A ADUFC manifesta irrestrito apoio à Profª. Lúcia Isabel Silva, que relatou em carta aberta episódios sucessivos de racismo enquanto coordenava o Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal do Pará (UFPA), culminando na sua carta de renúncia diante dos abusos vivenciados. A docente apontou situações que envolveram xingamentos, desacatos e agressões verbais durante sua gestão. “Eu, obviamente, reagi a esses desrespeitos: ameacei fazer representação ao colegiado, falei que não aceitava gritos comigo e que isso tem um nome. Chamei uma reunião com um grupo para expor como me sentia e tive que ouvir mais absurdos: ‘fazes racismo reverso’; ‘teu riso debochado’; ‘o teu problema é que não sabes agregar’”, descreveu a professora em sua carta de renúncia.
Lúcia Isabel Silva também disse que, um mês após sua saída, deparou-se com uma nova violência simbólica, uma vez que foi retirada a palavra racismo da ata da reunião, levando ao silenciamento de uma mulher negra. “Eu, mulher preta, que sofri as acusações e ataques, não dou a pessoas não negras o direito de decidir por mim o que é ou não é racismo. Não dou o direito de decidirem por mim sobre o que me causa ou não dor, raiva e revolta”, reforçou a docente.
O Coletivo Negras e Negros do ANDES-SN divulgou uma nota afrocentrada de apoio e repúdio ao episódio. “Sabemos que o racismo estrutural e institucional vivido cotidianamente em nossas Universidades nos acerta e nos fere nas diversas instâncias de vida e existências produzidas nos interiores desses espaços ao ponto de nos impedirem de exercer cargos com alto poder de influência mesmo após decisões e votações democráticas e as mais diversas comprovações de competência”, diz o texto.
Fortaleza, 14 de junho de 2023
Diretoria da ADUFC-Sindicato
Gestão ADUFC nas Lutas
(Biênio 2023-2025)