A Assembleia ocorreu, de forma presencial, na sede da ADUFC em Fortaleza, com participação virtual para docentes do interior (Foto: Nah Jereissati)
Na mais recente Assembleia Geral da ADUFC, realizada na tarde da última quarta-feira (6), professoras e professores analisaram a conjuntura da campanha salarial 2024, após meses de mobilização, e partilharam relatos sobre a luta por recomposição dos salários de servidores/as públicos/as federais. Também foi aprovada a comissão de 12 delegados/as e nove observadores/as para o 42º Congresso do ANDES-SN, a ser sediado em Fortaleza, de 26 de fevereiro a 1º de março, com o tema “Reverter as contrarreformas, em defesa da educação, dos serviços públicos, das liberdades democráticas e direitos sociais”. Representantes do movimento estudantil da UFC e UFCA participaram da Assembleia como convidados e demonstraram apoio aos docentes na luta pela campanha salarial.
A presidenta da ADUFC, Profª. Irenísia Oliveira, avaliou a postura do governo federal diante da campanha salarial do funcionalismo público federal. Ela apontou algumas conquistas em relação a outras pautas não salariais, como o avanço para a revogação da Instrução Normativa nº 66/2022, que prejudicava docentes nas progressões de carreira e no pagamento de retroativos; e a emenda assinada pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) à Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2024 equiparando os benefícios entre servidores dos três poderes. Na avaliação da docente, entretanto, a reivindicação do reajuste não vem sendo priorizada pelo Executivo federal frente a outras políticas socioassistenciais tratadas como urgentes. Em meio a esse cenário de disputa de recursos e de prioridades, ela apontou a dualidade capital x trabalho como motriz dessa luta. “Sem uma grande mobilização, não conseguiremos um reajuste que recomponha de fato os salários. Precisamos disputar fundos públicos e manter as carreiras públicas”, reforçou, lembrando que a ADUFC tem participado das jornadas de lutas no Ceará e em Brasília em articulação com ANDES-SN e Fonasefe.
Entendimento semelhante tem Levi Rabelo, do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Cariri (UFCA), um dos convidados do movimento estudantil. “Metade do Orçamento vai para a dívida pública, que poderia estar financiando o trabalho dos professores e as nossas universidades. Precisamos voltar a propor (e não apenas nos colocarmos contra um projeto), construir um movimento social capaz de alçar os nossos sonhos”, destacou, prestando solidariedade aos professores na campanha salarial e colocando o movimento estudantil da UFCA à disposição na construção de atividades coletivas. “Sabemos que essa luta não privilegia apenas os professores. Estamos questionando por que o governo destinou tão pouco para o serviço público”, acrescentou.
Algumas das falas durante a Assembleia convergiram para a dificuldade de mobilização social após a pandemia. Diretora de Relações Intersindicais da ADUFC, a Profª. Sônia Pereira renovou o convite para os colegas se somarem à luta docente a partir de coletivos que estão buscando construir essas agendas. Um deles é o Fórum Permanente em Defesa do Serviço Público – Ceará, no qual ela representa o Sindicato na coordenação colegiada, ao lado de outras entidades. Já a 1ª tesoureira da ADUFC, Profª. Daniele Bezerra, em seu relato de participação no Curso Nacional de Formação Política e Sindical do ANDES-SN, nos dias 1º e 2 de dezembro, disse que a desmobilização é um problema que não se restringe ao Ceará, conforme partilharam integrantes de seções sindicais do Brasil e de outros países da América Latina, como México, Paraguai e Venezuela.
Para a Profª. Tânia Batista (FACED/UFC), é fundamental fazer uma análise mais profunda sobre esse cenário e encarar o debate necessário. “O fato de termos eleito o Lula faz com que as pessoas tenham a ilusão de que esse atendimento às reivindicações dos servidores públicos vai se dar espontaneamente. A gente precisa fortalecer o governo que elegemos, mas se desiludir um pouco também”, avaliou. “A ADUFC tem cumprido um papel muito importante. A gente foi capaz de resistir naquele tempo (do governo Bolsonaro) e devemos continuar, porque nada se conquista por geração espontânea”, complementou. O Prof. Uribam Xavier, do Departamento de Ciências Sociais da UFC, também fez uma reflexão sobre as limitações dos governos de conciliação no tocante à valorização das pautas populares e dos direitos sociais. Para ele, é fundamental que as entidades sindicais não recuem na luta pela recomposição salarial e em defesa das universidades públicas.
Ao final da Assembleia Geral, a Profª. Irenísia Oliveira deu um informe sobre o projeto de reforma para o Espaço Cultural do sindicato, que abriga o restaurante, visando melhorar o funcionamento do local. Segundo informou a docente, a Diretoria está analisando algumas propostas orçamentárias e convidou professoras e professores a sugerirem escritórios de arquitetura para a execução da obra.
Veja a lista completa dos/as delegados/as e observadores/as aprovados para o 42º Congresso do ANDES-SN:
Delegados/as
Diretoria:
1. Irenísia Oliveira – presidenta – Departamento de Literatura/UFC
Base:
2. Bruno Rocha – Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular/UFC
3. Lena Espindola – Docente aposentada das Casas de Cultura Estrangeira/UFC
4. Maurilene do Carmo – Departamento de Teoria e Prática do Ensino/UFC
5. Uribam Xavier – Departamento de Ciências Sociais/UFC
6. Justino de Sousa Júnior – Departamento de Estudos Especializados/UFC
7. Geny Lustosa – Departamento de Estudos Especializados/UFC
8. Ana Paula Rabelo – Instituto de Linguagens e Literaturas/UNILAB
9. Saulo Quintana – Instituto de Formação de Educadores/UFCA
10. Kelly Menezes – Departamento de Fundamentos da Educação/UFC
11. Tiago Coutinho – Instituto Interdisciplinar de Sociedade, Cultura e Arte/UFCA
12. Tânia Batista – Departamento de Estudos Especializados/UFC
Observadores
1. Roberto da Justa – vice-presidente ADUFC – Departamento de Saúde Comunitária/UFC
2. Vanessa Jakimiu – Departamento de Teoria e Prática do Ensino/UFC
3. Paulo Carvalho – Departamento de Engenharia Elétrica/UFC
4. Daniele Bezerra – 1ª tesoureira ADUFC – Departamento de Bioquímica e Biologia Molecular/UFC
5. Amanda Pino – diretora de Patrimônio ADUFC – Centro de Ciências e Tecnologia/UFCA
6. Sônia Pereira – diretora de Relações Intersindicais ADUFC – Docente aposentada do Departamento de Estudos Especializados/UFC
7. Maria Inês Escobar – secretária-geral ADUFC – Departamento de Estudos Interdisciplinares/UFC
8. Bosco Arruda – diretor de Assuntos de Aposentados – docente aposentado do Departamento de Engenharia de Produção/UFC
9. Maria do Céu de Lima – Departamento de Fundamentos da Educação/UFC
