Integrantes da chapa “ADUFC nas lutas: pela universidade pública, por mais democracia e direitos”, concorrente à Diretoria da ADUFC, concederam entrevista, nesta quinta-feira (13), para a Rádio Universitária FM. O programa foi gravado na sede da ADUFC em Fortaleza, numa parceria com a emissora. Durante uma hora, a chapa única homologada para o pleito do Sindicato detalhou as principais propostas para o próximo biênio (2023-2025), abordando temas como democracia universitária, carreira docente e interiorização das ações. A conversa foi mediada pela jornalista Carolina Areal e transmitida pelos perfis da ADUFC no YouTube, Facebook e Twitter. Participaram os professores da UFC Irenísia Oliveira (Departamento de Literatura), Maria Inês Escobar (Departamento de Estudos Interdisciplinares) e Roberto da Justa (Departamento de Saúde Comunitária).
Candidata a presidenta, a Profª. Irenísia Oliveira destacou, nas considerações iniciais, que a ADUFC nas Lutas busca ser uma gestão de continuidade das ações implementadas pelo Sindicato nos últimos quatro anos. “A gestão foi vitoriosa em diversas lutas, contra o Future-se, contra a reforma administrativa, e obteve vitórias judiciais importantes, como a que corrige e concede retroativos às progressões dos docentes”, resumiu.
A professora citou a recomposição salarial da categoria como um dos principais desafios para os próximos anos. “Nossos salários e aposentadorias estão extremamente defasados. Hoje temos um reajuste de 9% (que deve ser implementado a partir de maio), e esse percentual incide em todos os níveis, mas as perdas salariais não são iguais, alguns perderam mais, sobretudo os docentes dos níveis iniciais”, apontou. Irenísia também entende como urgente a recomposição das verbas das universidades federais, especialmente encolhidas nos últimos quatro anos, na gestão de Jair Bolsonaro. “Precisamos continuar lutando pela recomposição do orçamento das universidades federais e do fomento à pesquisa, e pela democratização da universidade e da sociedade. É preciso fortalecer o movimento docente local e nacionalmente”, detalhou.
DEMOCRACIA NA UNIVERSIDADE – Também participou da entrevista a Profª. Maria Inês Escobar, candidata a secretária-geral, que ressaltou a urgência da retomada da democracia na universidade, após quase quatro anos de intervenção bolsonarista na UFC. “A prioridade deste momento é o restabelecimento do ambiente democrático na universidade. E que isso reverbere para as demais instâncias colegiadas da universidade”, declarou. A Profª. Irenísia Oliveira corroborou: “Estamos passando por uma consulta (para reitor) que nem deveria ser consulta, mas eleição. Precisamos lutar para que caia esse mecanismo da lista tríplice. A UFC nos mostrou onde havia abertura para instrumentos autoritários. Toda a autonomia do ensino se baseia na democracia”.
Sobre o enfrentamento às forças de extrema-direita, pergunta que foi enviada por um docente, o Prof. Roberto da Justa, que postula a vice-presidência da entidade, defendeu a abertura de diálogo com todos os setores da universidade para que o tema seja debatido e exposto de maneira franca e transparente. “Precisamos rever e rechaçar esse sentimento que cresceu nos últimos anos. A reação a essa onda de extrema-direita tem que ser através da ocupação do campo democrático, de todas as lutas e nas ruas”, argumentou. “O campo que pensa a liberdade como direito fundamental precisa ocupar espaços nos colegiados, departamentos, conselhos para que a gente possa se contrapor à perpetuação desse ambiente neofascista”, completou.
FILIAÇÃO AO ANDES-SN – Um dos temas pautados na entrevista foi a refiliação da ADUFC ao ANDES-SN. O processo de retorno ao Sindicato Nacional já está em andamento, com aprovação em Assembleia Geral. “A ADUFC fez um movimento muito importante de retorno ao ANDES-SN. A gente estava fora das lutas mais gerais, estávamos ausentes, deslocados da luta mais geral da sociedade. Estamos retornando ao Sindicato Nacional e nos alinhando ao movimento nacional mais robusto e consistente que há no ensino superior”, salientou. O docente ainda lembrou que o próximo Congresso Nacional do ANDES-SN ocorrerá em Fortaleza, em 2024, a partir de articulação da ADUFC.
Na avaliação da Profª. Maria Inês Escobar, essa reaproximação com o Sindicato Nacional facilita, inclusive, a inserção da ADUFC nas negociações nacionais. “A relação com o governo federal deve ser pautada na autonomia, na relação crítica e no diálogo. O retorno da ADUFC ao ANDES-SN nos coloca num lugar estratégico desse debate”, opinou. Em relação ao governo federal, Inês reforçou que o sindicato deve se engajar na luta pela ampliação e pelo cumprimento das cotas raciais, especialmente no serviço público.
Também foi destacado pelo Prof. Roberto da Justa o compromisso da chapa com a ampliação da interiorização do Sindicato. “Nas propostas específicas do nosso plano de trabalho, tivemos o cuidado de escutar os colegas dos campi no interior, inclusive com muitos deles compondo a chapa. Nosso compromisso é dar ouvidos e atender as demandas específicas desse corpo docente através de atividades presenciais e remotas”, disse. O programa veiculado na Rádio Universitária contou com quatro blocos, das 11h30 às 12h30, sendo o terceiro deles dedicado às perguntas enviadas por docentes via WhatsApp. O pleito da ADUFC ocorre, presencialmente, em 26 e 27 de abril. Todas as informações sobre a votação estão no site da entidade, na página especial sobre as eleições.