Em Assembleia Geral nesta quinta-feira (9), docentes encaminharam ações para fortalecer a mobilização contra os cortes na educação e em defesa da recomposição salarial dos servidores públicos federais. Estão entre as deliberações a participação no ato unificado em defesa das universidades federais, no mesmo dia (9/6); e a adesão integral ao Ocupa Brasília, em 14 de junho, garantindo a ida de professores, bem como o apoio (ajuda de custo ou ônibus) para que estudantes estejam na agenda da capital federal. A AG foi realizada no Auditório da Faculdade de Educação (Faced/UFC) e transmitida no canal da ADUFC no YouTube. Docentes que ainda estão atuando remotamente participaram por videoconferência.
Também foram aprovados a intensificação da agenda em Brasília para debater o reajuste salarial e a greve; seguir pautando a visão do sindicato sobre a universidade a partir de reportagens e outras formas de denúncia; e manter a mobilização da categoria e discussão sobre a greve, junto a outras seções sindicais, na perspectiva mais imediata de uma paralisação por tempo determinado. “A educação e as universidades têm sido o foco de destruição mais efetivo do governo Bolsonaro”, destacou o presidente da ADUFC, Prof. Bruno Rocha, ao abrir o debate na Assembleia.
O docente também demonstrou preocupação com o cenário de corte bilionário nos recursos das universidades federais, segundo anunciado pelo próprio Ministério da Educação (MEC). Nas universidades sob intervenção do governo Bolsonaro, como a UFC, a situação é ainda mais alarmante, aponta Bruno Rocha. “Todo o orçamento da UFC para investimentos é de R$ 19 milhões, então, se cortar R$ 15 milhões (estimativa mais recente dos cortes), fica como? E a gente sabe que a UFC é uma das universidades do Nordeste que menos conseguem captar recursos por causa do seu isolamento. Esse cenário leva ao sucateamento”, disse.
Vários professores se manifestaram avaliando as possibilidades para uma greve do setor e revelaram ponderações sobre paralisações no atual contexto – diante de calendários acadêmicos desorganizados e aulas presenciais retomadas há pouco tempo. “A situação de mobilização e greve está muito difícil por causa do atual contexto, mas nós ainda temos as ruas”, opinou o presidente da ADUFC, convidando docentes para os atos e mobilizações.
Para a Profª. Maria do Céu de Lima, do Departamento de Fundamentos da Educação (Faced/UFC), o momento pede uma intensificação das agendas presenciais. “Talvez a gente precise sair da resistência da internet e ir para uma ação mais efetiva, até para os nossos estudantes entenderem que não podemos continuar com essas condições precárias”, avaliou. O diretor de Relações Intersindicais, Prof. André Ferreira, reconheceu a importância de cada um e cada uma dos presentes no fortalecimento da ação sindical em um contexto de cansaço coletivo. “Mas também tem o elemento político, talvez a gente esteja depositando as esperanças nessa eleição”, arriscou.
Também foi defendida na Assembleia Geral a articulação com outros setores de fora da universidade para construir uma mobilização ampliada contra o governo federal. “Por muito tempo a gente se organizou, mas cada dia é uma pancada. Só vejo uma saída, que é a gente se unir com a classe trabalhadora, não somente aqui (na universidade). Essa união, essa comunicação faz com que a gente motive as pessoas e possamos ter um ciclo virtuoso”, reforçou o Prof. José Carlos Araújo, do Departamento de Engenharia Agrícola (CCA/UFC).
Contra a intervenção: resistência e luta coletiva
No início da Assembleia Geral, diretores da ADUFC deram informes aos docentes. A secretária-geral da entidade, Profª. Helena Martins, relatou os ataques pessoais que tem sofrido por parte do interventor da UFC em razão de sua atuação sindical e a série de tentativas de cerceamento da liberdade de expressão e de censura na Rádio Universitária FM, que culminou no afastamento do Prof. Nonato da direção da emissora. Ela citou ato político-cultural organizado pela comunidade universitária em solidariedade ao docente, no último 25/5, do qual o sindicato participou.
Já a diretora de Assuntos de Aposentados, Profª. Lena Espíndola, deu o informe sobre as festas juninas que estão sendo organizadas pela ADUFC: em Fortaleza (24/6), Quixadá (22/6), Sobral (22/6), Crateús (29/6) e Juazeiro do Norte (30/6). “Faremos os festejos e vamos aproveitar para divulgar a nossa campanha Educação em Defesa da Democracia, além de promovermos uma campanha de filiação”, ressaltou a docente, que prestou solidariedade à Prof. Helena Martins e ao Prof. Nonato Lima pela perseguição vinda da gestão superior da UFC.
O Prof. Bruno Rocha informou aos docentes sobre a série de reportagens que a ADUFC tem feito para denunciar o sucateamento na UFC, a partir de denúncias que partem de professores de diferentes unidades acadêmicas. Os temas abordados têm repercutido na comunidade universitária e na imprensa local. As duas primeiras reportagens da série especial da ADUFC foram publicadas no site do sindicato nos dias 20/5 e 3/6.
O presidente da ADUFC ainda convidou filiados e filiadas a acompanharem o processo eleitoral de representação docente no Conselho Universitário da UFC (Consuni). “O edital saiu, sem conversa com a entidade, mudando o processo histórico que era construído na universidade”, disse Bruno Rocha, lembrando que hoje (9) e sexta-feira (10) são os dias para se construir o colégio eleitoral, a partir da indicação de cada unidade acadêmica. “Precisamos ter força para resistir”, convocou. Atentando contra a democracia universitária, o interventor tem tentado minar a participação de docentes, estudantes e servidores técnico-administrativos nos conselhos superiores da UFC.