Os últimos fatos trazidos pela imprensa têm revelado uma trama golpista urdida por militares e a cúpula do governo Bolsonaro. O plano elaborado e impresso dentro do Palácio do Planalto previa, entre suas ações, os assassinatos do então presidente eleito pelo voto popular, Luiz Inácio Lula da Silva, de seu vice Geraldo Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
A gravidade das denúncias que envolvem 37 pessoas, todas próximas a Bolsonaro, incluindo assessores e seu vice Braga Netto, deixa a todos escandalizados — mas não surpresos. Escandalizados pela ousadia, prepotência e arrogância de militares que revelaram absoluto desprezo às regras democráticas que regem nosso país, regras essas conquistadas somente há quatro décadas, depois de um nefasto período autoritário. Mas não estamos surpresos, porque foram muitas as ameaças e as demonstrações de saudosismo da extrema direita em relação aos anos de barbárie, das prisões, das torturas e dos desaparecimentos da Ditadura Militar iniciada em 1964.
Nosso breve interregno democrático viria a ser interrompido por mais um golpe em 2016, desta feita usando artifícios para depor a presidenta Dilma Rousseff. Na ocasião, o então deputado e ex-capitão do Exército, Jair Bolsonaro, “homenageou”, em um gesto repulsivo, o torturador Brilhante Ustra. Esses eventos constituem a antessala do que vem se desenrolando no país, quando se alçam dos covis da ditadura personagens tétricos para nos lembrarem da urgente necessidade de memória e de justiça contra as atrocidades do regime militar. Faltaram punição e responsabilização nos inícios de nossa redemocratização. E estamos agora percebendo estupefatos o preço da amnésia de parte da sociedade.
Não podemos repetir esse erro agora diante dos golpistas que emergiram dos porões da ditadura para aplicar um novo golpe — a rataria, como eles mesmos se denominam. Esse momento exige de todos e todas uma posição firme e de luta em defesa da democracia. Não podemos nos calar diante de tão graves ameaças. Nesse sentido, a Diretoria da ADUFC vem, por meio desta nota, levantar a voz contra a tentativa da extrema direita de instituir um regime autoritário e assassino no país. Sofremos recentemente as mazelas de um governo fascista, com centenas de milhares de pessoas mortas na pandemia e intervenção nas Universidades Públicas, e compreendemos que o golpismo representa um ataque aos princípios constitucionais que, de forma transversal, garantem nossos direitos e permitem avançar no aprofundamento e consolidação das igualdades e da cidadania.
Ditadura nunca mais!
Fortaleza, 29 de novembro de 2024
Diretoria da ADUFC
Gestão ADUFC Nas Lutas
(Biênio 2023-2025)
