A Jornada Universitária em Defesa da Reforma Agrária (JURA) apresenta mais uma edição do Cinema da Terra, com a exibição dos filmes “O Roundup frente a frente com seus juízes” e “Chão”, nos dias 11 e 18 de junho, em Fortaleza. As produções audiovisuais refletem sobre a urgência de uma reforma agrária popular para alcançar um mundo mais justo e democrático. Aberta ao público, a atividade é uma iniciativa da ADUFC-Sindicato em parceria com o Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), Cine Benfica e Cineteatro São Luiz, equipamento da Secretaria da Cultura do Ceará, gerido pelo Instituto Dragão do Mar.
O filme “O Roundup frente a Frente com seus juízes” será exibido no Cine Benfica (Av. Carapinima, 2200 – Benfica), no dia 11/6, às 10h. Em seguida, haverá um debate com participação de Lourdes Vicente, dirigente do MST, e dos professores da Universidade Federal do Ceará (UFC) Roberto da Justa (do Departamento de Saúde Comunitária/FAMED e diretor de Patrimônio da ADUFC) e Franck Ribard (do Curso de História e um dos organizadores da atividade). O acesso será gratuito e aberto ao público, a partir das 9h30, por ordem de chegada, com vagas limitadas à capacidade do espaço.
A obra dirigida por De Marie-Monique Robin aborda o escândalo sanitário ligado ao glifosato (Roundup), herbicida mais vendido no mundo, e a repercussão do processo contra a multinacional Monsanto. O filme, de 90 minutos, traz entrevistados que testemunharam no Tribunal Monsanto, que ocorreu na cidade holandesa La Haye, em outubro de 2016, onde juízes e vítimas participaram do processo Roundup. De Marie-Monique Robin é autora de “O mundo segundo Monsanto”, “Nosso veneno cotidiano”, “Crescimento sagrado” e “Esquadrões da morte: a escola francesa”, dentre outros.
No dia 18/6, às 9h30, o Cineteatro São Luiz (R. Major Facundo, 500 – Centro) abre suas portas para o Cinema da Terra. A entrada é gratuita e aberta ao público, e os ingressos podem ser retirados no local uma hora antes. Com direção de Camila Freitas, o documentário “Chão” (de 110 minutos) vivencia, junto ao MST, a ocupação das terras de uma usina de cana-de-açúcar em processo de falência no sul de Goiás e evidencia as muitas vozes de resistência e utopia por uma reforma agrária popular. O filme recebeu várias premiações, entre as quais do Festival de Cinema de Berlim, Festival do Rio, Festival Internacional Jean Rouch e Olhar de Cinema.
Cinema como arma política
O Cinema da Terra é mais uma possibilidade de expandir o diálogo da universidade e do MST com diferentes setores sociais, por isso as sessões são totalmente abertas ao público. É o que explica o Prof. Tiago Coutinho, um dos organizadores do Cinema da Terra e diretor de Atividades Científicas e Culturais da ADUFC. “É um evento que tem a ideia de trazer o cinema como uma arma pública e que a gente possa fazer discussões tanto da questão da saúde alimentar como da importância do MST nas ocupações ao longo do país”, destaca.
Envolvendo dezenas de instituições de ensino superior do Brasil, a JURA está em sua nona edição e foi idealizada com o intuito de aproximar a universidade do MST. Neste ano, traz o lema “Reforma Agrária Popular e Projeto de País” e segue com atividades até julho no Ceará. “Os eventos vão trabalhar temas muito importantes e fundamentais para a realidade social e econômica, para o meio ambiente… Esses espaços mostram a capacidade de articulação do MST com temáticas que são trabalhadas no mundo inteiro, de fazer esse diálogo sobre outras perspectivas”, aponta o Prof. Franck Ribard, da organização do Cinema da Terra.
Seguindo o compromisso de todos os eventos promovidos pela ADUFC-Sindicato, será garantida a interpretação em Libras durante a exibição do documentário “Chão” e também no debate que sucede o filme “O Roundup frente a Frente com seus juízes”, que será legendado. Para acessar os espaços, é necessário apresentar o comprovante vacinal com o mínimo de duas doses da vacina.
As atividades que compõem a programação da JURA deste ano evidenciam o importante trabalho realizado pelo MST durante a pandemia, atento às camadas mais vulneráveis e distribuindo alimentos de qualidade em inúmeras comunidades esquecidas tanto pelo Estado como pela máquina agroindustrial. O movimento mostrou a viabilidade de um país produzir uma alimentação sem agrotóxicos e baseada numa organização coletiva, respeitando a biodiversidade, a partir de uma gestão equilibrada e democrática dos recursos naturais.