A primeira Assembleia Geral dos docentes das universidades federais do Ceará em 2023, realizada nesta segunda-feira (16/1), no auditório Izaíra Silvino, na sede da ADUFC-Sindicato em Fortaleza, deu seguimento às discussões sobre democracia nas universidades e combate à intervenção. A AG também debateu a atual conjuntura e aprovou e definiu a delegação de sete pessoas que participarão da 41ª edição do Congresso do ANDES-SN, entre os próximos dias 6 e 10 de fevereiro, em Rio Branco-AC. A reunião extraordinária ocorreu em formato híbrido – presencial e online -, com transmissão também via YouTube e interpretação em libras.
Os/as professores compartilharam na Assembleia Geral impressões sobre o momento atual da luta docente, nos âmbitos local e nacional, e de pós-eleição e início de mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A discussão foi feita após uma breve análise de conjuntura do momento feita pela vice-presidente da ADUFC, Profª Irenísia Oliveira, para quem a sociedade brasileira esteve “a dois passos do abismo” e passou por um “grande alívio”. A referência ao período eleitoral, em que estava em jogo uma possível e perigosa reeleição de Jair Bolsonaro.
“Foi uma grande e substantiva vitória para nós, que tínhamos a compreensão do que estava em jogo, levando em consideração a completa falta de limites éticos ou políticos, além do poder econômico atuando em favor do Bolsonaro”, refletiu Irenísia. As falas que se seguiram tiveram um tom semelhante, e de conclusão sobre o que os/as participantes da AG classificaram como acertada: a decisão, referendada em Assembleia no ano passado, de apoio à candidatura de Lula. “Esse apoio nos deixou orgulhosos, também porque acreditamos no combate às desigualdades e às sequelas deixadas pelo governo anterior no país. Vamos contribuir para a volta de um país generoso e solidário”, reforçou o presidente da ADUFC, Prof. Bruno Rocha, um dos responsáveis por conduzir a Assembleia.
Eleições, intervenções, democracia universitária
Dentro da pauta sobre autonomia universitária, foi deliberada a organização para eleição nas universidades, abrindo a discussão específica sobre o tema e a posição oficial do sindicato no âmbito do Conselho de Representantes da ADUFC e de nova AG – cujas datas ainda serão definidas. Na ocasião, será pautada internamente também a discussão sobre a mobilização para possível destituição do interventor da UFC via Conselho Universitário (Consuni), articulando as três categorias – estudantes, docentes e TAEs. O assunto será levado, segundo a diretoria da ADUFC, ao próximo Congresso do ANDES, que prevê reuniões sobre universidades sob intervenção.
A plenária deliberou, ainda, pela tentativa de uma audiência pública junto ao Ministério da Educação (MEC) para tratar da situação das universidades, particularmente sobre a democracia e orçamento.
O combate ao golpismo também em nível local foi aprofundado pelos/as participantes, sedimentado em uma das falas da Profª Irenísia Oliveira: “Precisamos trabalhar agora para recuperar terrenos e ampliar a democracia universitária nas nossas três universidades federais: UFC , UFCA e UNILAB. E é fundamental nossa inserção nacional para enfrentar todas as questões que foram colocadas aqui”.
A AG desta segunda-feira aprovou, ainda, a realização de um ciclo de debates nos meses de fevereiro e março sobre formas de combate e o papel dos sindicatos no enfrentamento ao fascismo. O filósofo e professor da USP Vladimir Safatle abriará a programação, cujo ciclo completo deve ser divulgado em breve e está sob a coordenação da secretária geral da ADUFC, Profª Helena Martins.
“Precisamos assinalar o papel e o empenho do nosso sindicato em relação às lutas sociais e à conjuntura. Há uma enormidade de temas que foram postos aqui pelos colegas”, comentou a Profª. Adelaide Gonçalves (História/UFC), que defendeu uma forte aliança entre as demais universidades – federais e estaduais – com os movimentos sociais e do campo popular. “É preciso voltar as vistas com bastante atenção ao 8 de janeiro, que não começou naquele dia. Não vejo com tranquilidade os desdobramentos”, disse a docente, referindo-se aos recentes atos terroristas que atacaram as sedes dos Três Poderes em Brasília-DF. Para ela, é necessária uma reflexão histórica sobre o dia, “porque ele não se encerra aqui e agora e não nos permite viver com tranquilidade”.
ADUFC participará do 41º Congresso do ANDES
A luta em parceria com diversos setores do serviço público federal e a perspectiva de abertura de diálogo com o governo sobre recomposição e campanha salarial foi destacada entre os informes repassados pela diretoria no início da AG. O presidente da ADUFC fez uma avaliação do cenário e partilhou as deliberações do movimento nacional, com relatos de reuniões e mobilizações que a ADUFC tem acompanhado. Bruno Rocha lembrou à plenária que já foi solicitada abertura de mesa permanente de negociação com o novo Ministério da Gestão e Inovação em Serviços Públicos (MGISP) e que a ADUFC vem acompanhando de perto a pauta.
O ANDES-SN também já havia protocolado junto ao MEC uma lista de exigências da categoria docente para o governo federal. Nesta semana, ocorrerão reuniões importantes dos sindicatos com o MGISP que trarão novos elementos para o debate. A AG aprovou o envio de sete integrantes, incluindo uma jornalista da equipe de comunicação do sindicato, na delegação da ADUFC que deve participar do 41º Congresso do ANDES, em fevereiro. São eles: dois membros da diretoria – Bruno Rocha (Centro de Ciências) e Roberto da Justa (Faculdade de Medicina); e quatro docentes da base – Maria do Céu de Lima (Faculdade de Educação), Margarida Pimentel (Centro de Humanidades), Vanessa Jakimiu (Faculdade de Educação) e Francisco Pinheiro (Centro de Humanidades). Todos são professores da UFC e que manifestaram à AG interesse em compor a delegação, tendo seus nomes aprovados nesta segunda-feira (16).
(*) A íntegra da Assembleia Geral da ADUFC pode ser assistida no canal do sindicato no YouTube