A ADUFC-Sindicato lamenta, profundamente, a partida da militante histórica Rosa Maria Ferreira da Fonsêca, professora, ex-presa política, ex-vereadora e uma das fundadoras do coletivo Crítica Radical. Rosa despediu-se nesta quarta-feira (1º), aos 73 anos, após lutar bravamente contra um câncer de ovário. Ela estava internada no Hospital São Carlos, em Fortaleza. O último aniversário de Rosa da Fônseca, com homenagem de amigos e companheiros de luta, foi celebrado na sede da ADUFC-Sindicato, no dia 24 de abril.
Ela deixa um legado de defesa inegociável dos direitos humanos, de justiça social e solidariedade. Foi radicalmente coerente, ao longo de sua vida, com os posicionamentos políticos que abraçou: lutou até o fim por um mundo mais justo e denunciou as consequências cruéis do capitalismo. No dia 26 de fevereiro de 2021, internada após uma cirurgia já no tratamento contra o câncer, Rosa da Fonsêca gravou um vídeo do hospital convocando a sociedade para os protestos contra o governo federal e reforçou a luta em defesa da emancipação humana e ambiental.
Rosa Maria Ferreira da Fonsêca é um dos nomes marcantes na política, na militância social e no enfrentamento à ditadura civil-militar do Brasil. Três meses antes de ser presa, em 1971, havia desafiado o ministro da Educação da ditadura militar, Jarbas Passarinho, em debate ao vivo na televisão. Fez-se presente em lutas diversas: movimentos de mulheres, na luta por moradia, terra, direitos humanos, contra a fome e a carestia.
Ex-presa política e vítima de tortura, abdicou do direito de requerer indenização do Estado. Também coordenou a União das Mulheres Cearenses (UMC), foi professora da rede municipal e ajudou a fundar a Central Única dos Trabalhadores (CUT), da qual foi a segunda presidente no Ceará. Em 1973, participou da idealização do coletivo Crítica Radical, atuante na luta contra o capitalismo. Hoje, o movimento se destaca nas campanhas contra a violência, contra a criminalização dos movimentos sociais e pelo direito à memória e à verdade sobre torturas, mortes e desaparecimentos do período do regime militar.
“Rosa fez da vida uma luta incansável pela emancipação humana. Presença constante nas mais diversas lutas, como em defesa das mulheres, da educação e do meio ambiente, Rosa era movida pela certeza de que a humanidade pode superar a brutalidade e a desigualdade. Um dos símbolos de uma geração que enfrentou e venceu a ditadura, continuará nos inspirando para superarmos o fascismo e construirmos um mundo justo”, destaca a secretária-geral da ADUFC-Sindicato, Profª. Helena Martins.
A história de Rosa da Fonsêca foi retratada em biografia assinada pelo jornalista Érico Firmo, lançada em 2017 pelas Edições Demócrito Rocha. Durante os quatro únicos anos em que exerceu cargo parlamentar (1992-1996), como vereadora de Fortaleza, fez um mandato nada ortodoxo e sempre aberto aos movimentos sociais e sindicais. Teve papel destacado na campanha pela Anistia e participou da reorganização dos partidos durante a reabertura da democracia, nos anos 1980.
O velório ocorrerá na Funerária Ethernus (Rua Padre Valdevino, 1688 – Aldeota) e será aberto ao público das 8h às 15h de quinta-feira (2). O sepultamento será logo em seguida, às 16h, no Parque da Paz. Neste momento de grande dor, prestamos solidariedade e oferecemos um abraço de conforto aos familiares, amigos e companheiros de luta de Rosa Maria Ferreira da Fonsêca. Que a memória de Rosa seja preservada através da ação prática e cotidiana na construção coletiva de um novo mundo (que há de ser) possível.