Em diversas cidades do país, manifestantes saíram às ruas na última terça-feira (18/10), no Dia Nacional de Luta contra o Confisco das Verbas da Educação. Docentes, estudantes, técnicas e técnicos protestaram devido aos sucessivos cortes, contingenciamentos e confiscos feitos nos recursos destinados ao Ministério da Educação pelo governo de Jair Bolsonaro. O último ataque ocorreu no fim de setembro, quando foi publicado um decreto que reprogramava o orçamento do Ministério da Educação (MEC) até o fim do mês de novembro, impactando as universidades, institutos federais e cefets. No Ceará, ocorreram manifestações e/ou aulas públicas em cidades como Fortaleza, Juazeiro do Norte, Sobral, Limoeiro do Norte e Canindé.
Os atos unificados para os dias 10 e 18 de outubro começaram a ser convocados por associações estudantis, em todo o Brasil, contra os cortes na educação anunciados pelo governo federal, pouco antes do 1º turno. Participam da iniciativa a União Nacional dos Estudantes (UNE), a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) e a Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG). No Ceará, a ADUFC-Sindicato também apoiou e participou dos atos, por entender que, mais uma vez, uma grave ameaça do governo Bolsonaro compromete e pode inviabilizar o funcionamento de diversas instituições fundamentais da educação pública.
A defesa da educação pública, gratuita, de qualidade e socialmente referenciada é uma das bandeiras de luta do movimento estudantil e da qual a ADUFC também não abre mão, como reforçou o Prof. Tiago Coutinho, docente da UFCA e membro da diretoria do sindicato. Ele participou do ato em Juazeiro do Norte, junto com a Profª. Helena Martins, secretária geral da ADUFC. “É muito importante a presença de todos nós aqui e no dia 30 de outubro nas urnas, para termos um pouco de esperança e de alívio, elegendo Lula presidente”, disse Tiago Coutinho, reforçando a importância da derrota do atual governo no 2º turno das Eleições 2022.
Em Juazeiro do Norte, o ato saiu às 9h da Praça da Prefeitura
(Fotos: Tiago Coutinho/ADUFC-Sindicato)
No Cariri, a manifestação teve início na Praça da Prefeitura de Juazeiro do Norte, pela manhã, puxado pela UNE. A manifestação foi unificada e com várias pautas, incluindo o “Fora Bolsonaro!”. A ADUFC e os/as estudantes focaram na luta contra os cortes na educação e as ameaças à democracia universitária. O Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Juazeiro do Norte (Sisemjun) também se uniu ao ato.
A concentração do ato em Fortaleza começou às 15h na Praça da Bandeira
(Fotos: Nah Jereissati/ADUFC-Sindicato)
Já na capital cearense, a manifestação ocorreu à tarde, com início na Praça Clóvis Beviláqua (da Bandeira) e percorrendo as ruas do Centro em diálogo com a sociedade. Na capital, os/as estudantes se organizaram também partindo de ônibus de campi como o Pici/UFC e Itaperi/Uece). Além dessas duas universidades e dos Institutos Federais, também estiveram presentes alunos/as secundaristas da Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), a exemplo de Pacatuba, Caucaia e Maracanaú.
Em Brasília-DF, representantes da diretoria do ANDES-SN e da Associação dos Docentes da Universidade de Brasília (Adunb – Seção Sindical do ANDES-SN) se uniram às e aos estudantes na Galeria dos Estados e seguiram em passeata até o prédio do MEC, na Esplanada dos Ministérios, chamando atenção das pessoas nas ruas da capital federal acerca do desmonte da educação. “Desde o começo da nossa história foi estabelecida que a educação superior seria apenas para os ricos, e no momento em que avançamos para uma educação pública, gratuita e de qualidade para todas e todos, começaram os ataques, especialmente a partir de 2012 quando estabelecemos a Lei das Cotas”, apontou Zuleide Queiroz, 2ª vice-presidenta do ANDES-SN. Diversas outras cidades brasileiras também registraram atos.
(Fotos: Nah Jereissati/ADUFC-Sindicato)
A voz dos estudantes, sobre os atos do dia 18/10:
“Enquanto militante, vejo os atos como uma forma de politização. Através deles, conseguimos conscientizar a parte da população que está fora do nosso meio sobre a realidade atual dos estudantes. Esse ato tem como intuito justamente essa conscientização da população. É um ato unificado com as militâncias de fora do movimento estudantil. Conseguimos articular e unir forças para que, juntas, diferentes demandas ganhem voz e sejam atendidas. Temos esperança de que esse tenha sido o último “Fora Bolsonaro” que gritamos. A luta de hoje contra o golpe, contra os cortes e contra todo esse sucateamento foi na rua, mas temos consciência de que dia 30 de outubro tem de ser nas urnas e que, mais do que nunca, temos de unir nossas forças em prol de uma nova maioria.”
(Erica Ramaiana, aluna do curso de Matemática da UFC e integrante do Movimento Brigadas Populares; participou do ato em Fortaleza)
“Tiramos um calendário de luta pra mobilizar e fazer assembleias e plenárias nas universidades e nos institutos federais, porque todo ano a gente sofre vários cortes. Sabemos que esses cortes e confisco fazem nossas universidades correrem o risco de fechar. Porque não conseguem se manter sem água, sem luz e sem conseguir pagar os funcionários terceirizados. Foi a grande mobilização nas redes e nas ruas que fez o governo recuar, mas é importante que ela continue, porque entendemos que a educação foi muito atacada nesses quase quatro anos de governo. A gente não aguenta mais esses cortes. Os estudantes querem entrar, permanecer e se formar dentro de uma universidade e, pra isso, queremos uma universidade com cada vez mais investimentos. Fiquei emocionada hoje (18/10), porque vi a grandeza que somos os estudantes e o quanto estamos mobilizados. Foi um ato muito bonito num processo de mobilização gigante que também envolve os professores. Hoje foi nas ruas e dia 30 a gente vai dar uma grande resposta nas urnas.”
(Yara Larissa, estudante de Biologia da UVA e presidenta da União Estadual dos Estudantes do Ceará Livre – UEE CE livre; participou do ato em Fortaleza)
“Na região do Cariri o ato foi vitorioso, protagonizado pelos estudantes e pelos trabalhadores – centenas de pessoas. Conseguimos construir uma ótima atividade, com aceitação maravilhosa por parte da população. Isso mostra que estamos no caminho certo e que, hoje, o povo brasileiro sabe o que esse presidente representa para a educação. Nós não podemos abrir mão de ocupar cotidianamente as ruas, as praças, as salas de aula. Precisamos, contudo, construir ainda mais atividades. Esse segundo turno tem de ser marcado por amplas mobilizações e pela cara da esquerda. E a cara da esquerda é ocupar as ruas e disputar esses espaços. Nesse sentido, o DCE e as entidades estudantis têm um papel fundamental a cumprir. Nós somos estudantes, já fomos linha de frente contra a ditadura militar, pela redemocratização, por inúmeras vitórias da classe trabalhadora brasileira. Então, hoje, isso não vai ser diferente.”
(Levi Rabelo, estudante do curso de Jornalismo da UFCA, coordenador-geral do DCE-UFCA e militante do Movimento Correnteza; participou do ato em Fortaleza)
(*) Com informações do ANDES-SN