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COLAÇÕES DE GRAU – Retorno de celebração simbólica na UFC é mais um passo na retomada da democracia universitária

A emoção e um sentimento de desagravo tomaram conta da Concha Acústica da Universidade Federal do Ceará na semana passada. De 4 a 6 de outubro, a UFC voltou a vivenciar uma de suas cerimônias mais importantes: a colação de grau. Após três anos e meio, entre o interventor e a pandemia, concludentes e egressos puderam, finalmente, reencontrar colegas de turma e reunir amigos e familiares para fechar o ciclo da graduação e fazer valer a democracia.

Estiveram aptos a participar 1.188 concludentes, sendo 49 formandos do semestre 2023.1 e 1.139 egressos que colaram grau no período de maio de 2020 a agosto deste ano, pela Internet. Na ocasião, a ADUFC relembra que a colação de grau presencial, e digna, é uma demanda reprimida antes mesmo das medidas sanitárias contra a COVID-19, pois as colações de grau de 2019.2 foram marcadas por fortes protestos da comunidade acadêmica contra o interventor Cândido Albuquerque, como registrado em matéria da ADUFC

Estudantes e docentes da UFC protestam contra o reitor Cândido Albuquerque durante a cerimônia de colação de grau em janeiro de 2020

Confrontado com intensas manifestações de rejeição no primeiro dia do ciclo de colações de grau, o interventor retaliou a comunidade universitária e chegou a abreviar em mais de 90% o tempo de duração das cerimônias nos dias seguintes. Nas dependências internas da Reitoria (Salão Nobre), o cerimonial da colação de grau já comunicava às autoridades universitárias que o ritual seria abreviado: estariam suprimidos tanto a acolhida dos coordenadores de curso aos representantes discentes quanto os discursos destes e dos próprios docentes, para surpresa dos formandos e seus familiares – que não haviam sido previamente comunicados.

Na época, a ADUFC e outras entidades, como o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e a Associação Brasileira de Juristas pela Democracia – Núcleo Ceará, publicaram notas em solidariedade aos graduandos e professores, reiterando que os protestos espontâneos já vinham acontecendo desde o ensaio geral da formatura. As entidades, em suas notas, repudiaram ainda a tentativa de cerceamento pela Reitoria da livre manifestação da comunidade universitária.

Colação simbólica e histórica

Após as perseguições e os retrocessos da gestão anterior, as colações de grau da última semana coroaram a nova fase da UFC. A Universidade voltou a vibrar com toda a comunidade envolvida. Em discurso como representante do corpo docente no último dia de colação (6/10), a Profª. Tânia Batista (FACED) cita e homenageia professores/as, entre eles/as o Prof. Bruno Rocha, antes presidente da ADUFC, hoje Pró-Reitor de Assistência Estudantil, “por representar a luta e resistência da ADUFC em defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade”, e continua, “Cumprimento-os por encarnarem, neste momento histórico, o espírito de resistência e amor à democracia no Brasil e na UFC, hoje viva”, ressalta.

Tânia também exalta a importância das lutas que mantêm a universidade pública viva, no contexto de privatização crescente da educação. “O protagonismo das entidades sindicais representativas dos professores e servidores técnico-administrativos, o vigoroso movimento estudantil bem como os demais movimentos sociais e populares, têm garantido a gratuidade das universidades públicas. A UFC é um patrimônio da sociedade cearense e por isso ela deve ser defendida”, destaca a professora.

Ainda em seu discurso, Tânia relembra os recentes tempos sombrios de pandemia e negação de direitos. “Lembro com tristeza das inúmeras vidas que seriam salvas durante a pandemia, caso a ciência e a vida fossem verdadeiramente respeitadas. Apesar das dores e perdas de tantos familiares, a comunidade universitária soube resistir aos difíceis tempos de pandemia e ao negacionismo, fora e dentro da nossa instituição. Com vigor e resiliência, conseguimos construir esse novo tempo e chegar até aqui”, pontua a professora, e sintetiza: “A educação é um ato de coragem que nos impulsiona a conjugar o verbo ‘esperançar’ para construirmos o que há de vir.”

Na cerimônia, o reitor Custódio Almeida destacou a importância desse momento como ato simbólico de fechamento de ciclo. “Estamos realizando uma solenidade em que quase todos os participantes já realizaram o ato jurídico de colação grau, o ato que autoriza legalmente o exercício da profissão. Apesar disso, alguma coisa estava faltando, a sensação de incompletude permanecia presente: faltava o rito, o símbolo, a festa, e o jurídico não substitui o simbólico. Sim, somos animais simbólicos, precisamos instalar sentido em tudo que fazemos na nossa vida”, afirmou.

Ao falar sobre o retorno das colações presenciais, o reitor Custódio Almeida apontou que a Universidade está se reencontrando. “Essa celebração é a senha que estava esquecida e que agora foi recuperada, e com ela vocês podem acessar o sentido de ter vivido a UFC”, declarou, anunciando aos concludentes a criação da plataforma “DNA UFC”, que pretende reunir egressos dos cursos de graduação e pós-graduação da Instituição.

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