Assembleia Geral Extraordinária foi sediada no Auditório da Reitoria da UFC
Professoras e professores deliberaram, na manhã desta terça-feira (31), em Assembleia Geral da ADUFC, a realização da Semana de Mobilização em Defesa do Serviço Público, de 7 a 10 de novembro, acompanhada de uma ampla campanha de comunicação para dar visibilidade à pauta da recomposição salarial do funcionalismo federal. A articulação segue a jornada nacional de lutas que ocorre em diferentes estados como atividade da Campanha Salarial 2024. Puxada por entidades nacionais como ANDES-SN, Fasubra e Sinasefe, a ação visa ampliar a pressão para que o governo federal apresente proposta de reajuste salarial às categorias. Também são reivindicados a revogação de propostas aprovadas nas gestões de Michel Temer e Jair Bolsonaro atacando servidores, o arquivamento da PEC 32/2020 e a equiparação dos benefícios entre os três poderes.
A ADUFC também debateu o tema na última reunião do Conselho de Representantes, ocorrida no dia 25 de outubro, quando o colegiado decidiu apoiar a mobilização nacional do setor da Educação e recomendar a aprovação da jornada de lutas na Assembleia Geral. Confirmando o encaminhamento definido pelo CR, foi deliberada a produção de panfletos explicativos das motivações da campanha salarial; cartazes e faixas para os campi universitários; spots radiofônicos; programa especial no Rádio Debate, da Rádio Universitária FM, abordando a temática; impulsionamento de campanha nas redes sociais e boletim informativo especial sobre a campanha salarial. Também foi aprovada a articulação com servidores técnico-administrativos e estudantes para a construção de atividades conjuntas e mesa de debate sobre a defesa da universidade pública, inclusive na programação dos Encontros Universitários da UFC, que ocorrem de 8 a 10 de novembro.
Durante a AG, docentes fizeram análises sobre a conjuntura nacional e defenderam propostas para ampliar a mobilização entre professores/as. “As nossas negociações de recomposição salarial estão patinando. Alguma coisa andou em relação aos benefícios, o governo enviou uma mensagem ao Congresso para equiparar o valor entre os três poderes. A equiparação é importante, mas secundária. A nossa grande pauta é a recomposição salarial e ela não tem andado”, resumiu a presidenta da ADUFC, Profª. Irenísia Oliveira.
Há um entendimento coletivo de que parte da dificuldade de mobilização entre os próprios servidores se deve ao receio no campo da esquerda de forjar uma situação de oposição ao governo Lula. Isso ocorre em um contexto traumático pós-Bolsonaro e ainda de certo alívio pela derrota da extrema direita nas urnas. Sobre essas considerações, Irenísia Oliveira reforçou o discurso de que a luta em defesa do serviço público não deve se limitar à disputa político-partidária, lembrando que o inimigo é outro: o capital financeiro. “Às vezes pensamos muito na luta partidária, de governo, e esquecemos um pouco da luta capital-trabalho. E o Estado faz parte disso porque é um instrumento burguês do capitalismo. Nós brigamos para que ele seja redistributivo”, ressaltou.
Docentes defendem ‘descobrir caminhos’ para ampliar mobilização
A Profª. Lena Espíndola, docente aposentada da Casa de Cultura Francesa da UFC, citou os desafios da negociação, especialmente diante de uma ampla campanha negativa da qual os servidores são vítimas, apontados como “privilegiados” por setores liberais. “Em um país com tantas desigualdades, como vamos deixar de considerar a relevância do serviço público, de um SUS, das universidades públicas?”, questionou. Diretora de Relações Intersindicais da ADUFC, a Profª Sônia Pereira lembrou que cabe aos docentes mobilizados na campanha salarial “descobrir o caminho” para enfrentar o atual cenário. Professora novata, Mariana Ruggieri (Deptº. de Literatura/UFC) relatou a piora das condições de trabalho e de salário e acrescentou: “A gente elege governos de esquerda para disputar o sentido de Estado e não para esperar que as coisas vão acontecer”.
A assembleia recebeu como convidado Fábio Sabóia, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Justiça Federal do Ceará (Sintrajufe-CE), que fez uma avaliação das negociações nacionais e endossou a proposta de intensificar a pressão por uma resposta do Palácio do Planalto. “A luta do servidor público é uma luta por orçamento. Os servidores fizeram a resistência, ajudaram a eleger esse governo, mas a maioria do Congresso Nacional é liberal e busca implementar à força o projeto rejeitado nas últimas eleições”, disse. “O governo já percebeu que a base da classe trabalhadora está desmobilizada e com muitas divergências. Então o povo tem que ir pras ruas”, defendeu Saboia, que integra a coordenação da Federação Nacional dos Trabalhadores do Judiciário Federal e Ministério Pùblico da União (Fenajufe) e do Fórum Permanente em Defesa do Serviço Público – Ceará.
Também participou da Assembleia Geral a Profª. Sâmbara Paula, 1ª tesoureira da Regional Nordeste 1 do ANDES-SN e docente da Universidade Estadual do Ceará (UECE). Ela fez uma fala comparando a campanha salarial dos docentes das universidades federais com o que vem sendo vivenciado pelos servidores estaduais. “No Ceará, estamos na luta junto com os outros servidores estaduais. No governo Camilo, ele só deu a reposição anual em 2022, no ano das eleições, e isso não atendeu as perdas acumuladas. Reivindicamos 33,71% de reajuste”, disse. Ela ainda deu informes sobre a greve da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), que já alcançou algumas conquistas, como equiparação salarial entre efetivos e substitutos e a nomeação de professores do cadastro de reserva.