O Coletivo de Negros e Negras do ANDES-SN realizou manifestação que trouxe, além da pauta antirracista, a luta pela Visibilidade Trans e pelos direitos das populações indígenas (Fotos: Eline Luz/Imprensa ANDES)
Realizado entre os dias 27 e 31 de janeiro, o 43º Congresso do ANDES-SN, em Vitória (ES), tem seu último dia de plenárias e movimentações nesta sexta-feira. Organizado pela Associação dos Docentes da Universidade Federal do Espírito Santo (Adufes – Seção Sindical do ANDES-SN), o evento tem como tema central “Só o ANDES-SN nos representa: dos locais de trabalho às ruas contra a criminalização das lutas”. A atividade ocorre na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e reúne mais de 600 docentes de todo o país que durante cinco dias realizaram plenárias, reuniões e grupos de estudos sobre temas como conjuntura e movimento docente, plano de lutas e questões organizativas e financeiras.
Para a Profª. Amanda Pino, do Centro de Ciências e Tecnologia (UFCA) e diretora de Patrimônio da ADUFC, participar do Congresso do ANDES-SN pela primeira vez como delegada foi uma experiência entusiasmante. “Pela minha experiência, eu acredito que cada professor/a deveria participar pelo menos uma vez do Congresso. A gente acaba ficando muito entusiasmada de estar no centro das discussões e do planejamento das nossas atividades como docente. Temos a oportunidade de trazer as discussões da base para o debate e colaborar na construção da nossa agenda de lutas. E isso acaba dando a possibilidade de que as bases contribuam diretamente com as nossas próximas atividades”, comentou.
A professora ressaltou também a metodologia usada no Congresso do ANDES-SN que permite que, de fato, as contribuições da base sejam incorporadas, assim como a importância da troca com colegas docentes de outras seções sindicais e universidades. “Esse processo de conhecer, socializar e ter contato direto com professores/as das mais diversas seções sindicais e universidades, faz também com que a gente tenha essa possibilidade de conhecer a realidade de outros locais e de compartilhar experiências para que com isso a gente consiga construir uma seção sindical cada vez melhor”, afirmou.
A Prof.ª Silvia Viana, da Engenharia Mecânica (Russas/UFC), também está participando do Congresso pela primeira vez e avalia a experiência como muito enriquecedora. “Tive a oportunidade de participar de debates muito importantes nos grupos de trabalho e nas plenárias. Debates sobre carreira e movimento docente, plano de lutas, questões organizativas e financeiras. A metodologia de trabalho do Congresso divide os participantes em grupos menores para oportunizar o debate entre pessoas mais experientes e menos experientes, pessoas de diferentes instituições, diferentes regiões e diferentes realidades. A participação no Congresso do ANDES além de ser um momento para reformular nosso plano de lutas, é também um momento de formação política. Questões muito importantes como assédio moral, assédio sexual, direitos humanos e trabalhistas são abordados. Assédios moral e sexual, discriminações sexual, racial, social e de corpos não devem acontecer nas nossas instituições, precisamos difundir essas informações, fazer campanhas e regulamentar normas próprias”, contou.

43º Congresso destaca luta antirracista, visibilidade trans e defesa dos povos indígenas
A tarde do dia 29 de janeiro foi marcada por uma manifestação organizada pelo Coletivo de Negras e Negros do Sindicato Nacional, que trouxe, além da pauta antirracista, a luta pela Visibilidade Trans e pelos direitos das populações indígenas. Com participação do Coletivo LGBTI+ do ANDES-SN, as e os manifestantes reivindicaram uma universidade e uma sociedade livres de racismo e transfobia e com respeito aos povos originários.
Dezenas de manifestantes se concentraram na tenda do Congresso e fizeram um percurso, dentro do campus de Goiabeiras da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), até a Reitoria, onde protestaram contra o racismo nas instituições públicas de ensino superior. A diretora do ANDES-SN, Prof.ª Jacyara Paiva, salientou que as pessoas negras têm trabalho redobrado para desenvolver suas atividades dentro da universidade.
“Nós queremos garantia de que possamos ser como qualquer outro pesquisador ou outra pesquisadora, que não tenha que se preocupar com nada, senão a pesquisa e construir o conhecimento. Mas, infelizmente, quando nós entramos nas nossas universidades, nós descobrimos que nós temos que nos preocupar também com a nossa sobrevivência. Nós vivemos o epistemicídio, nós vivemos o apagamento quando nós ousamos lutar. E eu digo para vocês, ainda que tenhamos vitória, as vitórias não apagam as nossas dores. As vitórias não apagam a violência sofrida. A vitória não fecha as nossas cicatrizes”, afirmou.
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Plano de Lutas 2025
Após os debates nos grupos mistos de trabalho realizados na terça-feira (28) e na manhã de quarta (29), as e os participantes do 43º Congresso do ANDES-SN retomaram, na tarde do dia 29, as plenárias deliberativas, com as deliberações dos planos de luta dos setores das Estaduais, Municipais e Distrital (Iees, Imes e Ides) e das Federais (Ifes). Os debates e votações das propostas para a luta dos setores foram concluídos na manhã da quinta-feira (30).
No debate do plano de luta do Setor das Federais, destacaram-se a crítica ao não cumprimento do acordo de greve por parte do governo federal e a discussão sobre ações para pressionar pelo cumprimento de todos os itens pactuados, inclusive aqueles que não dizem respeito às questões orçamentárias, em especial pelo fim do controle de ponto para docentes do Ensino Básico, Técnico e Tecnológico (EBTT).
Foi deliberado que o ANDES-SN manterá a mobilização da categoria para pressionar o governo Lula e o Congresso Nacional pela efetivação do Termo de Acordo de Greve e que, no caso de descumprimento do reajuste salarial em janeiro de 2025, convoque rodada de assembleias para avaliar a construção de nova greve. Além disso, o Sindicato Nacional realizará uma reunião do Setor das Federais no final de fevereiro de 2025 para avaliar as ações para pressionar por celeridade para se receber o reajuste salarial.
O ANDES-SN, por meio do Setor, também intensificará as cobranças ao governo, realizando ações em âmbito nacional e local nas Ifes, pelo cumprimento da integralidade dos itens do Acordo de Greve 10/2024, em articulação com as demais entidades da educação e do conjunto de servidoras e servidores federais, com destaque para fim do ponto eletrônico nas Ifes; a previsão de regras nacionais e a uniformização de procedimentos de progressão e promoções; e por um desenvolvimento vertical da carreira docente, mediante a avaliação pelos pares, orientado prioritariamente pelo cumprimento do regime de trabalho docente para o período de interstício e contra o estabelecimento de métricas produtivistas e de competição que imponham quaisquer travas ao exercício do direito de progressão funcional.
No âmbito do Setor das Federais, o ANDES-SN e suas seções sindicais também lutarão para derrotar os ataques, a servidores e servidoras e às políticas sociais, previstos no pacote fiscal de novembro de 2024, uma consequência direta do Novo Arcabouço Fiscal (NAF), bem como contra a desvinculação dos mínimos constitucionais da saúde e educação, entre outros enfrentamentos que estarão na pauta dos e das docentes federais em 2025, como a contrarreforma administrativa já em curso e os ataques contidos na Medida Provisória (MP) 1286/24, entre os quais a expansão sistema de desenvolvimento na carreira (SIDEC) para outras carreiras, lógica de pontuação e avaliação de desempenho individual.
Foram aprovadas também a realização de painéis para discutir o papel das universidades virtuais e demais modalidades de teletrabalho e de ensino com contratação precária por bolsas e tutoria e as condições de trabalho e aspectos de infraestrutura das IFes, a partir dos relatos das seções sindicais, além de debater também o orçamento das instituições e o seu incremento via emendas parlamentares.
+ Confira a notícia completa da aprovação dos planos de luta dos setores do ANDES-SN para 2025 aqui


A presidenta da ADUFC, Prof.ª Irenísia Oliveira, destacou o engajamento dos/as participantes no 43º Congresso o que permitiu que as atividades tivessem movimentações de muita qualidade. “Congresso muito participado, muito movimentado em termos de debates e de deliberações, e atualizando o plano de lutas, para que nossa categoria tenha sintonia nas ações e nas estratégias ao longo desse ano de 2025, na defesa da carreira docente, da universidade pública e da democracia em nosso país e no mundo”, refletiu.
O 43º Congresso segue até a noite da sexta-feira (31) com os debates organizativos do movimento docente. Participam do evento representantes de 88 seções sindicais. A delegação da ADUFC no Congresso é formada pelas/os professoras/os Irenísia Oliveira (presidenta da ADUFC/Departamento de Literatura/UFC), Bruno Rocha (Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular/UFC), André Ferreira (Departamento de Teoria Econômica/UFC), Milton Jarbas (Centro de Ciências Sociais Aplicadas/UFCA), Vanessa Jakimiu (Faculdade de Educação/UFC), Silvia Viana (Engenharia Mecânica/UFC-Russas), Sônia Pereira (diretora de relações intersindicais da ADUFC/Faculdade de Educação/UFC), Maria do Céu de Lima (1ª secretária da Regional NE-1 do ANDES/Faculdade de Educação/UFC), Luana Viana (diretoria da ADUFC/Engenharia Ambiental e Sanitária e Engenharia Civil/UFC-Crateús) e Amanda Pino (diretora de Patrimônio da ADUFC/Centro de Ciências e Tecnologia/UFCA).
*Com informações do ANDES-SN