O Cariri cearense contará com a primeira escola indígena da região, a ser localizada no município de Brejo Santo. Essa é uma demanda antiga do Povo Isú-Kariri e da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (FUNAI), que agora se concretiza com a criação da Escola Indígena Isú-Kariri. Nos últimos anos, um grupo da etnia tem se organizado politicamente para assegurar à população indígena o cumprimento da Constituição Federal, que determina a Educação Escolar Indígena (intercultural, multilíngue e comunitária) e o atendimento pelo sistema de saúde para demandas específicas dos povos indígenas.
O Prof. Willian Kurruíra Kaipira, da Diretoria da ADUFC e docente da Universidade Federal do Cariri (UFCA), integrou a mobilização e explica que a escola indígena acrescentará ao conteúdo das disciplinas tradicionais os conhecimentos advindos dos processos comunitários e ancestrais. Segundo avalia, essa metodologia dará mais significado e afetividade à trajetória de aprendizado. Ele também destaca que deve ser garantido o ensino bilíngue: língua portuguesa e a língua ancestral do povo, o dzubukuá, que se mantém viva nos territórios Kariri apesar da violência colonial histórica.
No primeiro ano, a escola vai atender a estudantes do 1º ao 5º ano do ensino fundamental e da Educação de Jovens e Adultos (EJA). No próximo dia 20 de janeiro, o povo Isú-Kariri iniciará um ciclo de partilha e escuta com as comunidades para construção coletiva do currículo específico e diferenciado do povo Isú-Kariri. Ainda em 2024, o campus de Brejo Santo da UFCA iniciará a formação de professores indígenas através da oferta da Licenciatura Intercultural Indígena, do Programa Saberes Indígenas na Escola – MEC.
De acordo com a Secretaria da Educação do Ceará (Seduc), há atualmente 38 escolas indígenas na rede estadual e quatro nas redes municipais de ensino de Maracanaú e Caucaia, além de uma creche localizada em Itapipoca, distribuídas em 16 municípios.