A atividade iniciou no Auditório José Albano com debate e encerrou no Bosque Moreira Campos com sarau e roda de samba (Fotos: Nah Jereissati/ADUFC)
A ADUFC promoveu, na última quinta-feira (26), o debate “Identidade e resistência: a diversidade na academia, na luta e na vida”, no Auditório José Albano da Universidade Federal do Ceará (UFC). A atividade contou com a presença das professoras Letícia Carolina Nascimento, 2ª vice-presidenta da Regional Nordeste 1 do ANDES-SN, e Luma Andrade, diretora do Instituto de Humanidades da UNILAB; e da multiartista, pesquisadora e educadora Fernanda Meireles. Sob mediação da Prof.ª Amanda Pino, diretora de Patrimônio da ADUFC, a mesa debateu os desafios e as estratégias de fortalecimento da comunidade LGBTQIAPN+ no contexto das universidades e do movimento sindical. Na ocasião, a ADUFC também lançou as novas bandeiras temáticas do sindicato, com símbolos dos movimentos negro, LGBTQIAPN+ e de mulheres.
Ao abrir o debate, a Prof.ª Amanda Pino refletiu sobre como a luta e o orgulho LGBTQIAPN+ não se limitam a uma data específica. “Todos os meses são nossos, todas as datas são nossas. São muitas letras para trazer as nossas vivências, os nossos amores, as nossas experiências de vida. Não se limita a junho, a agosto, a setembro. É um tema para debater a todo momento“, disse.
Em sua fala, a Prof.ª Letícia Nascimento pontuou a importância da perspectiva interseccional na luta docente por direitos. “Não sou apenas uma trabalhadora da educação. Eu sou uma mulher travesti, negra, nordestina e todos esses atravessadores não podem ser considerados menores do que a minha condição de trabalhadora. Essa compreensão integrada de classe trabalhadora é fundamental dentro do nosso sindicato para acolher as diversas opressões que nos atravessam”, afirmou. Na ocasião, Letícia também apresentou a campanha “Sou Docente Antirracista”, que está sendo promovida pelo Grupo de Trabalho Políticas de Classe para as Questões Étnico-raciais, de Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) do ANDES-SN. A campanha surgiu como deliberação do 42º Congresso do sindicato nacional, sediado em Fortaleza em fevereiro último.
Em seguida, a artista Fernanda Meireles se deteve numa retrospectiva pessoal sobre sua vivência como pessoa LGBTQIAPN+ na cidade de Fortaleza, trazendo a importância da Universidade no seu percurso e do encontro e reconhecimento de outros sujeitos nessa caminhada: “A maioria do mundo é feito de minorias. Nós na verdade somos a grande maioria. A gente só precisa ter outras estratégias e consciências, mas a gente brota em todo lugar”, afirmou. Fernanda apresentou ainda o trabalho do Sapato Largo, coletivo de pesquisa e profusão da linguagem sapatão em Fortaleza com foco em memória coletiva e criativa, que teve sua primeira publicação apoiada pela ADUFC.
Por fim, a Profª. Luma Andrade compartilhou com o auditório os desafios na docência superior e nos cargos de gestão. Luma, que acumula pioneirismos em sua trajetória – primeira travesti doutora do Brasil, professora universitária e agora diretora de unidade acadêmica do Instituto de Humanidades da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) – falou da importância de criar redes de apoio para o enfrentamento das opressões dentro do contexto universitário: “Nós temos que nos colocar. Nós temos que mostrar essa possibilidade. Nós temos que mostrar nossa resistência. E é dessa forma que nós estamos travando as lutas de ocupação de espaço dentro da universidade: o tempo todo um movimento de luta, um movimento de resistência. Mas juntos, juntas e juntes nós podemos superar esse desafio, principalmente com aqueles e aquelas que são aliadas”, afirmou.
Após o debate, o evento seguiu no Bosque Moreira Campos com sarau conduzido pelo Coletivo Sapato Largo e roda de samba por conta do grupo “Uma dose de Samba”.