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IMPOSTO DE RENDA — Estudo do Sindifisco aponta que taxação de ricos pode garantir isenção de mais pobres sem perda na arrecadação

Fernando Haddad anunciou medida de ampliação da isenção do imposto de renda, mas Governo ainda não enviou proposta ao Congresso Nacional (Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil)

Estudo do Sindicato dos Auditores-Fiscais da Receita Federal (Sindifisco Nacional) divulgado na última sexta-feira (3) indica que a taxação extra de cerca de 160 mil pessoas que ganham mais de R$ 600 mil por ano deve compensar a perda de arrecadação do governo federal para isentar do Imposto de Renda (IR) 16,1 milhões de trabalhadores e trabalhadoras que ganham até R$ 5 mil por mês. De acordo com a pesquisa, essa taxação extra poderia, inclusive, gerar até um ganho na arrecadação de cerca de R$ 6 bilhões por ano. 

O aumento da faixa de isenção do Imposto de Renda foi anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no final de novembro. No entanto, nenhum projeto sobre o assunto foi encaminhado ao Congresso Nacional até agora. O Governo Federal, porém, anunciou que pretende colocar a questão em pauta em 2025 para que a ampliação da isenção passe a valor no ano seguinte (2026). Hoje são isentos/as do Imposto de Renda trabalhadores e trabalhadoras que ganham até R$ 2.824,00  por mês, valor correspondente a dois salários mínimos vigentes no ano de 2024. No final de 2024, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou decreto elevando o salário mínimo nacional para R$ 1.518,00, mas a tabela para cobrança do IR ainda não passou por reajuste após o aumento.

Segundo o Sindifisco, a tabela do IR acumula uma defasagem de 149,19% desde 1996. Essa defasagem sinaliza que o valor de isenção do imposto deveria ser mais do que o dobro do atual para que a carga tributária sobre a renda equivalesse à de 28 anos atrás. A proposta do governo de elevar a faixa de isenção para R$ 5 mil, além de corrigir a tabela de forma a também beneficiar quem ganha até R$ 7 mil, reduziria a defasagem para 87,26%, mas diminuiria a arrecadação federal em R$ 35 bilhões por ano. 

O governo já sinalizou que não pretende abrir mão desses recursos e, desta forma, pretende compensar a perda de arrecadação com a ampliação da isenção cobrando imposto sobre a renda total dos mais ricos do país, aqueles que ganham mais de R$ 600 mil por ano. Esse imposto seria cobrado sobre todo o rendimento anual, independente da fonte dos ganhos. Na proposta feita pelo Sindifisco em seu estudo, a alíquota teria variação de 2% da renda acima de R$ 600 mil até 10% para quem ganha acima de R$ 1,2 milhões por ano. A variação, apesar de ter sido ventilada na imprensa, não foi proposta oficialmente pelo governo. 

Ainda segundo o Sindifisco, a criação de uma taxação extra sobre os rendimentos de quem ganha acima de R$ 600 mil por mês traria equilíbrio para a alíquota efetiva de Imposto de Renda pago por essa pequena parcela da população. Hoje, em indicador do Sindifisco, miliários comprometem menos de 10% da renda com impostos. Por exemplo, quem ganha R$ 24,5 milhões anuais compromete 5,12% da renda com o pagamento de impostos. Já um/a docente universitário/a compromete 12,8%, mais que o dobro. Se a proposta do governo federal elevasse a alíquota dos miliários para os mesmos 12,8%, a arrecadação anual do país poderia subir em R$ 35,5 bilhões.

Não existe fundamento ético ou econômico que justifique uma pessoa física bilionária pagar menos impostos do que um professor universitário. O ideal seria que a mudança fosse ainda mais ousada e corrigisse tais distorções. Porém, sabemos da dificuldade de aprovação de tais medidas no Congresso Nacional”, afirma Isaac Falcão, que esteve como presidente do Sindifisco Nacional até dezembro último. 

(*) Com informações do Brasil de Fato

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