O Rio de Janeiro recebe, nos dias 18 e 19 de novembro, a Cúpula de Líderes do G20 – grupo formado por lideranças financeiras das 19 maiores economias mundiais mais a União Africana e a União Europeia. Paralelamente ao encontro, no dia 14, de forma autônoma, organizações da sociedade civil, redes, sindicatos e movimentos populares se reúnem na Cúpula dos Povos Frente ao G20. A partir das 14h, na Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro, a mobilização busca denunciar a responsabilidade do bloco econômico em relação à fome, às guerras, à crise climática e à exploração do trabalho e da natureza. Com participação na Cúpula dos Povos, a ADUFC também apoiou caravana de movimentos sociais do Ceará para o evento.
“Além de apontar as contradições do G20 e sua parcela de responsabilidade na produção de desigualdade social e econômica no planeta, também são nossas bandeiras temas como a urgência de novas abordagens à questão ambiental; a luta antirracista; e a solidariedade internacional, como no caso do povo palestino e a situação na Faixa de Gaza. A Cúpula dos Povos discutirá sobre os problemas gerados pelo sistema capitalista e sua ideologia neodesenvolvimentista que afetam diretamente as vidas das trabalhadoras e dos trabalhadores, no campo e na cidade – produzindo fome, miséria e destruição da natureza”, afirma Francisco Vladimir, articulador nacional da Rede Jubileu Sul e da comissão operativa da Cúpula dos Povos frente ao G20. Com organização autônoma, independente e autofinanciada, a Cúpula também busca amplificar o grito por justiça e reparações para os povos de todo o mundo em um processo de unidade, luta e resistência.
“Junto às questões ambientais e do aumento da desigualdade social, é de suma importância debater a disputa entre nações para o enriquecimento de uns poucos e a digitalização da nossa vida, que vem comprometendo a saúde da população”, ressalta a Prof.ª Sônia Pereira, diretora de Relações Intersindicais da ADUFC-S.Sind, que representará o sindicato na Cúpula dos Povos. “Será um momento de luta, de resistência. E também de acúmulo de conhecimento e vivência para que possamos dividir com colegas e fortalecer a nossa participação e representação sindical”.
“Nós temos realizado plenárias e discutido não somente os temas prioritários do G20 e as fragilidades e os impactos desse fórum na vida das populações, seu histórico de contribuição para a geração e manutenção das desigualdades e vulnerabilidades sociais, mas também as prioridades da sociedade civil, mapeando suas prioridades e recomendações em propostas de políticas públicas”, conta Nairóbi Souza, assessora de desenvolvimento institucional do Instituto Terramar e integrante do Comitê Ceará frente ao G20 e à COP 30. A ADUFC sediou uma das plenárias preparatórias, no último 16 de julho. “O que o governo brasileiro elencou como prioridade de agenda durante sua presidência no G20, a sociedade civil historicamente tem lutado e contribuído com esses temas ao longo de décadas”, finaliza.
Na presidência do G20 desde o ano passado, o governo do presidente Luís Inácio Lula da Silva colocou na pauta de prioridades do grupo a reforma da governança global, as três dimensões do desenvolvimento sustentável (econômica, social e ambiental) e o combate à fome, pobreza e desigualdade.
Participação do Ceará na Cúpula
Para o Ceará, o Comitê Cearense frente ao G20 e à COP 30 salienta que uma das pautas principais é o combate à visão romântica que o governo tem propagado sobre a transição energética — ou “energias limpas, verdes”. “Historicamente povos e comunidades tradicionais têm denunciado os inúmeros impactos socioambientais desses grandes empreendimentos em seus territórios e modos de vida, frutos do racismo ambiental. O Comitê tem não só denunciado e visibilizado esses impactos, mas também proposto políticas públicas que contemplam povos e comunidades tradicionais”, resume Nairóbi. “Essa articulação local, nacional e internacional é uma riqueza de conhecimento e proposições que contribui e contribuirá junto ao mundo. É urgente que os líderes mundiais escutem e coloquem em prática as reivindicações e recomendações da sociedade civil”, finaliza.
A caravana com movimentos e organizações cearenses saiu da capital no último dia 11 de novembro, e deverá permanecer no Rio de Janeiro até o dia 16, com representantes do Movimento dos Conselhos Populares, da Frente de Luta por Moradia Digna, do Jubileu Sul Brasil, da Marcha Mundial das Mulheres, da Federação de Bairros e Favelas, do Movimento Negro Unificado, da Central dos Movimentos Populares, da Juventude Patria Livre e da Kizomba.
O grupo participa, no dia 14, de plenárias sobre Justiça Socioambiental e Crise Climática; Lutas Antipatriarcais e Antirracistas no enfrentamento às desigualdades; A luta anticapitalista e a governança mundial; e Internacionalismo e a Soberania dos Povos. Já no sábado, dia 16, a Cúpula dos Povos realiza a Marcha “Palestina Libre do Rio ao Mar. Fora Imperialismo!”, com concentração a partir das 8h, no Posto 6 da Praia de Copacabana.