Diante de informações falsas publicadas em jornal da ADUFRJ publicado no último dia 22/7 e de questionamentos de professores e professoras filiados à ADUFC, apresentamos, por meio desta nota, os termos e conclusões dos debates feitos nas instâncias deliberativas do ANDES-SN, especialmente no 65° CONAD, realizado em Vitória da Conquista-BA, de 15 a 17 de julho, sobre a posição do sindicato frente à disputa presidencial no Brasil.
A ADUFC-Sindicato participou do espaço como convidada, seguindo a deliberação das nossas instâncias, destacadamente da Assembleia Geral que deliberou a participação em todas as atividades do ANDES-Sindicato Nacional que pudessem fortalecer a unidade do movimento docente, após plebiscito de retorno ao ANDES-SN. Em tal condição, nós, da ADUFC-Sindicato, não participamos da votação sobre o tema, mas acompanhamos as discussões nos grupos e nas plenárias do Congresso e do CONAD.
Cumpre contextualizar, em primeiro lugar, que o debate sobre conjuntura foi o centro da discussão no 40° Congresso do ANDES-Sindicato Nacional, realizado em março. Nele, foi aprovada a tarefa de derrotar Bolsonaro nas urnas e nas ruas. O sindicato alterou seu calendário, adiando as eleições da diretoria, para privilegiar o necessário engajamento na campanha eleitoral, sobretudo à presidência, tendo em vista a urgência de derrotar Bolsonaro. De lá para cá, diversas ações foram realizadas, como o ato em Brasília, no 14 de junho, que denunciou os cortes na Ciência e na Tecnologia e a corrupção no Ministério da Educação.
Não houve nem no Congresso nem no CONAD proposta sobre apoio do sindicato nacional a um candidato específico. Embora muitos dirigentes já tenham declarado voto em Lula, a questão não foi posta para o sindicato. É importante lembrar que o ANDES-SN é pautado pela base e conduz processos de deliberação sempre a partir das teses apresentadas por ela. Dentre os textos apresentados, a ampla maioria levantava a preocupação com o cenário eleitoral, as possibilidades de golpe, a necessidade de derrotar o governo Bolsonaro e defender a democracia brasileira.
O debate também evidenciou a importância de permanecermos no enfrentamento a este governo nas ruas, de denunciar todos os ataques à educação pública e à democracia para que, em outubro, sua derrota seja efetivada nas urnas, se possível no primeiro turno.
Desta forma, fica evidente o comprometimento do sindicato com a democracia e com a vitória do campo popular e progressista nas urnas, sem abrir mão de sua autonomia e independência. Não declarar voto em uma candidatura é da tradição do ANDES-SN e de diversos outros sindicatos e movimentos sociais brasileiros, postura que tem em vista os papéis distintos das diferentes instituições, como sindicatos e partidos. É uma questão, portanto, de compreensão dos métodos de decisão do sindicato, que representa milhares de pessoas que não debateram esse tema em assembleias na base.
No CONAD, a tese apresentada e que ensejou o texto da ADUFRJ versava sobre o envio de uma carta com as reivindicações para o ex-presidente Lula e esta proposição foi apreciada no CONAD e modificada nas discussões, uma vez que a ampla maioria da plenária entendeu que a carta de reivindicações poderia ser enviada aos candidatos do campo democrático e à sociedade, em geral, apresentando posicionamentos diversos, inclusive além dos itens listados na proposta original, como forma de mais uma vez afirmar o projeto de universidade pública, gratuita e socialmente referenciada defendido pelo ANDES-SN ao longo dos seus 41 anos.
Nenhuma seção sindical, nem mesmo a ADUFRJ, levou a proposição de apoio a uma candidatura e isto não foi votado no âmbito do sindicato, já que o CONAD apenas atualiza o plano de lutas definido no congresso, onde a centralidade da luta do ANDES-SN já apontava o processo eleitoral como prioridade.
Compreendemos, pois, que a notícia reportada não traduz os termos do debate, muito menos o espírito de vigoroso engajamento do sindicato na luta para tirar Bolsonaro do governo.
Infelizmente, a ADUFRJ, que tem se colocado como oposição à atual diretoria do ANDES-SN, acaba não só espalhando inverdades como prejudicando a campanha do candidato Lula, ao apontar que um importante sindicato teria negado apoio a ele. Pratica, portanto, um desserviço em relação à luta contra Bolsonaro e cria um clima de dúvida e de fragmentação que não corresponde à realidade. Esta, cada vez mais, tem sido pautada pela unidade na ação. Lamentamos muito que divergências e disputas internas no âmbito do sindicato tenham sido colocadas acima da eleição de Lula pela própria ADUFRJ. No mais, é lamentável que o texto não indique o que realmente foi debatido e votado de forma majoritária.
A ADUFC tem acompanhado os esforços incansáveis do ANDES-SN no enfrentamento a todos os ataques perpetrados por Bolsonaro, seus ministros e parlamentares, que tentam destruir o serviço público e reduzir salários, luta que levou à derrubada da PEC 32, uma das principais propostas do atual governo. Da mesma forma, é notório o engajamento na luta contra os cortes na educação e ciência e tecnologia, na defesa da gratuidade das universidades e, principalmente, na defesa da democracia.
De nossa parte, reforçaremos a mobilização de professores e professoras neste segundo semestre para derrotar Bolsonaro nas ruas, com a nossa semana de paralisação de 22 a 26 de agosto de 2022, conforme aprovado em Assembleia Geral no dia 29 de junho, e a campanha permanente Educação pela Democracia, no intuito de que tais esforços culminem na vitória da classe trabalhadora, em outubro.
Sigamos unidos na luta para derrotar Bolsonaro nas ruas e nas urnas!