A tenda do comando de greve da UFC ficou lotada para assistir à aula do Prof. Fábio Sobral sobre Orçamento público (Foto: Lorena Alves/ADUFC)
Servidores docentes e técnicos administrativos das três universidades federais do Ceará (UFC, UFCA e UNILAB) e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE) promoveram, na manhã de hoje (19), um ato unificado da Greve da Educação. A atividade ocorreu nos jardins da reitoria da Universidade Federal do Ceará (Av. da Universidade, 2853 – Benfica), em Fortaleza, por articulação das três entidades sindicais que representam as categorias: ADUFC, SINTUFCE e SINDSIFCE. As principais pautas reivindicadas foram a recomposição dos salários e do orçamento das instituições federais de ensino superior (IFES), a reestruturação das carreiras e a revogação de medidas aprovadas nos governos Temer e Bolsonaro atacando servidores.
A programação teve início com aula pública sobre o Orçamento público federal, ministrada pelo Prof. Fábio Sobral, do Departamento de Teoria Econômica da UFC. “Cortar os gastos do governo vai gerar uma crise. É uma equação matemática. Cortes de gastos públicos produzem recessão, sofrimento, 20 milhões de pessoas com fome. É líquido e certo”, defendeu o docente, reforçando que é o consumo que move a economia, portanto não faz sentido reduzir a renda dos/as trabalhadores/as. Após as falas do público, a acolhida ficou com as apresentações culturais, entre elas o batuque e o repertório musical cearense do Bloco Chico Chico da Matilde, que puxou um cortejo pelas ruas do Benfica.
A mobilização geral da Educação ocorre num contexto em que o governo federal confirmou o reajuste de 0% para 2024, gerando revolta nos trabalhadores do serviço público federal. “Não podemos aceitar essa proposta. Isso significa que teremos perdas reais nos nossos salários, que já estavam desvalorizados em razão do congelamento salarial imposto nos governos anteriores (Temer e Bolsonaro)”, reforçou a presidenta da ADUFC, Profª. Irenísia Oliveira. Para ela, a recomposição do orçamento da Educação federal é fundamental para que sejam mantidas a qualidade e a excelência do trabalho oferecido à sociedade.
A opinião é partilhada por Valmir Arruda, coordenador-geral do Sindicato dos Servidores do IFCE (SINDISFCE). “Precisamos colocar o servidor da educação no orçamento. Saudamos a iniciativa do Governo Federal em abrir mais 100 campi do Instituto Federal em todo país, mas e os servidores? Quem faz o serviço público funcionar são as pessoas. Queremos recomposição salarial! É a hora de valorizar os servidores da educação”, destacou.
O coordenador-geral do SINTUFCE, Wagner Pires, convocou os servidores públicos federais e a população a fortalecerem a Greve da Educação. “É preciso que as categorias possam, neste momento, unir forças para fazer frente a esse desafio histórico que é a reformulação das carreiras, a luta pelos salários e, principalmente, que as universidades possam ter o seu orçamento recomposto”, disse. “Essa é uma luta pela educação superior pública, gratuita e de qualidade em todo o Ceará”, complementou.
Professores da UFC, UFCA e UNILAB estão em greve desde 15 de abril. Já os técnicos administrativos dessas universidades paralisaram há um mês, ainda em março. A greve de docentes e técnicos do IFCE teve início no dia 11 de abril.
Greve ocorre após meses de negociações frustradas
A luta dos/as servidores/as públicos/as federais já se arrasta por meses. Desde julho do ano passado, quando foi instalada a Mesa Nacional de Negociação Permanente com o governo federal, entidades sindicais aguardam uma posição sobre o reajuste salarial para 2024. Em reunião da mesa central de negociações no último 10 de março, o governo federal reafirmou o reajuste de 0% para 2024, frustrando dirigentes sindicais presentes no encontro.
O índice reivindicado por docentes federais, já em contraproposta, é de 22,71%, dividido em 3 parcelas de aproximadamente 7% em 2024, 2025 e 2026. O governo federal, por sua vez, ofereceu 9%, dividido em duas parcelas de 4,5%, mas com a primeira paga apenas em maio de 2025 e a outra metade em 2026.