O encontro ocorreu na última terça-feira (26), na Livraria Lamarca, em Fortaleza (Fotos: Jarir Pereira)
A vice-presidente da ADUFC-Sindicato, Profª. Irenísia Oliveira, participou, na última terça-feira (26/7), de roda de conversa com o tema “Em defesa da educação pública: a luta contra os cortes na rede federal”, debatendo o processo de desmonte que os institutos e universidades federais estão passando no governo Bolsonaro. O encontro ocorreu na Livraria Lamarca, em Fortaleza, com transmissão ao vivo pelo Instagram da Profª. Zuleide Queiroz (URCA), 2ª vice-presidenta do ANDES-SN, que mediou a conversa.
“Nós temos cortes seguidos desde o golpe de 2016, os orçamentos das universidades federais têm decrescido ano a ano, em parte por causa da Emenda Constitucional 95 (teto de gastos), que já foi uma tentativa de tirar recursos da saúde e da educação”, destacou a vice-presidente da ADUFC. Irenísia Oliveira citou os impactos que as universidades já vêm sofrendo, como a redução do quadro de docentes, inclusive substitutos, e de funcionários – tanto servidores técnicos como terceirizados. Essa realidade na Universidade Federal do Ceará (UFC), conforme salientou, foi denunciada em série de reportagens da ADUFC.
“São salas de aulas sem condições de receber turmas, falta de equipamentos, redução de quadros… Estamos falando só de orçamento direto, sem contar com outros recursos fundamentais para a universidade, como fomento à pesquisa. Sem bolsas, não dá pra manter as pós-graduações”, apontou a docente. “Outra questão da universidade pública é que o acesso se democratizou, com a entrada de setores sociais periféricos, mas que precisam de assistência estudantil”, acrescentou.
Para a Profª. Zuleide Queiroz, diante dos constantes ataques do governo federal à educação, à ciência e ao desenvolvimento, é fundamental reforçar a mobilização para derrubar a gestão Bolsonaro e o bolsonarismo. “Precisamos pensar quais são nossos encaminhamentos e definir os próximos passos dessa luta, e estarmos juntos para enfrentar esse governo”, destacou a professora da Universidade Regional do Cariri.
A opinião é partilhada pela servidora técnico-administrativa Karla Florentino, do Sindicato dos Trabalhadores das Universidades Federais no Estado do Ceará (Sintufce), que também esteve no debate. Ela defendeu união dos diversos setores para enfrentar o projeto bolsonarista. “Os dados não mentem. A palavra agora é união. Nós estamos lidando com um projeto de desmonte, que começa na educação básica, passa pelo ensino fundamental e médio e chega ao ensino superior”, disse.
Larisse Viana, integrante do Afronte Ceará, lembrou que o único projeto do governo federal para a educação foi o Future-se, que tinha objetivo de tirar a autonomia universitária e privilegiar institutos privados. Ela também fez uma avaliação sobre a retração dos investimentos em assistência estudantil, que constitui uma política elitista que impacta diretamente as pessoas oriundas dos setores mais populares. “O que teve no último período foi a tentativa de tirar essas pessoas (mais pobres) da universidade através do desinvestimento na assistência estudantil”, ressaltou.
Também participou da roda de conversa a Profª. Rafaella Florêncio, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará (IFCE), que falou sobre a realidade dos institutos federais e citou os inúmeros ataques federais à educação e o “processo de empobrecimento dos servidores públicos”, que estão com os salários congelados há anos. “Cria-se um teto de gastos artificial (…). Há um conjunto de ataques que a educação sente de forma mais letal”, salientou.