O comando de greve dos professores/as se somou ao do Sintufce, instalado nos jardins da reitoria da UFC há um mês
Professoras e professores instalaram, na manhã desta segunda-feira (15), o comando de greve docente nas três universidades federais cearenses (UFC, UFCA e UNILAB), que ocorreu nos jardins da reitoria da Universidade Federal do Ceará. A paralisação acompanha a mobilização nacional docente, que já conta com a adesão de quase 20 instituições federais de ensino superior. O momento foi marcado pela unidade na luta dos três setores – docentes, técnicos administrativos e estudantes – em defesa de uma universidade pública fortalecida e valorizada. Também foram definidas atividades da greve e a criação dos comitês de Educação, Comunicação e Ética. A primeira reunião do comando de greve da UFC ocorrerá amanhã (16), às 9h30, na sede da ADUFC em Fortaleza. Os comandos da UFCA e UNILAB também se reúnem no mesmo dia.
Com base nas sugestões apresentadas, foram deliberados: construção de um calendário de atividades políticas e culturais em Fortaleza e no interior; realização de debates sobre arcabouço fiscal, reestruturação da carreira docente e outros temas do serviço público; lives regulares nas redes sociais da ADUFC com os informes mais recentes do comando de greve; agendamento de audiência com reitores da UFC, UFCA e UNILAB para tratar de questões como o calendário acadêmico; orientações para manutenção e pagamento de bolsas estudantis; acolhimento de professores substitutos na greve e alinhamento com reitorias visando evitar assédio a esses docentes; promoção de caravanas aos campi do interior, dentre outros.
A mesa foi composta pela presidenta da ADUFC, Profª. Irenísia Oliveira; pelo vice-presidente da entidade, Prof. Roberto da Justa; e pela secretária-geral, Profª. Maria Inês Escobar. “Hoje é um dia muito especial porque essa atividade marca o início da nossa greve nas universidades federais do Ceará. Nessa mesma tenda, a greve foi aprovada com amplíssima maioria na Assembleia Geral”, lembrou Irenísia Oliveira, reforçando as pautas legítimas da luta docente. “É recomposição salarial, mas também reestruturação de carreira andando junto. É importante que os docentes tenham uma carreira valorizada desde o seu início”, reforçou a presidenta da ADUFC.
A servidora técnico-administrativa em Educação Elaine Teixeira, integrante do comando local de greve, lembrou que TAEs estão há um mês em greve na UFC e reforçou a importância da atuação conjunta entre os três setores da universidade. “O nosso movimento dos técnicos é muito bonito, paramos mais de 60 universidades. Estamos esperançosos de que essa semana teremos uma contraproposta sobre a reestruturação das nossas carreiras”, destacou. “A gente não deflagra uma greve com alegria, pois essa é a nossa última estratégia”, pontuou.
A proposta de início em 15 de abril segue a deliberação coletiva das seções sindicais que compõem o ANDES-Sindicato Nacional, em reunião no último dia 22 de março, da qual a ADUFC participou.
Negociações com governo federal patinam há 9 meses
Desde julho do ano passado, quando foi instalada a Mesa Nacional de Negociação Permanente com o governo federal, servidores públicos federais aguardam uma posição sobre o reajuste salarial para 2024. O índice reivindicado por docentes federais, já em contraproposta, é de 22,71%, dividido em 3 parcelas de aproximadamente 7% em 2024, 2025 e 2026. O governo federal, por sua vez, mantém a proposta apresentada no fim do ano passado de 0% em 2024 e 9%, dividido em duas parcelas de 4,5%, com a primeira paga apenas em maio de 2025 e a outra metade em 2026, gerando revolta nas categorias.
Além de reposição salarial para minorar as perdas decorrentes da inflação dos últimos anos, docentes reivindicam equiparação dos benefícios entre servidores dos três poderes, recomposição do orçamento das universidades, melhores condições de trabalho, reestruturação da carreira docente e revogação de medidas que atacam os servidores, aprovadas durante os governos Temer e Bolsonaro.
Em plebiscito consultivo realizado pela ADUFC entre 4 e 8 de abril, com 977 docentes, 80% dos votantes apoiaram o fortalecimento da greve como instrumento de luta da campanha salarial e em defesa da carreira docente e das universidades. O indicativo de greve já havia sido aprovado no Conselho de Representantes e em Assembleia Geral da ADUFC.