Professores e professoras da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (UNILAB) reuniram-se, na tarde desta quarta-feira (8/6), no campus Palmares 3, em plenária promovida pela ADUFC-Sindicato. Na pauta, os/as docentes debateram temas relacionados a ataques contra a educação, agenda de lutas, campanha salarial e balanço do primeiro ano de mandato. E reforçaram a importância da participação nos atos nacionais #9Jcontraoscortes – na UNILAB, a manifestação ocorreu em Redenção (Campus da Liberdade). A reunião foi realizada em formato híbrido, incluindo participação também online, via plataforma Google Meet.
“Nossos salários já não valem a mesma coisa que valiam três anos atrás. E o que pedimos é uma recomposição salarial referente apenas à perda inflacionária. Precisamos avançar na campanha salarial unificada”, enfatizou a Profª Ana Paula Rabelo (Letras/UNILAB), referindo-se à campanha nacional dos servidores públicos federais por recomposição de 19,99%, que vem intensificando as mobilizações nos estados. Ela teve sua fala reforçada pela análise do Prof. Bruno Prata (Engenharia de Produção/UFC) – ambos representaram a Diretoria da ADUFC-Sindicato na plenária. “O que pedimos é reposição salarial; desde o golpe de 2016, de Michel Temer pra cá, perdemos 39,84% do nosso poder de compra”, lembrou Bruno.
À plenária, o docente traçou um breve panorama sobre a situação nos diversos setores. “Em nível nacional, muitas categorias têm se mobilizado, a exemplo dos trabalhadores do Banco Central e de órgãos fiscais de controle. Alguns deles, após ampla mobilização, conseguiram alguns benefícios para suas categorias”, disse Bruno Prata. Já no que se refere aos professores das universidades federais, tem havido impasse diante da aderência a uma mobilização mais ampla, segundo ele, atribuindo a um possível receio por conta do momento pré-eleitoral. O docente ponderou, no entanto, que são legítimas quaisquer mobilizações, até mesmo greves, já que há tempo hábil para isso. “Não estamos pleiteando aumento salarial, e sim uma recomposição salarial”, justificou.
Os/as docentes presentes na plenária destacaram a importância de reforçar a agenda de lutas contra os cortes na educação e a adesão ao Ocupa Brasília, no próximo dia 14 de junho – também pautado e aprovado em Assembleia Geral dos professores das três universidades federais do Ceará no dia 9/6. Ainda sobre os cortes, Bruno Prata lembrou o sofrimento pelo qual atravessa a pós-graduação pública no país, com valores de bolsas “extremamente defasados”.
Os cortes na educação, pontuaram os professores, vêm afetando com gravidade muitas universidades. Bruno Prata citou o exemplo extremo da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), cuja reitora, Deise Pires de Carvalho, anunciou recentemente que a instituição está sem dinheiro para pagar contas de luz, água e limpeza. “A estratégia é de deteriorar as universidades federais usando o argumento neoliberal que acha que o mercado vai resolver magnanimamente todos os problemas. É sucatear para vender muito barato. É muito importante que rechacemos essa proposta de destruição das universidades federais”, defendeu o docente.
“Resistir e Avançar” – ADUFC próxima de sua base, na luta contra o autoritarismo
A Profª. Luma Nogueira de Andrade, do Instituto de Humanidades da UNILAB, convocou os/as colegas a ocuparem todos os espaços possíveis em conselhos de unidades. E destacou, ainda, que opiniões discordantes à atual gestão da universidade geram incômodo e provocam situações de “exclusão inaceitável”, a exemplo de uma reunião do Consuni ao qual seu acesso foi negado, mesmo sendo Luma suplente e tendo solicitado a participação como ouvinte. “Alegaram que existiam impedimentos legais que não existem. Foi dito ao grito que eu não poderia participar. Por que minha presença incomoda tanto? Porque é a presença que vai discordar e apresentar elementos fundamentados para essa discordância”, afirmou.
Para Luma, é “urgente” a ocupação docente nos espaços dos conselhos: “Estamos numa guerra interna e precisamos reagir”. A Profª. Jaqueline Britto Pólvora, também da UNILAB, corroborou os argumentos da colega e convidou a plenária a pensar em estratégias “mais eficazes” de ação e reação contra o que classificou como “uma gestão cem por cento autoritária” – referindo-se à atual reitoria da instituição. E acrescentou que “as pessoas têm medo de falar, têm medo de reagir”.
Em sua fala, Luma Andrade enfatizou que docentes da instituição têm recorrido de forma recorrente ao setor jurídico da ADUFC, “muitas vezes conseguido resultados de forma célere”. Ela agradeceu ao sindicato e lembrou a necessidade cada vez mais frequente de acionar esse suporte. “É em quem a gente pode confiar, porque estamos sendo colocados em situações que muitas vezes não têm legalidade. É o dispositivo de poder ditado no grito, para impor verdades inexistentes”, denunciou, acrescentando que, por vezes, vários colegas ficam intimidados a reagir. Nesse sentido, o papel da ADUFC, destacado também pela atuação de sua assessoria jurídica, foi mencionado durante a plenária como um dos pontos positivos da atual gestão do sindicato.