O diálogo com a deputada Luizianne Lins ocorreu na reunião do Comando Unificado de Greve, na reitoria da UFC (Fotos: Nah Jereissati/ADUFC)
O Comando Unificado da Greve da Educação Federal no Ceará recebeu, na última segunda-feira (13), a deputada federal Luizianne Lins (PT/CE) na tenda da reitoria da Universidade Federal do Ceará (UFC), para dialogar sobre o movimento paredista nas instituições federais de ensino superior (IFES). Em aceno a docentes e técnico-administrativos, a parlamentar defendeu a legitimidade da greve e concordou ser inadmissível a proposta de reajuste zero para as categorias. “Essa greve é absolutamente justa e legítima (…). A gente não pode deixar que o governo continue oferecendo zero por cento em 2024. Os governos progressistas não podem considerar uma greve como instrumento de afronta política”, disse.
Ex-presidenta do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e docente do curso de Jornalismo da UFC, Luizianne Lins reconheceu a importância da universidade na sua trajetória e na sociedade como um todo. “As universidades, além de trincheiras de luta, são trincheiras de saber. Não há projeto de desenvolvimento de Estado sem universidades com orçamentos fortalecidos”, afirmou. “Está na hora de romper o desmonte de carreiras que se acumulam desde o governo Temer. O arcabouço fiscal não pode ser a régua da medida para que o governo não faça as coisas que precisam ser feitas. A dignidade dos trabalhadores das universidades e institutos federais está acima do ajuste fiscal”, acrescentou.
Luizianne comprometeu-se a reforçar as articulações políticas em Brasília junto ao governo federal, defendendo as demandas da Greve da Educação, e fazer um discurso no plenário da Câmara Federal com as principais reivindicações das categorias. A fala da petista foi precedida por declarações de dirigentes sindicais representando as entidades presentes. A presidenta da ADUFC, Profª. Irenísia Oliveira, fez uma breve contextualização sobre a defasagem salarial de professores/as das IFES e o contexto que levou à deflagração da greve. “A nossa expectativa era de que o governo reconhecesse essa situação das perdas inflacionárias (…). Para nós, também é muito importante a recomposição do orçamento das universidades, que impactam diretamente nas nossas condições de trabalho”, destacou.
Cláudia Lóssio, da FASUBRA, lembrou que a carreira dos técnico-administrativos da Educação (TAE), apesar da grande capilaridade no país, é a que tem a pior remuneração do serviço público federal. “Fomos uma das primeiras categorias a ter a mesa aberta, em setembro do ano passado. Estamos há quase sete meses tentando negociar com o governo e ainda não tivemos negociação frutífera. Esperamos seis meses para entrar em greve e só aí começaram a aparecer algumas propostas”, relatou. “Para nós, foi oferecido o pior índice até agora, 12.8%, e negamos por unanimidade”, complementou.
“Greve foi o nosso último recurso”
Diretora do SINASEFE, Rafaella Florêncio lembrou que o campo progressista votou no governo Lula para recolocar “o Brasil nos trilhos da democracia” e para disputar o projeto de país. “O orçamento não pode ficar só nas mãos do Centrão e do (deputado Arthur) Lira (presidente da Câmara Federal). A greve foi nosso último recurso e começou a ser gestada em 2023”, explicou. “Também precisamos discutir os orçamentos das nossas instituições federais de ensino superior. Os institutos federais chegam no interior onde muitas vezes a universidade não chega”, reforçou, lamentando que esses equipamentos muitas vezes dependam de “favores” orçamentários de deputados por meio de emendas parlamentares.
A Profª. Maria do Céu de Lima, 1ª secretária da Regional Nordeste 1 do ANDES-SN, cobrou propostas do governo que contemplem servidores públicos federais aposentados. “É uma injustiça para quem dedicou a vida à carreira. Até agora não há sinalização de proposta para melhorar os salários dos aposentados”, lamentou. Já o Prof. Valmir Arruda, do SINDSIFCE, salientou o desgaste gerado pelas greves, mas reiterou a persistência do setor da Educação. “Não aguentamos mais greve, mas ninguém aqui vai arredar o pé enquanto o governo não tiver compromisso com nossas reivindicações. Nós não vamos deixar que a precarização seja a regra no projeto”, disse.
Representantes do movimento estudantil declararam apoio ao movimento grevista docente e dos TAEs e endossaram a defesa pela recomposição do orçamento nas universidades. “Nós temos o menor orçamento dos últimos 10 anos e isso tem dificultado a política de permanência estudantil. As residências estudantis também enfrentam dificuldade para se viver com dignidade”, citou Nathan de Deus (DCE/UFC). “Queremos mostrar que a gente está junto nessa mobilização e vamos continuar construindo nossa luta aqui no estado e nacionalmente”, corroborou Florindo da Rocha, integrante do DCE/UFC e do CA de Letras.
O encontro com a deputado Luizianne Lins ocorreu durante a reunião do Comando Unificado de Greve, onde foram deliberadas atividades conjuntas a serem realizadas nas próximas semanas, a exemplo da organização da delegação saindo do Ceará para o ato nacional da Educação, em Brasília, no dia 22 de maio.