Professoras e professores participaram de duas assembleias da ADUFC, na manhã desta sexta-feira (17), para debater importantes temas da categoria. Na primeira delas, de caráter ordinário, aprovaram, por unanimidade, as contas da entidade (gestão 2021-2023), seguindo o encaminhamento do Conselho de Representantes do dia 15/3. Em seguida, uma Assembleia Geral Extraordinária confirmou o calendário e a comissão eleitorais para o pleito da ADUFC do biênio 2023-2025, com votação nos dias 26 e 27 de abril, chancelados pelo CR. Docentes ainda decidiram aceitar a proposta apresentada pelo governo aos servidores públicos federais de 9% de reajuste nos salários e R$ 200 no Auxílio Alimentação, mas deliberaram uma jornada de lutas permanente visando a melhores acordos no futuro. A aprovação dos 9% reflete a situação emergencial, mas está longe de representar a necessidade da categoria. Para seguir pressionando por mudanças e incidir, inclusive, na elaboração da Proposta de Lei Orçamentária, a assembleia aprovou simultaneamente a continuidade das mobilizações. As assembleias ocorreram na sede do Sindicato em Fortaleza, mas a participação e a votação foram estendidas, via Google Meet, a filiados/as do interior ou que estavam fora da cidade.
De acordo com o calendário aprovado, a Comissão Eleitoral deverá publicar o edital para as eleições da Diretoria e do Conselho de Representantes até o dia 24/3. Comporão o colegiado os professores Geovani Tavares, da Universidade Federal do Cariri (UFCA); Jakeline Andrade, do Departamento de Fundamentos da Educação (FACED/UFC); Franck Pierre Ribard, do Curso de História (Centro de Humanidades/UFC); e, na suplência, José Roberto Feitosa, do Departamento de Biologia (Centro de Ciências/UFC). O prazo para inscrição das chapas encerra-se no dia 3 de abril. A votação será presencial, através de urnas eletrônicas do Tribunal Regional Eleitoral do Ceará (TRE-CE), a serem distribuídas em todas as sedes da ADUFC e nas unidades acadêmicas da capital e do interior. “Espero que tenhamos um processo honesto, participativo e democrático. Vamos mobilizar para que nossos colegas participem”, disse o presidente da ADUFC, Prof. Bruno Rocha.
Outro ponto debatido na segunda assembleia foi a campanha salarial dos servidores federais. A Diretoria da ADUFC deu os informes sobre o andamento da Mesa de Negociação Permanente com o governo. A avaliação geral é de que os índices oferecidos pelo Executivo federal estão aquém do que os servidores esperam e do que a viabilidade financeira permite. Entretanto, diante de anos de congelamento salarial, docentes aprovaram o aceite do percentual de 9% indicado pelo Planalto mais R$ 200 no Auxílio Alimentação (que passará para R$ 658), mas com a manutenção da luta para aprovação no Congresso Nacional e a imediata negociação para a nova recomposição estar prevista na Lei Orçamentária Anual (LOA). Também foi deliberada a manutenção da mobilização com um calendário de lutas permanente pela recomposição orçamentária das universidades federais, que inclui despesas com pessoal e a própria verba dessas instituições.
“Diante da crise que enfrentamos, temos que ter instrumentos de luta capazes de enfrentá-la. Essas formas de luta também têm que atingir o Congresso”, destacou a Profª. Maria Luiza Fontenele. “O termo negociação me dá sempre a impressão de que estamos só aceitando o que o outro lado tem a oferecer”, acrescentou a docente aposentada do Departamento de Ciências Sociais. A opinião foi reforçada pela Profª. Maria do Céu de Lima, do Departamento de Fundamentos da Educação (FACED/UFC). “Qualquer conquista nossa será ampliada se tivermos mobilização da nossa base”, disse. “É importante ressaltar que, mesmo aceitando esse percentual, a luta continua”, complementou a Profª. Lena Espíndola, diretora de Assuntos de Aposentados da ADUFC.
Prestação de contas: transparência e investimento em formação política
Durante a assembleia, o presidente do Conselho Fiscal, Prof. Bosco Furtado, apresentou o parecer das contas da entidade relativo ao último biênio, repetindo o ritual realizado na mais recente reunião do Conselho de Representantes, em 15/3. “A gente considerou muito importante a atuação do sindicato cumprindo com o seu papel. Um sindicato não é só uma associação de cumprimento de direitos trabalhistas, deve ser instrumento de formação política, solidariedade entre seus membros, expansão de sua atuação para a sociedade. E isso nós constatamos nessa gestão, através da análise contábil relacionando os custos com as ações”, resumiu o docente, apontando a transparência financeira da atual Diretoria. A análise foi consolidada a partir de demonstrativos financeiros, balancetes contábeis e extratos bancários, além de reunião com a equipe de contadores do Sindicato.
Bosco Furtado apontou no parecer sugestões para que a ADUFC potencialize a saúde financeira nos meses sem superávit e amplie sua reserva financeira, que hoje é de R$ 574.786,30, sem considerar os recursos do Plano Collor. Entre as indicações, estão a intensificação das campanhas para atrair novos filiados, que já ocorrem regularmente, e a otimização no uso de pessoal formalizado e terceirizado.
Também foi lembrado pelo Prof. Júlio Barros, do Departamento de Estatística e Matemática Aplicada, o esforço da Diretoria da entidade, ao longo do último quadriênio, nas negociações com a Unimed para tentar minorar os efeitos financeiros do plano de saúde na renda dos/as docentes. Apesar de o valor ainda ser acima do desejado, o cenário não é pior em razão de uma argumentação persistente da gestão do Sindicato junto à operadora. “Eu e outros professores temos contribuído para fazer contrapropostas que não impactassem tanto os bolsos de cada um de nós e a sustentabilidade dos grupos para não se tornar inviável”, disse o docente.
O presidente da ADUFC aproveitou a oportunidade e fez um balanço sobre a atuação da entidade nos últimos dois anos e apresentou o último informativo da gestão, que deve ser enviado aos filiados/as na próxima semana. Entre as lutas citadas pelo docente estão a resistência em defesa da vida, através dos inúmeros atos por vacina que a ADUFC participou no governo Bolsonaro; luta por educação, democracia e direitos e contra a PEC 32; adesão à campanha salarial dos servidores federais; enfrentamento à intervenção na Universidade Federal do Ceará (UFC); e construção de um movimento nacional em defesa da autonomia universitária e pelo fim da lista tríplice.