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MUDANÇAS CLIMÁTICAS – ADUFC participa de Seminário Nacional do ANDES-SN sobre a COP 30, em Belém

O evento ocorre em Belém (PA), que em 2025 sediará a Conferência da ONU sobre as Mudanças Climáticas (COP 30) (Foto: ANDES-SN)

O Sindicato Nacional reuniu sua base nesta semana, incluindo a ADUFC, para debater os impactos sociais e econômicos das mudanças climáticas no contexto da devastação ambiental, da destruição de culturas ancestrais e do desrespeito às legislações nacionais e acordos internacionais. Com início na última quarta-feira (4), o Seminário Nacional do ANDES-SN sobre a COP 30 será encerrado hoje (6), em Belém (PA), com participação de docentes dos GTs de Política Ambiental, Agrária e Urbana das seções sindicais, lideranças indígenas e quilombolas, movimentos sociais, como o Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM), e estudantes.

Representando a ADUFC, participam as professoras Maria Inês Escobar, secretária-geral da entidade e coordenadora do curso de Economia Ecológica da UFC; e Luana Viana, 1ª suplente da seção sindical e docente lotada no Campus de Crateús da UFC. “Não há ilusões com a COP 30. Entretanto, ela é um espaço/vitrine para o mundo e precisamos ocupar os espaços de contestação dentro e fora dela”, defende Inês. “Que seja o estopim para fortalecer a unidade ampla da classe trabalhadora pela manutenção da vida, dos saberes ancestrais, pelo combate aos horrores do modo capitalista e pela criação de um novo tempo que venha pelas mãos da aliança dos e das trabalhadoras”, completou. 

Um dos temas destacados foi o cenário da Pan-Amazônia, que envolve os países que têm a floresta amazônica em seu território: além do Brasil, Colômbia, Peru, Venezuela, Equador, Bolívia, as Guianas e o Suriname. A temática foi debatida no painel de abertura, na quarta (4) à noite, com a Profª. Sônia Magalhães e o Prof. Aluísio Lins Leal, ambos da UFPA. “Temos a tarefa urgente neste momento de proteger quem protege o meio ambiente”, alertou Sônia ao denunciar a vulnerabilidade de indígenas e quilombolas da Amazônia. Segundo a pesquisadora, são 765 terras indígenas que necessitam de proteção, representando apenas 20% das terras não urbanas. Já Aluísio Leal foi enfático ao afirmar que o problema ambiental está diretamente relacionado ao capitalismo, que fragmenta a unidade de classe, fomenta o consumo de massa e é completamente insustentável.

Contribuições da universidade para combater a crise climática

O cientista do clima Alexandre Araújo Costa, professor da Universidade Estadual do Ceará (UECE), foi um dos conferencistas da mesa “COP 30 e contribuições do movimento sindical docente”, na quinta-feira (5). “A emergência climática é provavelmente o maior desafio da história da sociedade humana. As evidências científicas apontam que as temperaturas globais estão nos níveis mais elevados dos últimos 120 mil anos e a velocidade do aquecimento global em curso não tem precedentes nos últimos 66 milhões de anos”, alertou. “Infelizmente, há o risco de que o legado deixado para as futuras gerações, para nossos jovens e crianças venha a ser o de um planeta empobrecido e até inóspito, com a multiplicação de ondas de calor, secas severas e eventos de chuva extrema”, complementou.

Ainda segundo o docente, as universidades têm o papel de repensar suas práticas, reduzindo seus próprios impactos ambientais e suas emissões de carbono. “Mas, como centros de produção de conhecimento e formação de profissionais e cidadãos do futuro, a missão deve ir muito além, elegendo como ação crucial contribuir para preparar a sociedade para o enfrentamento dessa crise”, apontou. “Isso significa, num diálogo com outros conhecimentos, especialmente de povos originários e comunidades tradicionais, repensar a oferta de cursos e disciplinas com um novo olhar para suas linhas de pesquisa e currículos acadêmicos”, defendeu. 

Na avaliação de Luana Viana, da Diretoria da ADUFC, para que a humanidade – que já vive uma crise civilizatória – não chegue à barbárie é imprescindível que haja uma mudança de leme e a inspiração nos modos de vida dos povos tradicionais. “Nesse cenário, nós, como universidade, somos convocados a usar todo o nosso potencial em favor do bem comum, afinal não há desenvolvimento sustentável no capitalismo”, opina. “Precisamos fortalecer as narrativas populares através de nossas pesquisas, produzir dados, instrumentos e técnicas que subsidiem esses povos, sem utilizá-los como objeto de estudo. Por uma ciência emancipatória!”, pontua.

Também fez uma fala potente e emocionada o Cacique Jairo Munduruku na mesa “Crise civilizatória e eventos climáticos extremos”, ocorrida na tarde de quinta-feira (5). “É  muito ruim fazer denúncia, mas é isto que eu tenho a dizer hoje”, disparou, relatando que a natureza é a sua universidade, é onde se desenvolve e é sua vida. Participou da mesma conferência Charles Trocate, da coordenação nacional do MAM e representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), que afirmou não ser possível controlar a extração se o desejo pela mercadoria não estiver controlado. Yaô Makínì, quilombola do território do Abacatal (PA), declarou que o governo não protege a natureza, mas a guarda para futuros empreendimentos. “Nós temos outro modo de vida, a natureza não está aí para ser acessada, está aí para ser compartilhada”, concluiu.

Na tarde desta sexta-feira (6), ocorre o cine debate sobre o filme “Noites Alienígenas”, seguido pela performance poética “Dicionário indígena”, por Estevão Ribeiro. O encontro será encerrado no início da noite com a mesa “Desafios e agenda de lutas”.

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