O Conselho Universitário (CONSUNI) da Universidade Federal do Ceará (UFC) confirmou, nesta sexta-feira (28), a decisão soberana da comunidade acadêmica, que escolheu a chapa UFC Viva e Democrática para a reitoria no próximo quadriênio. O candidato a reitor Custódio Almeida, do Curso de Filosofia (ICA), obteve 29 dos 38 votos do CONSUNI e encabeçará a lista tríplice a ser enviada para o Ministério da Educação (MEC). Professoras e professores da ADUFC se somaram, na manhã de hoje, a estudantes e servidores técnico-administrativos na reitoria para acompanhar a reunião do colegiado e celebrar a democracia. Na última quarta-feira (26), a chapa formada por Custódio e Diana obteve 88,73% dos votos válidos na consulta à comunidade da UFC.
“A universidade quer democracia (…). Uma universidade viva não tem medo de problemas, das dificuldades, que são parte da nossa vida brasileira hoje, porque nós temos toda a força e potência para acessar a inteligência da própria universidade para resolver seus problemas”, reforçou o candidato mais votado para reitor logo após a apuração dos votos da consulta, em 26 de abril. É a segunda vez que a comunidade da UFC escolhe Custódio para o cargo, mas em 2019 a decisão democrática foi interrompida por uma intervenção federal. A candidata a vice-reitora é a Profª. Diana Azevedo, do Departamento de Engenharia Química e vice-diretora do Centro de Tecnologia (CT).
A ADUFC teve uma atuação fundamental, nos últimos quatro anos, no enfrentamento à intervenção bolsonarista na UFC e na defesa da democracia e da autonomia universitárias. “A ADUFC denunciou a intervenção, junto com a comunidade universitária, desde o primeiro dia, com atos, ocupação dos jardins da reitoria e mobilização local e nacional que desnudou a operação contra a democracia na UFC”, destaca a Profª. Helena Martins, secretária-geral da entidade e docente do Curso de Publicidade e Propaganda da UFC.
Essa resistência levou o Sindicato e seus docentes a serem sistematicamente perseguidos. “Atuamos nas mais variadas frentes, mobilizando também o jurídico contra investidas de assédio”, acrescenta Helena Martins, que esteve entre os/as docentes perseguidos/as pelo interventor por Cândido Albuquerque. No início deste ano, a ADUFC elaborou um dossiê sobre o período nefasto em que a UFC esteve sob intervenção, reunindo um vasto material de reportagens e registros do Sindicato para denunciar essas práticas à sociedade. Também chegou a produzir uma série de reportagens especiais sobre o sucateamento na universidade, agravado durante a gestão interventora no governo Bolsonaro.
Superada essa etapa emergencial do restabelecimento da democracia na universidade, a ADUFC seguirá firme na luta pela revisão da legislação federal que estabelece a lista tríplice (Lei 9.192/1995 e Decreto 1.916/1996). Foi essa regulamentação que abriu margem para as mais de 20 intervenções e outros inúmeros ataques contra universidades federais desferidos pelo governo anterior. Atualmente, não há uma obrigatoriedade de nomeação do candidato mais votado, mas Jair Bolsonaro foi o primeiro presidente da República a quebrar, nos últimos 20 anos, o pacto democrático adotado de indicar os reitores com mais votos. O ex-presidente optou pelo caminho inverso ao escolher interventores para as instituições.
Nesse sentido, a ADUFC tem se mobilizado por eleições diretas, transparentes e paritárias para reitor(a). “Levamos aos fóruns nacionais do ANDES-SN a defesa de mudanças na lei. Hoje está tramitando um projeto para acabar com a lista tríplice”, lembra a Profª. Helena Martins, referindo-se ao anteprojeto “Pelo Fim da Lista Tríplice”, elaborado pela Assessoria Jurídica do Sindicato Nacional e enviado ao Congresso Nacional.
Veja como a comunidade universitária votou na consulta:
Técnico-Administrativos:
Custódio e Diana: 1.729
Outra chapa: 278
Professores:
Custódio e Diana: 1.485
Outra chapa: 329
Estudantes:
Custódio e Diana: 14.262
Outra chapa: 1.606