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22 a 26 de agosto: semana de paralisação denuncia cortes e dialoga com a sociedade em defesa da universidade pública

Luta por reposição salarial, valorização do trabalho docente, por uma universidade popular e pelo direito à assistência estudantil. Luta contra os cortes, por mais educação, ciência e tecnologia. Essas são as principais pautas que norteiam a  “Semana da Educação pela Democracia: em defesa da universidade e da carreira docente”, que começa na próxima segunda-feira (22) e segue até o dia 26 de agosto, na UFC, UFCA e UNILAB. Professores e professoras dessas universidades, com apoio de servidores técnico-administrativo e estudantes, realizarão atividades ao longo de toda semana  e denunciando cortes sistemáticos. 

No centro das reivindicações, estão os cortes do governo Bolsonaro na educação, que impactam profundamente as universidades federais; a privatização das universidades públicas; a luta por recomposição salarial dos servidores públicos federais; as denúncias de corrupção no Ministério da Educação (MEC), dentre outras. A mobilização da semana também faz parte das ações da campanha permanente “Educação em Defesa da Democracia”, lançada em abril de 2022, por ocasião das comemorações de 42 anos do sindicato. 

Dentro da programação, o movimento unificado Educação em Defesa da Democracia vai às ruas no dia 25 de agosto (quinta-feira) para dialogar com a sociedade. Em Fortaleza, o ato terá concentração na Praça do Ferreira (Centro), a partir das 9h. Já na região do Cariri, a concentração será na Praça Padre Cícero, em Juazeiro do Norte, também a partir das 8h.

A adesão à paralisação foi aprovada na última Assembleia Geral da ADUFC, em 29 de junho, e está alinhada à mobilização nacional liderada pelo ANDES-SN e outras entidades sindicais. Na ocasião, a categoria decidiu que o papel central, não só dos professores, mas da universidade como um todo, é também manifestar-se em defesa da democracia. “E que o setor da educação tem o comprometimento irrestrito com os princípios básicos, democráticos, que também são a base para a garantia de educação pública de qualidade e socialmente referenciada, que é o nosso projeto de educação pro país”, acrescenta o Prof. Bruno Rocha, presidente da ADUFC-Sindicato.

O docente lembra que tanto estudantes quanto técnicos já se reuniram em seus respectivos espaços deliberativos e aprovaram engajamento em atos que serão conduzidos durante a semana. Segundo destaca Bruno Rocha, “é importante essa intensificação para que possamos dar a real medida da necessidade de mostrar que a defesa da universidade pública e do ensino público completamente disponível à sociedade sejam parâmetros também relacionados à defesa da democracia”. 

Os técnico-administrativos em Educação da UFC (TAEs UFC) também aprovaram, em assembleia geral do SINTUFCE, realizada na última quarta-feira (16/8), participação na semana de lutas em defesa da universidade pública. “Precisamos que os servidores da nossa base participem ativamente e engrosse as fileiras do ato (do dia 25) e somem forças com as demais instituições. Nosso objetivo é levar para a sociedade o conhecimento sobre a importância da universidade pública, gratuita e de qualidade. Queremos abrir os olhos da população sobre o sucateamento que os cortes na verba da Educação têm causado às universidades brasileiras”, afirma o coordenador geral da entidade, Renato Gomes.

Serão cinco dias de atividades nos diferentes campi e fora dos muros da universidade para denunciar as condições enfrentadas no ensino superior público e o desmonte promovido pelo governo Bolsonaro na educação e nos serviços públicos. Nesse período, a ideia é que as aulas devem ser convertidas em atividades em defesa da universidade pública. 

Conferência com Prof. Marcio Pochmann (Unicamp) abre programação

O Prof. Marcio Pochmann (Universidade Estadual de Campinas – Unicamp) abre a rodada de discussões na segunda-feira (22/8), às 14h, ministrando a conferência “Transformações sociais, digitalização e impactos no mundo do trabalho”. A atividade, aberta ao público, ocorrerá no Bosque do Centro de Humanidades/UFC, em Fortaleza, com transmissão on-line pelos canais da ADUFC e exibição remota também no Auditório da ADUFC-Cariri, em Juazeiro do Juazeiro do Norte. A mediação será feita pela Profª. Helena Martins (UFC), secretária geral do sindicato.

Ex-presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA – 2007-2012) e da Fundação Perseu Abramo (2012-2020) e ex-secretário municipal em São Paulo, Marcio Pochmann é, atualmente, é professor colaborador voluntário no Instituto de Economia da Unicamp. Também é autor de dezenas de livros sobre economia, desenvolvimento e políticas públicas, tendo sido agraciado com o Prêmio Jabuti em 2002. Economia Social e do Trabalho são suas principais áreas de atuação.

Justificando a escolha do tema da conferência para abrir a semana, a Profª Helena Martins (UFC), secretária geral da ADUFC-Sindicato e mediadora da conferência, explica que a pandemia aprofundou uma série de transformações que havia em curso, associadas à ampliação da digitalização da vida “e que chegou muito mais perto do nosso próprio cotidiano de professores e professoras por mediação tecnológica do nosso trabalho”. Para a docente, a forma como as tecnologias têm sido introduzidas no nosso cotidiano de trabalho “tem gerado muito mais precarização e ampliação do tempo de trabalho, com uma prorrogação informal da jornada, numa certa lógica de ‘disponibilidade constante’”.

A discussão também vai tratar de temas como a vigilância sobre o trabalho, além de outros impactos, inclusive em relação à saúde mental. “O debate que abre essa semana tenta enfatizar essa informação central, que no âmbito acadêmico tem sido chamado de ‘uberização do trabalho’, ‘mediação do trabalho por plataformas’. Há vários termos, porque de fato é um tema muito novo e , ao mesmo tempo, muito urgente”, explica Helena. Márcio Pochman é uma das referências, há bastante tempo, nesse debate sobre o mundo do trabalho no Brasil.

Impactos dos cortes na Ciência e na Tecnologia também é tema de debate

O Auditório do Centro de Ciências da UFC, no Campus do Pici, em Fortaleza, será palco para o debate “Impactos dos cortes na Ciência e na Tecnologia”, na quarta-feira (24/8), a partir das 10h. A atividade também será transmitida pelos canais da ADUFC e com exibição on-line no Auditório da ADUFC-Cariri, em Juazeiro do Juazeiro do Norte.  Participam da discussão: Luiz Drude, diretor científico da Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Funcap); Prof. Luiz Gonzaga Lopes, do Deptº de Química Orgânica e Inorgânica/UFC e integrante da Sociedade Brasileira de Química; e Claudener Teixeira, representante da Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da UFCA. 

De acordo com dados do Observatório do Conhecimento, o orçamento público federal direcionado a pesquisas científicas caiu 60% entre os anos de 2014 e 2022. Pesquisadores apontam e denunciam, desde o início do governo Bolsonaro, o cenário de desmonte aprofundado nessa gestão, que atrela os constantes cortes à “necessidade de ajustes fiscais”. Especialistas também alertam para os bloqueios bilionários nos orçamentos do MCTI e MEC, que podem causar danos irreversíveis à educação e ao desenvolvimento do País.

Ensino superior: por ações afirmativas

Com a Profª. Matilde Ribeiro e o Prof. Arilson dos Santos Gomes, ambos da UNILAB, o Departamento de Literatura da UFC, em Fortaleza, sediará o debate “Ações Afirmativas de Equidade Racial no Ensino Superior”. O encontro, que começa às 16h, será realizado na sala Capitu e terá mediação da Profª. Sandra Petit (UFC). Ambos os convidados são docentes vinculados ao Instituto de Humanidades (IH) da UNILAB e Matilde é membro do colegiado do curso de Pedagogia na Instituição.

Dentre outros cargos de gestão pública, a Profª. Matilde Ribeiro também foi ministra da Igualdade Racial entre os anos de 2003 e 2008 e tem o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do ABC. A docente tem experiência, ainda, como assessora de movimentos sociais e militância no movimento negro, de mulheres negras e feminismo. Já Arilson dos Santos, docente dos cursos de Antropologia e Humanidades, também leciona no Mestrado Interdisciplinar em Humanidades da UNILAB, de onde já foi chefe da Coordenação de Direitos Humanos da UNILAB (2018-2020). 

Também está prevista programação no interior. No Cariri, haverá uma conversa, no dia 23 de agosto, às 9h30, com a Assessoria Jurídica da ADUFC sobre o tema “O que os docentes precisam saber sobre as mudanças na aposentadoria”, no Auditório da ADUFC. No mesmo dia e local, haverá o Cine Clube da ADUFC, durante a tarde. Também estão previstos projeção de fotografias da UFCA, debate sobre os rumos da universidade, mostra dos projetos da UFCA e lançamento de livro. O encerramento geral da semana ocorrerá na sede da ADUFC em Fortaleza, no dia 26/8, com a realização de Assembleia Geral dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará e atividades culturais na sequência.

Seção sindical dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará

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