A vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, no último 30 de outubro, foi recebida com otimismo e alívio por docentes do ensino superior público que lutam por uma educação pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada. Derrotar Bolsonaro nas urnas foi a resposta do povo a um governo sem compromisso com os direitos sociais, que desmontou os serviços públicos e elegeu as universidades como inimigas. Para a ADUFC, os próximos anos serão de recomeço e de resgate da democracia, do diálogo, dos investimentos públicos e das políticas sociais. O sindicato continuará na luta permanente em defesa da educação pública, da categoria docente e pela manutenção da democracia.
“Estes últimos anos foram extremamente difíceis para nós, professores e professoras que construímos as universidades federais – e para toda a comunidade universitária. Vimos os recursos para o ensino superior serem cortados, as pesquisas impactadas, a ciência negada e a assistência estudantil negligenciada”, lembra o presidente da ADUFC, Prof. Bruno Rocha. Para o docente, a vitória de Lula representa a esperança em um Brasil “democrático, solidário e mais justo”, um país que reconhece a importância da educação pública, que valoriza as diversidades do seu povo e rejeita o ódio e as armas.
O ANDES-Sindicato Nacional se manifestou após a vitória de Lula, que obteve mais de 60 milhões de votos, tornando-se o presidente da República mais votado da história do Brasil. “Com a vitória de Lula no segundo turno das eleições, derrotamos Bolsonaro nas urnas, vencemos sua política genocida, anticientificista, fascista e ultraneoliberal, que se expressaram, nestes últimos quatro anos, no aumento da fome, do desemprego e da violência”, declarou em nota o ANDES-SN. A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) também parabenizou o presidente eleito e reforçou os desejos por um mandato com respeito e transparência, valorizando a educação, a ciência e a tecnologia.
Toda a gestão Bolsonaro foi marcada por cortes federais na educação, que atingiram diretamente as universidades federais e comprometeram o ensino, a pesquisa e a extensão. As verbas de custeio caíram 45% e os investimentos despencaram 50% nas universidades federais durante o último governo. Também foi no governo Bolsonaro que a autonomia universitária foi constantemente violada, com mais de 20 interventores sem legitimidade empossados nessas instituições, entre as quais a Universidade Federal do Ceará (UFC), que acumula casos de perseguições a docentes e criminalização da atividade sindical.
Considerando os governos de Lula e Dilma Rousseff, do PT, o Brasil vivenciou a expansão do ensino superior, com a criação de 18 novas universidades, o que levou as matrículas a subirem de 3,5 milhões, em 2002, para 8 milhões, em 2015. Para Bolsonaro e sua equipe, por sua vez, a educação sempre foi alvo de desmonte e ódio. O governo também foi alvo de escândalos graves de corrupção no Ministério da Educação – com pastores evangélicos acusados de receberem propinas em barras de ouro – e desvios de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Enquanto isso, universidades federais ameaçavam fechar as portas por falta de recursos para o pagamento dos serviços básicos de funcionamento dessas instituições, após sucessivos bloqueios orçamentários do MEC.
ADUFC: luta por democracia e para derrotar o autoritarismo nas ruas e nas urnas
No último domingo (30), a ADUFC abriu novamente suas portas, na sede em Fortaleza, para a apuração dos votos das eleições presidenciais. No primeiro turno, em 2 de outubro, o Sindicato já havia realizado evento semelhante e recebeu docentes filiados, estudantes e sociedade em geral para ocupar o sindicato e defender a democracia. Em Assembleia Geral da ADUFC, no dia 26 de setembro, professoras e professores deliberaram o apoio à candidatura de Lula, por reconhecerem a urgência de derrotar o governo de Jair Bolsonaro nas ruas e nas urnas. A votação encerrou a “Semana da Educação pela Democracia: em defesa da universidade e da carreira docente”.
Durante toda a campanha eleitoral, a ADUFC esteve mobilizada e participou ativamente de agendas em defesa da educação e da candidatura do presidente eleito. No dia 24 de outubro, o sindicato marcou presença na comitiva de mais de mil professores(as), pesquisadores(as) e parlamentares do campo democrático, progressista e popular que se reuniram em um ato público, em Fortaleza, para reiterar o apoio a Lula. A manifestação lotou o anfiteatro da Volta da Jurema, na avenida Beira Mar, contra a candidatura do ódio.