegáveis dimensões políticas, sociais e econômicas. “As circunstâncias nas quais a mutação desse vírus ocorrem depende das ações humanas, do padrão de vida social que nós temos. Essa pandemia nos coloca de maneira trágica e de forma irremediável com os limites estruturais desse capitalismo global e da lógica ultraneoliberal sem limite de expansão e que está implodindo”, disse.
O debate também foi considerado “fundamental” pelo professor Fábio Sobral, que também classifica o momento como “gravíssimo na história do mundo”, mas ainda mais no Brasil. No entanto, também é um período de reflexão muito rico, “porque os princípios estão sendo abalados profundamente”, argumenta. Ele defendeu, entre outros pontos, a estatização do sistema financeiro e o perdão das dívidas pessoais. “Temos de salvar a vida coletiva no Brasil”, afirmou.
A pandemia do novo coronavírus começou a assolar a população brasileira nas últimas semanas. A proliferação da doença vem atingindo níveis alarmantes, tendo chegado à transmissão comunitária no Ceará e a necessidade prioritária de isolamento social. De acordo com o mais recente boletim da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), divulgado nesta terça-feira (31/3), 401 casos já foram confirmados no Ceará, com sete mortes.
André Ferreira destacou a importância dos 40 anos de história da ADUFC reforçando que o papel do sindicato vai além da defesa da carreira docente. “É nosso papel defender também a universidade pública, a democracia e uma sociedade mais justa. Isso faz parte da nossa construção como sociedade e nós, professores universitários, devemos intervir nessas discussões também”, ressaltou o docente.
ADUFC elenca defesa do SUS
Durante a transmissão ao vivo anterior (28/3), a ADUFC havia convidado um especialista para tirar dúvidas dos internautas e trouxe à baila a relevância do Sistema Único de Saúde (SUS) na contenção da epidemia. A transmissão ao vivo teve a participação do médico Guilherme Henn, que é mestre em Saúde Pública e Epidemiologia das Doenças Infecciosas e Parasitárias, além de professor do Departamento de Saúde Comunitária da Faculdade de Medicina da UFC. A conversa foi mediada pelo presidente da ADUFC e professor do Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular da UFC, Bruno Rocha.
Calendário das lives #EMPAUTA
O quarto programa da série de lives #EMPAUTA vai ocorrer na próxima sexta-feira, dia 3 de abril, a partir das 16 horas. Desta vez, a ADUFC puxa mais uma discussão necessária: “Fake News e vigilância tecnológica em meio à pandemia: Desafios para a Democracia”. Transmitida novamente pelas redes sociais do sindicato (Youtube e Instagram) e aberta à participação do público, três professores/pesquisadores conduzirão o debate: Profª. Helena Martins (Publicidade e Propaganda/UFC), coordenadora do Laboratório de Pesquisa em Políticas, Tecnologia e Economia da Comunicação e integrante do Coletivo Intervozes; Prof. Tiago Coutinho (Jornalismo/UFCA), também membro do Coletivo Intervozes e secretário-geral da ADUFC; e Pedro Mourão, doutorando em Sociologia (Uece) com estudo sobre comportamento político nas redes sociais, e graduando em Análise e Desenvolvimento de Sistemas (Estácio).
As últimas três lives realizadas pela gestão Resistir é Preciso podem ser assistidas, na íntegra, no canal da ADUFC no Youtube:
. Em Pauta #1 | “Reforma pra quem? Uma conversa sobre a Reforma da Previdência” (19/7/2019)
. Em Pauta #2 | “Prevenção do Coronavírus e a importância do SUS no combate à pandemia” (18/3/2020)
. Em Pauta #3 | “Preservação da vida ou do mercado?” (28.3.2020)
Ou acesse a playlist com todas as edições do #EMPAUTA CLICANDO AQUI.