O momento de greve também é um período para formação e desenvolvimento de servidores/as e estudantes. Assim tem entendido a ADUFC, que nos últimos dois meses de movimento paredista tem aglutinado esforços para promover uma programação rica para a comunidade acadêmica e em diálogo com a sociedade.
Neste sentido, na última quarta-feira (12), a Tenda montada nos Jardins da Reitoria da UFC, em Fortaleza, recebeu a roda de conversa “Quem segura essa segurança?”, que teve como mote central discutir “Tratar bandido como bandido? E pobre, preto e periférico, trata-se como?”. Iniciativa do Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), a atividade contou com participação de docentes da UFC, da UECE e do IFCE.
“É preciso pensar sobre a complexidade da pauta da violência, do crime e como o movimento popular pode se engajar e discutir, inclusive pautando uma outra forma de pensar a segurança pública”, explicou o Prof. Luiz Fábio Paiva, do Departamento de Ciências Sociais/UFC. “A ideia de pensar o crime como se ele fosse um problema em si e não um fenômeno social não corresponde a um pensamento do campo da esquerda e a gente está aqui nesse esforço de reflexão e proposição para saber como o movimento popular pode se engajar nessa luta”, complementou.
Para o Prof. David Moreno Montenegro, do IFCE Campus Fortaleza, a discussão é fundamental após as recentes manifestações do governador Elmano de Freitas sobre tratar a segurança como um “combate ao inimigo”. “De modo geral, as vítimas dessas ações de enfrentamento ao crime são as pessoas que vivem em nossas periferias, habitantes das margens da cidade, em verdadeiros territórios da exceção que abrigam trabalhadoras e trabalhadores que carregam em seus corpos os estigmas da criminalização que os tornam as maiores alvos da militarização das cidades, violência urbana e segregação socioespacial”, avaliou.
A roda de conversa foi fruto de articulação dos movimentos sociais, como MTST, Uniperifa, Centelhas, Movimento Dias de Luta, Levante Popular da Juventude e Movimento dos Atingidos por Barragens, com especialistas do Laboratório de Estudos da Violência (LEV/UFC) e do Laboratório de Estudos sobre a Conflitualidade e Violência (Covio/UECE).